De jacaré a tubarão, francano empalha e dá vida a animais


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Edison de Andrade exibe a cabeça de um tubarão empalhada. Ele deve doar bichos para um museu
Edison de Andrade exibe a cabeça de um tubarão empalhada. Ele deve doar bichos para um museu
Marceneiro, escultor, artista plástico e taxidermista. É assim que se define Edison de Andrade, 66. Dos talentos desse francano, o mais curioso é o da taxidermia, a arte de empalhar animais.
 
A prática foi o jeito que ele encontrou para conservar os bens da natureza, que ele tanto admira. “Acho que os animais são uma decoração que Deus fez no Planeta Terra. Fico muito triste ao saber das espécies de animais que são extintas”, disse.
 
Um dos cômodos de sua casa se transformou em um pequeno museu. São aves, animais marítimos, mamíferos e répteis, conservados por meio da técnica que mantém a pele e o formato do animal morto.
 
De acordo com Edison, os bichos são todos frutos de doações feitas por proprietários de uma fazenda perto de Ribeirão Preto, pelos Bombeiros e uma amiga veterinária. “Tem muitos que morrem atropelados ou de choque na rede elétrica. Tenho vários bichos que já eram empalhados e apenas restaurei”, afirmou o artista.
 
Entre os animais empalhados estão um faisão, saracura, pica-pau, mico-estrela, pavão, tucano, paca, jacaré, arraia, tubarão-martelo, jaguatirica e outros. Um dos bichos que Edison considera mais raro é um exemplar do pássaro mutum-de-alagoas e o pavão é um dos seus preferidos. “Comecei a fazer animais empalhados em 1976. Aqui em Franca, tinha um vizinho italiano chamado Giovanni Magrim. Via ele fazendo e aprendi. O trabalho dele agora está no museu Dom Bosco, em Campo Grande, no Mato Grosso”, disse Edison.
 
Um das coisas que o motiva a empalhar animais é “transformar uma coisa que seria inutilizada em algo que considera belo”. “Todo animal que seria jogado fora, reaproveito, fazendo virar uma decoração.”.
 
Durante a semana, Edison trabalha em uma madeireira da cidade e, reserva os finais de semana para se dedicar à arte de empalhar os bichos. Ele costuma fazer um animal por mês.
 
Pela técnica, o couro deles é retirado e colocado em um produto a base de arsênico. Entre os materiais usados para continuidade do processo estão arame, olhos de vidro e palha. “A montagem das aves é feita no mesmo dia para não perder a elasticidade da pele. O mais difícil é o enchimento. Aí você vai moldando até dar vida ao animal, parece que ele está vivo de novo.” O improviso faz parte do processo. Edison disse que comprou um tubarão, ainda “fresco”, em uma feira realizada na cidade de Santos e precisou reconstituir uma parte da cabeça que estava machucada. Ele fez o remendo com um pedaço de couro bovino.
 
Segundo o empalhador, a arte atraía a atenção até de pessoas de outros países, como os Estados Unidos. Ele considera que agora poucas pessoas admiram esse trabalho. No entanto, ele já tem uma herdeira. “Tenho uma neta que gosta, já até dei alguns de presente para ela”, contou.

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Comentários

1 Comentários

  • Rafaela 20/05/2025
    Boa noite, gostaria de mais informações de contato do senhor Edison ou da neta do mesmo, tenho interesse em taxonomia e seria muito legal poder conhecê-los!