Papéis avulsos

Gradualmente, em doses homeopáticas, o jornal Folha de S.Paulo vem colorindo de vermelho seus editoriais, colunas de economia e política.

16/11/2014 | Tempo de leitura: 4 min

“Nunca seja arrogante com os humildes. Nunca seja humilde com os arrogantes”  
 
Jefferson Davis, presidente dos Estados Unidos durante a guerra civil americana
 
 
Rubro de vergonha
Gradualmente, em doses homeopáticas, o jornal Folha de S.Paulo vem colorindo de vermelho seus editoriais, colunas de economia e política. Talvez tenha se encantado com a vitória petista e queira tirar algum proveito disso. Duas gotas finais: a demissão de Eliane Catanhêde e a omissão da ombudsman sobre este assunto. É hora de mudar de jornal, ao menos para mim.
 
O que ler?
Já me declarei, publicamente, antipetista. Mas prefiro não ler jornais ou revistas antipetistas ou simpatizantes de outros partidos políticos porque correria o risco de ser um mero repetidor de artigos ou de ideias neles contidas. Assim, a Veja não me interessa, por ser escancaradamente contrária ao PT. A Folha me desencantou exatamente por ser o contrário. A Globo TV anda difícil de ser aturada. O Estadão apresenta-se sutilmente azulado. Profissionalmente, procuro a mídia não partidária para formar minha opinião própria e escrevê-la. Rapaz, como anda difícil essa tarefa! Ou se é esquerda, ou ultradireita. Talvez nos restem poucas opções, e eu não sei quais sejam elas. Agradeço sugestões.
 
Torcida versus arrogância
É claro que eu torço para que tudo dê certo no governo de Dilma. É o mesmo caso de quem só tem um salário numa empresa de pequeno porte. Há de torcer pelo sucesso dessa empresa, porque daí vem sua única fonte de renda. Se der errado, o operário e sua família passarão por maus bocados. Moro no Brasil, trabalho neste país, pago impostos duríssimos, quero o melhor para minhas filhas que também aqui moram, quero o melhor para meus netos. Portanto, é mister que haja sucesso no segundo mandato da petista (que assim não se reconhece) para que todos nós, cidadãos comuns, estejamos bem. Mas, convenhamos, ela não se revela uma líder com humildade suficiente para reconhecer erros e coragem para rejeitar as ideias econômicas dela e de seus companheiros. Por que o petista é tão arrogante?
 
Frase da semana
Frase mais comentada nesta semana dava conta que a vitoriosa nas últimas eleições presidenciais encontra-se num verdadeiro labirinto no Planalto, com severos desafios pela frente, quais sejam o legado maldito de seu próprio governo. E tome rachadura no PMDB, e tome demissão de Marta, e tome imposições de Lula, e petrolão, e denúncias e críticas de mais de 50 milhões de brasileiros descontentes. Por outro lado, o derrotado Aécio é só alegria. Definitivamente identificado como líder nacional da oposição, foi recebido no Senado como verdadeiro herói. Entenda-se um cenário desses.
 
Uma questão no ar
Perguntar não ofende: que motivo estaria levando tantos petistas conhecidos a uma casmurrice de espantar?
 
Erro básico
O PSDB cometeu seu engano fundamental quando, há doze anos, não firmou o sentido de seu próprio nome: Partido da Social-Democracia Brasileira, em oposição aos novos detentores do poder central. Em qualquer lugar do mundo, social-democracia é centro-esquerda, ou seja, alta preocupação com o progresso de todas as camadas da sociedade, ao lado da defesa das liberdades individuais. Aí o PT, de nítida tendência esquerdista, com alas radicais de extrema-esquerda até, não perdeu tempo: ocupou com eficiência um espaço que não era originariamente seu, mas passou a ser. Agora é tarde, Inês é morta. Se o plano petista de longo prazo der certo, daqui a quatro anos, Lula estará de volta ao Planalto, com milhões de votos de lambujem.
 
O país do faturo
A poderosa FIFA (Fédération Internationale de Football Association), detentora dos direitos de realizar copas do mundo, acaba de fazer um agradinho ao Brasil, com a doação de cem milhões de dólares (pouco mais de R$ 250 milhões) à CBD (Confederação Brasileira de Futebol), para o financiamento de projetos relacionados ao desenvolvimento do futebol de base no País.Quanta generosidade! - pensará o menos avisado. Na verdade, essa grana toda vem do lucro que a mesma FIFA teve com a Copa aqui realizada e que proporcionou ao Brasil levar de 7x1 da Alemanha e de 3x1 da Holanda, terminando em decepcionante quarto lugar. Bem, isso são águas passadas, embora o fiasco brasileiro nos vá acompanhar pela vida toda. Cem milhões de dólares. Um dinheirão? Sim e não. Para a gloriosa FIFA não. Corresponde a 2% (dois por cento!) do lucro que a entidade auferiu no Brasil. Isso quer dizer que o lucro total foi de cinco bilhões de dólares. Detalhe: é a primeira vez que a FIFA oferece dinheiro ao futebol brasileiro. E sabem por quê? 
Segundo declaração do atual presidente Joseph Blatter, porque o antigo presidente da FIFA, o brasileiro João Havelange (aquele que renunciou a tudo, quando acusado de corrupção), “o Brasil não precisava de ajuda”. Pobre, mas orgulhoso. E aí, deu no que deu. E ainda dará errado por muito tempo. Agora é esperar que, fiscalizado pela própria FIFA, o dinheiro chegue ao futebol de várzea, aos clubes amadores, aos jogadores da quarta, terceira, segunda divisões. Porque estamos carecas de saber: se deixado por conta dos dirigentes das próprias entidades nacionais, logo mais estará engordando contas em paraísos fiscais, até na Suíça!
 
Everton de Paula, acadêmico e editor 
email  - evertondepaula33@yahoo.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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