Sem médicos, Casa do Diabético de Franca está desmantelada


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Homem passa por fachada da Casa do Diabético, que atende em média 15 mil pessoas e está sem médicos, segundo os usuários
Homem passa por fachada da Casa do Diabético, que atende em média 15 mil pessoas e está sem médicos, segundo os usuários
Criada há mais de 20 anos, a Casa do Diabético de Franca agoniza. O centro de atendimento especializado, que era considerado modelo de prevenção e tratamento ao diabetes tipo 1 e 2 e atendia a 15 mil pessoas, não conta sequer com um médico especialista. O local, que chegou a ter seis médicos (quatro endocrinologistas e dois clínicos) em seus tempos áureos, está atendendo apenas com dois clínicos gerais. Pelo menos é o que afirmam os pacientes que dependem do serviço.
 
A rotina de exames para avaliar as condições de saúde dos pacientes e os retornos mensais também não são os mesmos. “Na verdade, nem sei porque as portas ainda estão abertas se não há um endocrinologista e se não estão mais realizando os mesmos exames de acompanhamento”, disse uma dona de casa do Jardim Paulistano, que sofre de diabetes tipo 1 e há cinco anos se trata na Casa do Diabético. Ela não quis se identificar com medo de sofrer algum tipo de represália.
 
Rosiene Souza Silva, moradora do Residencial Meirelles, conhece bem as dificuldades enfrentadas por quem depende do atendimento na Casa do Diabético de Franca. O filho dela de 18 anos sofre de diabetes tipo 1 em estágio avançado e, desde o final do ano passado, não consegue consulta com endocrinologista. “Estou tão desesperada que, depois de levá-lo duas vezes ao pronto-socorro, resolvi juntar todas as economias e pagar uma consulta particular.”
 
Ela conta que o filho descobriu a doença aos 13 anos e, desde então, vem sendo tratado na Casa do Diabético. “O serviço sempre foi excelente. Mas desde que mudou o prefeito vem caindo. Até que agora chegou a um ponto que não há como aturar.”
 
Segundo ela, em 2013, com a saída dos primeiros médicos, os retornos e acompanhamentos que eram feitos mensalmente passaram a ser trimestrais. No ano passado, uma nova mudança. “Eles começaram a marcar os retornos para seis meses. O problema é que o diabetes do meu filho é grave e precisa de acompanhamento constante. Em novembro, ele voltou para o retorno e não foi atendido. Disseram que vão encaminhá-lo para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) mas até agora nada.” 
 
Sem passar pelo endocrinologista, o rapaz não tem as doses de insulina reajustadas. Com isso, suas crises ficaram mais constantes e sérias. “Tive de levá-lo duas vezes ao PS.” Cansada, ela pagou consulta particular. “Gastei R$ 250, um dinheiro que não tinha.”
 
A auxiliar administrativa Fabiana Idelfonso, moradora do Jardim Luiza 2, e seu pai também sofrem com a decadência do serviço. Os dois têm problemas na tireóide e eram atendidos por endocrinologistas na Casa do Diabético, mas há dois anos, isso mudou. “Eles nos transferiram para as UBSs, onde somos atendidos por clínicos gerais. Não adianta, não é a mesma coisa. Acabei desenvolvendo ainda mais problemas e só consegui tratamento adequado quando fiz um plano de saúde”, disse. 
 
A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde no final da tarde de ontem para comentar a respeito das queixas, mas ninguém atendeu o telefone. O celular da secretária municipal de Saúde, Rosane Moscardini, estava desligado.
 
O Lions Centro, um dos parceiros da Prefeitura na administração da Casa do Diabético, disse que se pronunciará hoje.
 
 

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