A maioria das pessoas não faria mal a nenhum ser vivo, e acharia difícil conceber a ideia de matar outro ser humano. Mas isso não quer dizer que todo mundo pense assim. Existe uma categoria de pessoas que considera matar alguém um ato tão comum que termina por acumular vítimas, às vezes em números assustadores. São os serial killers, o tipo de criminoso que desperta mais medo e fascinação na sociedade. Alguns crimes cometidos por eles são tão macabros que desafiam qualquer lógica ou senso de humanidade; a autoria de outros nunca foi descoberta, como no famoso caso do Zodíaco. Se quando você era criança se assustava com o plantão da Globo anunciando a descoberta de mais uma vítima do Maníaco do Parque, fique sabendo que ele está muito mal classificado na lista dos serial killers que individualmente mais mataram na história. Conheça cinco deles.

1 – Luis Alfredo Garavito Cubillos – La Bestia
Considerando o incrível numero de vítimas, o colombiano pode ser o maior assassino em série do mundo – ele tem em seu currículo incríveis 138 mortes confirmadas, mas estima-se que esse número possa passar de 400. Ele foi preso em abril de 1999 e confessou ter matado, estuprado e torturado mais de 130 pessoas em 54 cidades na Colômbia e no Equador. Ele ainda é investigado pela morte de mais 172 em 59 diferentes cidades.
As vítimas de Garavito eram jovens garotos com idades entre 6 e 16 anos, geralmente crianças de rua pobres e sem muita atenção cuja confiança ele ganhava ao oferecer dinheiro ou presentes (mas ele chegou a entrar em escolas como representante de instituições educacionais fictícias, tamanha era sua lábia). Ele as levava para passear e abusava delas, cortava suas gargantas e desmembrava seus corpos, que também mostravam sinais de tortura. Organizado, ele dividia locais apropriados para matar em setores desenhava mapas precisos anos depois de preso e tinha na decapitação uma de suas assinaturas de crime. Ele agiu de 1992 até ser preso em 1999.
Pelos assassinatos, La Bestia (a Besta, em literal comparação com o diabo) recebeu pena de 1853 anos na prisão. Justo, não? Seria, se não fosse um pequeno detalhe: assim como o Brasil, a Colômbia estipula cumprimento máximo de pena de 30 anos para seus criminosos. E a história melhora: presidiário de comportamento exemplar que ajudou a polícia confessando e indicando locais onde estavam corpos, a sentença dele foi reduzida para 22 anos.
Como o tempo dele atrás das grades está acabando a Colômbia está em polvorosa – especialmente depois que foi ao ar uma entrevista com o criminoso dizendo que assim que saísse da cadeia iniciaria uma carreira política para ajudar crianças vítimas de abuso (sim, isso mesmo que você leu). O caso foi então judicialmente revisto em diferentes jurisdições e foi determinado que a temporada de Garavito na cadeia pode ser estendida. Torcemos para que seja indeterminadamente, já que se ele for solto, não vai ter problema nenhum em cruzar a fronteira e vir fazer uma visita ao nosso país - existem alertas na internet sobre a possibilidade.
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2- Pedro Alonso López – O Monstro dos Andes
Assim como La Bestia, Pedro López também é colombiano. Assassino confesso, ele é suspeito de ter matado mais de 350 pessoas na Colômbia, Equador e Peru, embora “apenas” 110 vítimas tenham ficado comprovadas. Ele foi preso em 1980 e ficou conhecido como o “Mostro dos Andes” quando levou a polícia aos túmulos de 53 vítimas, localizados no Equador.
Diferente de seu conterrâneo, López preferia meninas: todas as suas vítimas são garotas entre 9 e 12 anos. Seus crimes começaram no final da década de 70; ele tentava atrair as crianças para longe de suas famílias com promessas de presentes, mas a menina deveria ter a aparência certa: beleza e um ar de inocência. Ele as seguia, às vezes por dias, esperava a hora certa para agir quando ela ficava sozinha, e então as levava para um lugar recluso e previamente preparado, onde uma cova rasa já estava aberta (e às vezes já continha dois ou três corpos). Ao nascer do sol ele as estuprava e estrangulava – López tinha que esperar a luz do dia para ver seus olhos enquanto as matava. Às vezes ele organizava os corpos para uma festinha macabra, sentando-os na cova e conversando com os cadáveres, que segundo ele gostavam de companhia e por isso enterrava mais de uma em cada cova. A brincadeira durava até ele se entediar, o que inevitavelmente acontecia.
Com os crimes acontecendo em vários países e comunidades indígenas, o número de casos de meninas desaparecidas era tão grande que a polícia achava que tratava-se da ação de um grupo, jamais imaginaram que tratava-se apenas uma pessoa. O Monstro foi preso no Equador quando tentava raptar uma menina de 12 anos de um mercado local em plena luz do dia, a mãe dela viu a cena e gritou por ajuda e o homem acabou preso.
Ele inicialmente não quis cooperar com a polícia, mas cedeu com o tempo e a providencial interferência de um padre: confessou ter matado 110 meninas do Equador, 100 na Colômbia e “bem mais de 100” no Peru. O relato extraordinário levantou as suspeitas dos policiais e então ele se ofereceu para levá-los até alguns corpos, revelando o horror a que tinha submetido várias meninas.
Pedro foi sentenciado à prisão perpétua pelo assassinato das garotas equatorianas, mas o país permitia apenas a pena máxima de 20 anos e em meio ao debate sobre sua sanidade mental o impensável aconteceu: apesar de a Colômbia o esperar (lá ele seria condenado à pena de morte), ele foi libertado em 1998 e desapareceu. Ninguém nunca mais o viu, e não se sabe se ele ainda está vivo (os parentes das garotas juraram matá-lo caso o encontrassem.)
Vamos apenas lembrar que em sua única entrevista Pedro López afirmou ser o homem do século e disse que ninguém ia esquecer dele. Ele também fez a seguinte promessa: “Há um momento divino quando tenho minhas mãos no pescoço de uma jovem menina. Eu olho em seus olhos e vejo quando uma luz, uma faísca se apaga. O momento da morte é fascinante e empolgante. Só os que já mataram sabem do que estou falando. Quando for libertado, sentirei esse momento novamente.”

3 – Harold Shipman – Doutor Morte
O inglês Harold Shipman é também um dos mais prolíficos serial killers registrados na história. Nada menos que 218 assassinatos foram ligados a ele, mas os números podem muito bem passar dos 260. Shipman contava com um facilitador que tornava seus crimes mais difíceis de encobrir: era médico e tinha acesso ilimitado a remédios, especialmente a diamorfina, nome científico da heroína usada para aliviar a dor.
A casa começou a cair para ele em 1998, quando uma colega médica expressou sua preocupação com a quantidade de mortes de pacientes de Shipman, e especialmente a quantidade de solicitações de cremação de senhoras idosas que ele precisava assinar – o médico sempre aconselhava a família de seus pacientes a cremar os corpos. Ele foi preso naquele mesmo ano depois que a filha de uma de suas pacientes descobriu que sua mãe deixara 386 mil libras (quase R$ 2 milhões) de herança para o bom doutor e desconfiada foi à polícia, que pediu a exumação do corpo. Foram encontrados traços de diamorfina no corpo da senhora, apesar de seu atestado de óbito dizer “senilidade” e foi encontrada na casa de Shipman a máquina onde o testamento havia sido forjado. Isso fez com que todos os atestados assinados pelo médico fossem investigados e mais horrores descobertos.
Apesar de a maioria de suas vítimas ser senhoras idosas, ele não tinha um tipo “preferido.” Matou 171 mulheres e 44 homens, o mais jovem com 44 anos (apesar de haver suspeitas de que ele matou uma criança no início de sua carreira), e a mais velha com 93. Ele agiu de 1975 a 1998 e começou a matar apenas um ano depois de começar a clinicar.
O Dr. Morte foi julgado pela morte de 15 senhoras, ocorridas entre 1995 e 1998, e acabou condenado a 15 prisões perpétuas consecutivas, além de receber a nada simpática recomendação de nunca ser libertado. Shipman negou todos os crimes e nunca deu nenhum tipo de declaração sobre sua matança, e sua mulher acreditou na inocência dele até o último momento. Apesar da falsificação do testamento, o motivo financeiro para as mortes foi descartado. Durante toda a sua carreira na medicina, 459 pacientes dele morreram, mas é difícil delimitar quais morreram porque ele quis, já que ele geralmente era o único médico a atestar a morte.
O médico abreviou sua pena no dia em que completaria 58 anos e se enforcou em sua cela em janeiro de 2004, usando lençóis para se pendurar nas barras de ferro da janela. Algumas famílias se sentiram traídas, pois nunca descobriram a motivação dos crimes ou tiveram o prazer de ouvir sua confissão. Pelo bem ou pelo mal, as ações do Dr. Morte culminara com uma ampla reforma no sistema de saúde britânico.
Um jornalista levantou a hipótese que ele teria forjado o testamento de sua cliente com o desejo de ser pego, pois estava fora de controle. O doutor teria ainda feito uma confissão no início da investigação, e afirmou seu “desejo de controlar a vida e a morte” - o poder de controlar a vida de seus pacientes teria lhe subido à cabeça e como outros assassinos em série, ele se sentiu Deus. “Sou um ser superior,” ele teria dito a um policial antes de calar-se para sempre.

4 – Pedro Rodrigues Filho – Pedrinho Matador
O Brasil também tem um representante nessa lista macabra. O maior dos serial killers brazucas é o mineiro Pedro Rodrigues Filho, vulgo Pedrinho Matador. Pedrinho é quase um Dexter nacional – assim como o personagem do seriado, a maior parte de suas vitimas são outros criminosos que ele assassinou na cadeia. Ele matou comprovadamente 71 pessoas, mas diz que nas suas contas foram mais de 100.
Pedrinho cometeu seu primeiro assassinato aos 14 anos, apesar de ter tentado matar um primo com 13. Sua carreira criminosa continuou no tráfico de drogas, onde assumiu o comando de bocas e eliminou rivais – antes de completar 18 anos, ele já tinha matado mais de 12 pessoas. Um de seus crimes mais notórios é o assassinato de seu próprio pai, depois que ele matou sua mãe a golpes de facão. Segundo relatou ao jornalista Marcelo Rezende, Pedrinho se vingou matando o homem com 22 facadas, arrancando seu coração e mordendo um pedaço que depois cuspiu no chão. Esse crime já aconteceu quando ele estava na cadeia.
Aliás, ele foi preso pela primeira vez em 1973 e passou a maior parte de sua vida adulta atrás das grades, o que não o impediu de continuar matando: ele deu cabo de 47 companheiros de cela. Tinha ódio especial por estupradores (chegou a anunciar que mataria Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque caso colocasse as mãos nele), mas também matou outros porque “roncava demais” ou porque “não ia com a cara dele.” Uma de suas muitas tatuagens define sua conduta: “Mato por Prazer.”
Condenado a 126 anos de cadeia, pela lei brasileira não poderia ficar encarcerado tanto tempo assim e foi solto em 2007, apenas para ser recapturado em 2011, por participação em motins e cárcere privado cometidos quando ainda estava preso. Pedrinho é o homem que passou mais tempo preso no Brasil e o que mais tempo ficou vivo no sistema penitenciário.
Pedrinho matador está preso em Guarulhos, mas hoje em dia é um presidiário de bom comportamento e disse querer viver sossegado e ter deixado o passado para trás. Apesar de tudo ele diz não se arrepender de matar ninguém e ainda se justifica na lei da selva dos presídios: “Se eu não matasse, eu morria.”

5 – Gary Ridgway – Assassino do Rio Verde
Gary Leon Ridgway, americano do estado de Utah, era um assassino de mulheres. Foi condenado por ter matado 48 delas, mas confessou 71 mortes e chegou a dizer durante seu julgamento que matou tanto que acabou perdendo as contas. O estuprador e necrófilo é o assassino em série que tem o maior número de crimes creditados em seu prontuário na história dos Estados Unidos e ganhou esse apelido porque suas primeiras vítimas foram encontradas no Rio Verde (Green River) em Washington.
Ridgway cometeu seus crimes nas décadas de 80 e 90 no estado de Washington, nas cidades de Seatlle e Tacoma. Suas vítimas eram mulheres, geralmente prostitutas, usuárias de drogas e garotas que haviam fugido de casa que ele encontrava na rodovia.
Bom de papo, ele mostrava fotos dos filhos e tranquilizava as moças para convencê-las a entrar no carro dele, gostava de passar a imagem de “alguém que se importava” apenas para depois as estuprar, estrangular e abandonar seus corpos nus em áreas de floresta perto do Rio Verde. Algumas vezes ele voltava para manter relações sexuais com os cadáveres (ele disse ter enterrado suas últimas vítimas para 'resistir à tentação') e contaminava as cenas com objetos aleatórios e mudava corpos de lugar para confundir a polícia. Ele chegou a ser detido em 1982 por crimes relacionados à prostituição e se tornou suspeito dos assassinatos em anos posteriores, mas passou em um teste de polígrafo, o detector de mentiras, e a polícia o colocou de lado, mas não sem antes coletar amostras de saliva e cabelo.
O Assassino do Rio Verde foi preso em 2001 graças às amostras coletadas em 87 que o colocaram na cena de quatro crimes. Ele fez um acordo com a promotoria para não ser condenado à pena morte e se disse culpado de 48 assassinatos, além de concordar em ajudar a polícia a localizar os restos de suas vítimas – algumas passavam tanto tempo expostas que não eram mais que esqueletos quando foram localizadas; quatro nunca foram identificadas. Ele também confessou ter matado mulheres que se confirmaram desaparecidas, mas cujos corpos nunca foram encontrados.
Ao contrário de alguns companheiros dessa lista, Ridgway provavelmente nunca deixará a cadeia: ele foi condenado a 48 sentenças de prisão perpétua sem possibilidade de condicional, com uma pena adicional de 480 anos (10 por vítima) por ter alterado evidências.
Atualmente com 66 anos, o homem que uma vez disse que matar mulheres era sua carreira cumpre sua pena na Penitenciária estadual de Washington.
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