Alguns animais da fauna brasileira guardam até hoje o nome que lhes foi dado pelos índios. É o caso do tamanduá, que os portugueses só vieram a conhecer em nosso país quando aqui chegaram nas primeiras caravelas, aquelas naus tocadas pelos ventos.

 

Tamanduá, em tupi-guarani, a língua falada pelos índios, quer dizer “bicho desdentado”. É uma descrição do próprio, um mamífero que não tem dentes. E, por isso, não pode mastigar. Dessa forma, você vai se perguntar: “então como é que ele sobrevive, se não pode mastigar alimentos?” Ah, a natureza é sábia. Já ouviu esta frase? Pois então. Não tendo condições de se alimentar como a maioria dos mamíferos, o tamanduá come... formigas! 

 

Ele foi “aparelhado” para viver assim. Veja o nariz comprido e fino, sob medida para fuçar grandes formigueiros. As fortes e longas garras dianteiras, com as quais escava as resistentes paredes dos formigueiros e cupinzeiros. A língua longa e pegajosa usada para explorar as galerias subterrâneas e levar  à boca formigas, cupins, larvas, besouros. O tamanduá-bandeira come até 30 mil insetos por dia. É um grande predador de insetos.

 

Mas ele também pode se transformar em vítima de predadores vorazes. Para se defender, utiliza suas garras e sua capacidade de ouvir mais que outros. Sua audição é 40 vezes mais eficiente que a dos humanos. Então, ele pode perceber ruídos mínimos ao seu redor, e escapar da morte fugindo quando seus predadores se aproximam. Quando tem de enfrentar um deles, abraça-o fortemente e  lhe crava as unhas nas costas. Daí a expressão: “abraço de tamanduá.”

 

O tamanduá é bicho solitário. Só é visto em companhia dos outros na época da reprodução, geralmente na primavera. A fêmea tem apenas um filhote por ano. Ele nasce bem fraquinho, com pouco mais de um quilo, depois de 190 dias de gestação. Por nove meses é carregado nas costas da mãe. Neste período ele só se alimenta de leite. Depois aprende a buscar seu próprio alimento e se defender dos inimigos.