Neste sábado, o Cinema e Psicanálise de Franca apresenta o filme Mãos Talentosas - a história de Ben Carson. Baseado em fatos reais, também narrado no livro Gifted Hands The Ben Carson story, de autoria de Cecil Murphey e do próprio Ben Carson.
Filme de 2009, com direção de Thomas Carter, conta a história de vida de Benjamin Carson, garoto pobre, negro, filho de pais separados, vivendo com sua mãe e irmão em subúrbio da cidade de Detroit, Michigan, que se torna uma referência mundial na área de neurocirurgia pediátrica.
Gosto de ler autobiografias, porque constituem modelos da capacidade criativa do ser humano para superação de limites, dificuldades. A própria história da humanidade nos mostra como o homem primitivo enfrentou a fome, o frio, passou de uma atividade nômade e coletora para se dedicar à agricultura e assim criando raízes vinculadoras, quer geograficamente ou psiquicamente, surgindo daí os primórdios da família.
Nos anos sessenta, Benjamin Carson era um garoto que apresentava grandes dificuldades escolares e em suas relações sociais. Era distraído, alvo de chacotas dos colegas de classe. Sua auto imagem estava deteriorada, porque não encontrava um ambiente acolhedor para suas dificuldades escolares, exceto pelo fato único e importante de contar com uma mãe talentosa de nome Sonya.
Qual era o talento de sua mãe?
Ela era uma pessoa perceptiva das coisas e seres ao seu redor, sabia da existência e importância da mente. Parece pouco? Não é. Ela percebia e confiava que seu filho tinha recursos, porém não os usava. Dizia a ele: “você tem que enxergar além do que pode ver”, ou “está tudo em sua mente”. Se referia à imaginação, à capacidade criativa, de reorganização em torno de um novo ponto, de algo previamente padronizado. .
Um dia, percebeu que Benjamin não enxergava bem. Com óculos, ele começou a ver melhor o mundo e a se enxergar. De uma atitude apática, a-mental, começou a perceber o recurso extraordinário que tinha em si, ao imaginar uma história contada por um pastor durante uma pregação religiosa. Este fato o tornou curioso sobre o mundo, e o modificou para sempre, nascendo aí o grande neurocirurgião infantil que ainda na atualidade ajuda tantas pessoas em situações desesperadoras, no mundo todo.
Estimulado por sua mãe, deixou os programas tediosos de TV e começou a ler.
O talento de sua mãe junto ao seu interesse, o transformou em um garoto ávido por saber das coisas do mundo, depois do mundo das artes, tendo grande amor ao conhecimento.
Entrou para Universidade de Yale, primeiramente cursando licenciatura em psicologia. Depois cursou a faculdade de medicina de Universidade de Michigan, se especializando em neurocirurgia pediátrica. Já no Hospital John Hopkins, foi chefe de equipe, e obtendo muitos outros títulos como professor emérito de neurocirurgia, oncologia, cirurgia plástica e pediatria.
Quando prestou exame para residência em neurocirurgia, foi questionado porque estava escolhendo aquela especialidade. Respondeu dizendo que percebia o cérebro como um milagre, muita coisa inexplicada e que os seres humanos são capazes de fazer muita coisa através do cérebro.
Será que estava se reportando à própria experiência de vida, do milagre que acontecera a ele quando percebeu que tinha uma mente?
Foi através de muito estudo e muita capacidade imaginativa que encontrou soluções para casos graves como fazer a separação de gêmeos siameses craniópagos, hemiferectomias em convulsivos graves refratários a medicações, cirurgia intra-uterinas de gêmeos com hidrocefalia. Seu curriculum é extenso e próprio de uma pessoa que teve coragem de enfrentar os próprios limites.
Após quarenta anos de serviços prestados à humanidade, se aposentou em 2013 , atualmente escrevendo semanalmente para o Washington Times. Autor de seis livros, seu último lançamento foi em maio de 2014.
Juntamente com sua esposa Candy se dedica à expansão da Fundação Escolar Carson, para pessoas com baixo poder aquisitivo que querem estudar.
A humanidade necessita de mentes brilhantes, criativas em todas as áreas do saber, que nos ajudem a suportar o caos do viver.
O DIRETOR
Thomas Colbert Carter nasceu em 17 de julho de 1953, Austin, Texas. Frequentou a Universidade Estadual do Texas e se diplomou em 1974 na área de teatro.
Começou sua carreira artística, primeiro como ator. Trabalhou em shows de televisão e em cinema com M.A.S.H., Lou Grant, What”s happening, entre outros. Seu trabalho mais conhecido é como ator na série americana The White Shadow produzida entre os anos de 1978-1980. Com 54 episódios, The White Shadow se constitui como o terceiro mais longo drama da TV, ocupando horário nobre e com elenco predominantemente afro-americano.
Passou à carreira de diretor, após dirigir quatro episódios da série citada acima. Outras séries de televisão tiveram sua participação como diretor/produtor tais como Miami Vice, St. Elsewhere, Heart of the city.
Seu olhar era voltado para os dilemas vividos pelo afro-descendentes, por uma questão identificatória. No cinema, trabalhou em onze filmes como Swing Kids, a famosa história de Ben Carter em Coach Carter estrelado por Samuel L. Jackson, e o filme apresentado pelo nosso Cinema e Psicanálise: Mãos Talentosas: a história de Ben Carson. Thomas Carter ganhou alguns prêmios pelos seus trabalhos em T.V., produção e direção.
Em 1981 ganhou o D.G.A. Pela direção de Hill streets blues. Ganhou por três vezes o prêmio Emmy pela série Equal Justice em 1990 e 1991 e o terceiro prêmio foi pela produção de Don King: only in America, de 1998. Este último trabalho também lhe rendeu dois outros prêmios: Peabody Award e Broadcast Film Critcs Award.
São trabalhos e prêmios pouco conhecidos do público brasileiro, com algumas exceções como M.A.S.H, Miami Vice, e os filmes Coach Carter e Mãos talentosas: a história de Ben Carson.
Fátima Cassis, médica e psicanalista
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