Perto de completar 30 anos, a francana Suellen Andrade tem sua rotina dividida entre Franca e a capital paulista. Ela, que começou a carreira fazendo vitrines vivas para lojas no Centro da cidade aos 9 anos, hoje é uma das contratadas do SBT, onde vira e mexe participa de quadros especiais no Programa do Ratinho. Ela também acaba de fazer um papel coadjuvante na nova versão da novela Chiquititas e teve seu nome cotado para integrar o elenco principal da próxima novela da rede comandada por Silvio Santos.
Em Franca, ela comanda um programa com seu nome, na TV Franca (canal 23 da Net). “É a realização de um sonho. Depois de participar dos programas do Gilberto Barros (Sábado Total na Rede TV), da Eliana e da Ana Hickmann (Tudo é Possível, na rede Record), agora tenho meu programa. Estou vivendo uma nova fase na minha carreira. É muito corrido”.
Apesar da movimentação televisiva, Suellen Andrade diz que ainda não tem o reconhecimento de parte dos francanos e reclama, principalmente, dos organizadores do concurso de Miss Franca deste ano. “Simplesmente esqueceram que fui miss em 2007 e participei do concurso estadual. Não ganhei, mas fiquei em 6º lugar, entre 30 candidatas”, disse ela, se referindo ao fato dos organizadores terem dito que Franca não tem uma representante no concurso estadual há 30 anos.
Ela recebeu a reportagem na casa dos pais, no Parque do Horto. Contou como foi difícil conquistar um espaço no concorrido meio das modelos. Admitiu já ter recebido convites para os famosos “testes do sofá”, mas garantiu que nunca aceitou nenhum. “Se eu tivesse escolhido esse caminho, já teria estourado no País inteiro. Escolhi o trabalho duro. Tenho muito respeito pelo que faço, pela minha família. Acabei até ganhando a fama de ser uma mulher brava.”
Sobre o futuro, Suellen diz que ainda sonha estrelar uma novela no elenco principal. “Recentemente passei bem perto disso. Depois da minha participação em Chiquititas, meu nome foi debatido para estar na próxima novela. Não deu certo, mas não vou desistir”.
O que aconteceu na edição deste ano do concurso Miss Franca que a deixou chateada?
Na verdade, não foi apenas na noite do concurso. É algo que vem se espalhando e se repetindo. Assim que lançaram a edição deste ano, os novos organizadores, que eu não conheço, afirmaram que a escolhida seria a primeira Miss Franca a participar do concurso estadual em 30 anos, desde que a Elisa Gosuen foi derrotada. No dia do evento (18 de março deste ano), eu estava lá como convidada para entrevistar a vencedora. Todos os que discursaram disseram que Franca não teve representantes nos concursos de beleza nas últimas décadas. Eles falavam e eu sentada pensava: “Mas isso não está certo. Fui miss em 2007. Participei do concurso estadual. Representei bem Franca, fiquei em 6º lugar”. Na hora, achei que fosse apenas um engano. Me senti mal, claro, mas fiquei sem graça de falar. Só que depois isso foi se repetindo, até em entrevistas para as redes de TV e jornais eles não citavam meu nome. Não quero aparecer, nem preciso disso. Mas também não acho justo. Eles não podem simplesmente esquecer ou ignorar a minha história. Trabalhei muito duro para chegar onde estou. Tenho muito orgulho de ter representado Franca. Amo esta cidade. Aqui é minha casa. Fiquei muito chateada, sim. Podem até não gostar de mim, mas não podem apagar assim minha história.
Você acha que essa postura tem a ver com a polêmica envolvendo sua escolha para o Miss Franca 2007?
Não sei dizer. Mas quero deixar claro, mais uma vez, o que aconteceu naquele concurso. No dia da escolha da miss, fiquei em terceiro lugar. Como todo concurso, o de miss também tem suas regras. Para você ser eleita, tem que cumprir uma série de compromissos. Entre eles, o de participar dos eventos agendados pelos organizadores e também do concurso estadual, que acontece em São Paulo e normalmente é transmitido pela TV. O que houve é que a garota que foi escolhida miss alegou que estava doente e não poderia ir ao concurso estadual. Com isso, acabou desclassificada. A segunda colocada, que deveria ter ocupado a vaga, tinha uma tatuagem, o que é contra as regras, e também não pôde participar. Fiquei em terceiro e, depois das duas desclassificações, fui chamada e aceitei. Meu pai pagou os R$ 3 mil de inscrição para que pudesse participar do Miss São Paulo. Foi um sacrifício porque não somos ricos. Viajei e foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida. Fiquei em 6º lugar, consegui um contrato com uma agência de renome e as portas se abriram. Não fui eleita no dia do concurso em Franca, mas representei, sim, a cidade. E muito bem. Não aceito que digam o contrário. Eu só quero ser respeitada.
Muito se fala sobre os bastidores dos concursos de beleza. Dizem que muitos têm as cartas marcadas e são apenas jogadas de marketing de produtores ou agências. É verdade?
Infelizmente, sim. Apesar de esses concursos existirem há décadas, ainda falta muito profissionalismo. Nunca entendi bem como eles são organizados. O que sei é que, em muitos, o que conta mesmo é o dinheiro. Realmente, as agências organizam concursos apenas para promover seus modelos ou ganhar dinheiro com o evento e as inscrições. Tem muita coisa errada neste meio.
Se é assim, por que você resolveu trabalhar com isso?
Porque é o que amo fazer. Já tentei desistir dessa vida de modelo e atriz, mas não consegui. Fiz faculdade de Educação Física, ainda faço pós-graduação, mas o que me faz feliz é estar em cima de um palco. Não dá para descrever o que sinto. E mesmo com todas as dificuldades, consegui meu espaço. Não venci o concurso de Miss São Paulo 2007, mas fechei contratos e alcancei trabalhos muito melhores que a vencedora. Quem trabalha duro sofre mais para conquistar as coisas, mas chega lá.
Você pensa em disputar novamente algum concurso de miss em Franca?
Não. Minha vez já passou. Estou perto de completar 30 anos (faz aniversário no final de junho). Não tenho mais idade para isso. Agora estou vivendo uma nova fase na minha carreira. Estreei meu programa na TV Franca este ano e fiz uma participação especial na novela Chiquititas. Quero seguir como atriz e apresentadora.
Você é uma das poucas modelos francanas que conseguiram espaço nesta carreira. Que conselhos você daria para aquelas meninas que sonham entrar para este mundo artístico?
Para trabalharem duro e não desistir no primeiro “não”. Perdi as contas do número de “nãos” que ouvi ao longo da minha carreira. No começo, ficava chateada. Chorava. Depois, entendi que nem sempre a gente vai ter o perfil que o cliente ou diretor de TV procura. Às vezes, fui para um teste tendo certeza de que pegaria o trabalho e não passei. Em outros, ia por pura obrigação, porque achava que o trabalho não era para mim, e acabava aprovada. A vida de quem trabalha com isso é assim mesmo.
E nestes vinte anos de carreira, o que esse mundo artístico trouxe de bom e de ruim?
De bom, o reconhecimento e o carinho das pessoas. Não há nada mais gratificante que alguém dizer que gosta de você, que admira seu trabalho, que te acompanha. É muito gostoso quando alguém me para na rua e me pede uma foto, um autógrafo. O lado ruim é a falta de segurança. A gente nunca sabe quando vai ter um trabalho. É preciso batalhar, ficar em cima da agência, fazer cursos de especialização. E, mesmo com tudo isso, ainda vai ter aquela que vai passar na sua frente porque aceitou fazer o teste do sofá. É uma vida sacrificada, mas aprendi a lidar com isso. Hoje vivo do meu trabalho, consigo manter minha casa em São Paulo e pagar minhas contas.
Então o famoso teste do sofá existe?
(risos) Existe sim. Mas nunca aceitei nenhuma proposta deste tipo. Se eu tivesse aceitado, tenho certeza que já teria estourado como atriz nacionalmente. Mas isso não faz parte da minha índole. Preferi o caminho mais duro e longo, o do trabalho. E não me arrependo. Sei que tudo que conquistei até hoje é fruto do meu esforço e da minha dedicação. Nada na minha vida caiu do céu. As pessoas costumam dizer que dou sorte. Não concordo. O que tenho é muita força de vontade, muito trabalho. E sei que ainda vou longe, você pode esperar.
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