Diego de Lima Ribeiro tem 18 anos e votará pela primeira nas eleições gerais de domingo. Deficiente visual total, enfrenta dificuldades para conhecer os candidatos, suas propostas e até mesmo os números que vai digitar na urna eletrônica. Igual a ele, centenas de eleitores que não enxergam passam pelo mesmo transtorno. O cego é uma parcela da sociedade esquecida pela grande maioria dos políticos.
No dia 4 de setembro, o candidato a deputado federal por Franca Corrêa Neves Jr. (PV) visitou a Sociedade Francana de Instrução e Trabalho para Cegos. Durante a reunião com Diego e seus colegas, nasceu a ideia de fazer propaganda em Braille. “Sou um admirador da capacidade de trabalho dos deficientes. Fiquei surpreso em saber que nenhum político esteve lá nas últimas décadas. Foi uma experiência ótima, encontrei pessoas muito politizadas. Como pretendo fazer política diferente por inteiro, decidimos produzir um material específico para quem não enxerga.”
Foram confeccionados em torno de 500 santinhos com nome e número do candidato e panfletos com as propostas, que podem ser usados por pessoas cegas e com baixa visão. Diego ajudou a produzir o material e está distribuindo as propagandas para conhecidos. “Fiquei muito feliz por ter dado certo e de sermos lembrados. Vai ajudar muito na hora de votar. A gente enfrenta muitas dificuldades e, finalmente, alguém demonstrou preocupação com os deficientes visuais.”
Edna Doca Lopes, presidente da Sociedade, disse que a iniciativa recebeu total apoio por vir ao encontro das necessidades dos deficientes. “Ficamos muito contentes por sermos lembrados. O Corrêa foi o único candidato que nos visitou e foi muito simpático e sensível à nossa causa. Estou distribuindo o material em Franca e até já mandei para minha família em São Paulo.”
Também deficiente, Iris Carrijo é conselheiro fiscal da entidade e foi o responsável por confeccionar a propaganda na impressora em Braille. “O panfleto é uma forma acessível para os deficientes conhecerem as informações do candidato. Só de nos ter visitado, é sinal de que deu importância para os deficientes. Precisamos muito de alguém que olhe pela gente e que nos defenda em Brasília. Os equipamentos que precisamos têm impostos altos e são muito caros.”
Não há dados oficiais sobre o número de cegos em Franca. Nem todos frequentam a Sociedade, onde estão cadastradas 111 pessoas. Segundo a Justiça Eleitoral, todas as escolas que funcionam como local de votação são obrigadas a disponibilizarem uma seção para deficientes, mas eles podem votar nas cabines normais se quiserem. “O teclado da urna eletrônica tem a identificação dos números em Braille. Após cada digitação, é emitido sinal sonoro para auxiliar na votação. Também é disponibilizado fone de ouvido que permite conferir o voto, mantendo o sigilo”, disse Marcelo Queiroz, chefe do Cartório da 46ª Zona Eleitoral.
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