Rolezinho infernal

Noite de sexta-feira. Para quase todo mundo, sinônimo de diversão. Tempo de sair com a família, de namorados passearem, dos amigos se

25/01/2015 | Tempo de leitura: 4 min

“Tudo tem limite. Até idiotice tem limite”
 
Augusto Branco, escritor brasileiro
 
 
Noite de sexta-feira. Para quase todo mundo, sinônimo de diversão. Tempo de sair com a família, de namorados passearem, dos amigos se encontrarem para matar a saudade. Para muitos, o destino é um shopping. Imagina-se que ali, sempre em meio a muitas lojas, haverá calma e tranquilidade para tomar um chope, comer uma pizza, saborear um bom café, assistir à estreia do cinema, deixar as crianças brincarem com os coleguinhas que sempre encontram. Estima-se que existam cerca de 800 centros de compra e lazer em funcionamento no Brasil. O Franca Shopping é um deles. Até pouco tempo atrás, também costumava ser um destino tranquilo. Não é mais. 
 
Há meses, uma triste rotina que eclodiu primeiro nos shoppings das capitais vem se repetindo nos seus corredores. Hordas de jovens insolentes e agressivos invadem o lugar com zero de boas intenções. Nas redes sociais, dizem que vão só ‘dar um rolezinho’. Mentira. O que acontece, de fato, é um arrastão seguido por brigas e quebra-quebra generalizado, e que invariavelmente expõe comerciantes e frequentadores a riscos e prejuízos.
 
Nesta última sexta-feira, 23, o enredo se repetiu. Passava um pouco das 21h. Centenas de jovens, aparentando ter entre 12 e 16 anos, estavam reunidos dentro do Franca Shopping. De repente, uma briga dividiu o grupo em duas facções rivais. Os seguranças tentaram intervir e a turba de adolescentes saiu demonizando o que via pela frente. Pedras foram atiradas contra algumas vitrines. Assustados, alguns comerciantes baixaram as portas. Crianças que passeavam com seus pais começaram a chorar, amedrontadas. 
 
A confusão nem de longe terminou por aí. Os baderneiros tentaram fugir. Só que, do lado de fora, toparam com várias viaturas da Polícia Militar que já estavam de sobreaviso em função dos sucessivos incidentes nas noites de sexta-feira. Houve nova divisão do grupo. Uma parte pequena voltou para o shopping e tentou se misturar aos frequentadores, agora em grupos menores. A outra parte resolveu barbarizar nas avenidas Rio Negro e Rio Amazonas. Placas de trânsito foram destruídas e paus e pedras atirados contra carros. O trânsito teve que ser interrompido. Quem precisava passar por ali, não conseguia. Alguns motoristas, “ilhados”, apelaram ao canteiro central para retornar. Boa parte desta confusão pode ser conferida no portal GCN, que obteve um vídeo gravado por um leitor que estava no shopping no momento da confusão.
 
No final, além do terror a que os frequentadores foram submetidos e dos prejuízos que alguns comerciantes sofreram, dois destes projetos de marginal acabaram presos. Ambos, é claro, menores de idade. Estavam tão descontrolados - por bebida, droga ou por estupidez pura, sabe-se lá - que precisaram ser algemados. Foram conduzidos ao plantão policial para, minutos depois, acabarem... soltos. 
 
De nada adianta se revoltar com a polícia civil. Lamentavelmente, não havia outra atitude possível de ser tomada pelo delegado de plantão. Não há lei que permita manter esses idiotas presos. Na prática, menores de idade têm licença para delinquir. Tudo graças ao ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), um conjunto de normas absolutamente nefasto para os interesses do Brasil porque, entre outros absurdos, priva os jovens de terem que se confrontar com limites que precisam ser respeitados. Hoje em dia, cumprir ou não cumprir a lei, para quem tem menos de 18 anos, faz pouca diferença.
 
Exagero? Nem um pouco. O ECA e as legislações complementares, excrescências adoradas pelos esquerdopatas - aquele tipo de gente que culpa quem trabalha e produz por todas as mazelas do Brasil - é um poço de contradições. O menino tem que ir para a escola, ainda que não aprenda. Se aprontar confusão e bater em alguém, muito dificilmente será expulso. Brigar pode. Trabalhar, não. Na cabeça dos esquerdopatas, trabalho é sinônimo de coisa ruim, de exploração. 
 
Assim, na lógica invertida dessa gente, vagabundear é legal; ter uma ocupação, não. Para piorar, se um moleque roubar, não pode ser preso. O garoto tem que ser um ladrão muito esforçado para conseguir ser recolhido a uma unidade da Fundação Casa. Se for “apreendido”, não faltarão defensores públicos, pagos com nosso dinheiro, dedicados a empreender tempo e energia para devolver às ruas esses marginais. Dentro de suas casas, se esses bandidinhos desafiam seus pais, batem nos avós ou fazem qualquer coisa que o valha, que ninguém pense em revidar. A “Lei da Palmada” também proibe. Já transar, podem. Inclusive, na Fundação Casa, onde os marginais têm direito a receber “visita íntima”. Absurdo demais.
 
É preciso dar um basta, urgente. Pôr fim à hipocrisia e acabar com tolices como o ECA, que precisa ser imediatamente revisto. Vandalismo, criminalidade, violência não têm a ver com esquerda ou direita, com capitalismo ou socialismo, com liberal ou conservador. Têm a ver com decência, respeito, valores morais. Destruir e agredir pessoas nada revela de “autoafirmação”, como sustentam esquerdopatas. É errado, simplesmente. No mundo inteiro é assim. Tem que ser assim aqui também.
 
Passou da hora de punir quem invade um ambiente tranquilo, promove quebradeira, leva medo a outras pessoas, agride e desafia a polícia, tenha a idade que tiver. As tais “crianças” não precisam de proteção. Precisam é de limites. Precisam, também, de um bom cabo de enxada. Se aprendessem a trabalhar, teriam mais juízo... e menos tempo para esses rolezinhos infernais.
 
Corrêa Neves Júnior, diretor executivo do GCN 
email - jrneves@comerciodafranca.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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