Esporte da nobreza


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O francano Gustavo Garcia, atacante da seleção brasileira de polo, é referência nessa modalidade esportiva e fez da paixão por cavalos sua profissão
O francano Gustavo Garcia, atacante da seleção brasileira de polo, é referência nessa modalidade esportiva e fez da paixão por cavalos sua profissão
Quem vê Gustavo Garcia no gramado do Franca Polo Clube empunhando um taco e um chicote com a mão direita, e quatro rédeas de seu cavalo com a mão esquerda, não imagina a jornada que o francano de 30 anos precisou trilhar para se tornar um dos melhores jogadores de polo da atualidade e ser aclamado nas competições internacionais que a seleção brasileira disputa.
 
Com uma história avessa a de jogadores de polo, que costumam ser de famílias tradicionais inseridas no ramo, Gustavo tem uma origem que nada tem a ver com o polo. Seus pais não conheciam o esporte e não imaginavam que um dia o filho se tornaria jogador ao invés de advogado. O fato do esporte não ser popular em Franca contribuiu para que algumas dificuldades aparecessem em seu caminho, mas nada que não pudesse ser contornado após a decisão de jogar polo profissionalmente.
 
Considerado esporte da “elite” e o favorito da realeza britânica, o polo, para Gustavo, é uma modalidade que depende mais da vontade do futuro jogador que propriamente de dinheiro. “Antes de adotar como estilo de vida ou profissão, as pessoas podem frequentar os clubes e alugar os cavalos para treinar. É necessário fazer certos sacrifícios como eu fiz, mas é possível tornar o polo sua fonte de renda e profissão, ainda mais quando se encontra outros apaixonados pelo esporte que te ajudam a investir”, disse ele.
 
Por morar no condomínio Vila Hípica desde que nasceu, em frente ao Franca Polo Clube, Gustavo acompanhava a rotina dos entusiastas e jogadores, e já conhecia os caminhos para chegar aos cavalos. Frequentemente, ao notar sua falta em casa, seu pai o encontrava nos estábulos e no gramado. 
 
Admirado com a possibilidade de ter sua paixão pelos cavalos como meio de vida, desde os 13 anos já sonhava em se dedicar a algum esporte ou atividade em que precisasse do animal. Foi quando seus primos lhe apresentaram o polo. Após ganhar a égua Tesouro de sua madrinha, Gustavo passou a treinar com os cavalos e nunca mais abandonou o hábito.
 
Trajetória
Até então, a disputa em campeonatos não fazia parte dos planos de Garcia, que se graduou em Direito e pensava em seguir carreira na advocacia. Tudo mudou quando, aos 22 anos, no dia de sua formatura, ele recebeu um convite para jogar por um ano como profissional pela cidade de Indaiatuba no time Polo S/A.
 
Gustavo aceitou e, há oito anos, dedica-se integralmente ao esporte, sem nunca ter exercido a formação profissional que escolheu. “Jogando polo, aprendi a ser profissional, ser focado e me dedicar inteiramente ao que realmente amo”, disse o atleta.
 
“GG”, como é conhecido no meio, possui uma criação de 61 cavalos que ficam na fazenda de sua família, em Restinga. Entre estes animais, estão os 30 que Gustavo utiliza em competições, os já “aposentados” que se tornaram de estimação e os mais jovens que serão treinados para integrarem sua frota de polo a partir dos cinco anos de idade.
 
Em média, um cavalo compete até seus 14 anos e segue uma rotina semelhante a dos atletas: preparação física, treinamentos, cuidados, dieta e descanso. Quando não está disputando os jogos, que acontecem sempre aos sábados e domingos, Gustavo faz treinamentos com seus cavalos durante a semana e pratica crossfit para estar em forma.
 
Atuando como atacante, o jovem joga nas equipes São José Polo Audi e pelo Hípica Polo Clube, ambos da capital paulista que disputam competições em Indaiatuba. A cidade é considerada uma das grandes concentrações de campos de polo do mundo e concedeu a Gustavo o título de Cidadão Indaiatubano em março de 2015.
 
Seleção e o futuro
Por conta de suas atuações, o atacante tem sido presença constante nas convocações para a seleção nacional de polo, na grama e também na neve. Nesta última modalidade, disputada anualmente, Gustavo faz um treinamento especial com os cavalos ao chegar a China e jogos coletivos para se adaptar aos animais locais. O equipamento para competir no gelo é diferente. As ferraduras, mais grossas e maiores, garantem que os cavalos não escorreguem na neve artificial que, de acordo com Gustavo, se assemelham à uma “areia macia”. Já o Mundial na grama ocorre a cada três anos, é disputado em vários países e são usadas ferraduras convencionais nos cavalos.
 
No mês de março, aconteceu o último campeonato Mundial de Polo na grama. O Brasil ficou em terceiro lugar e Gustavo faturou o troféu de melhor jogador da competição que aconteceu no Chile e teve a equipe da casa como campeã.
 
Ao longo de 2015, novos campeonatos vão acontecer e Gustavo já está em fase de preparação. Ele organizará, em julho, um torneio no Franca Polo Clube e espera, com a disputa, tornar o esporte conhecido em toda a região. Outros jogadores francanos, como Rodrigo Andrade e Gabriel Vilela, também participarão do evento.
 
Em janeiro de 2016, GG retornará a China para disputar o Mundial de Polo na neve pela seleção brasileira. A expectativa é de ter mais um triunfo ao voltar para Franca, que traz boas lembranças ao atacante. ‘Além de minha família e amigos estarem aqui, Franca é uma cidade que carrego comigo. Faço questão de dizer que sou francano, pois sinto esse orgulho e tenho esperança de que, um dia, a cidade se torne um grande centro de polo”.
 

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