A estudante de odontologia Isabela Novo Lizidati tem 22 anos e mora na Vila São Sebastião, zona Oeste de Franca. Para a futura dentista, a saúde pública é o setor no qual a população francana mais enfrenta problemas quando busca atendimento. Assim como Isabela, os jovens eleitores da cidade e da região elegeram a saúde como sendo a área mais problemática da sociedade atualmente, de acordo com pesquisa informal feita pelo Comércio. Dos 50 eleitores entre 16 e 24 anos ouvidos pela reportagem, 33 citaram a saúde como o setor público mais carente. “Eu não tenho plano de saúde, mas tenho muito receio de usar a rede pública. Não confio no atendimento. Quando preciso, pago consulta. E, se for alguma urgência, eu prefiro não ir ao pronto-socorro, tento resolver meu problema em uma farmácia mesmo”, disse Isabela.
Para o pespontador Bruno Pimenta, 19, apesar de a saúde pública receber muitos investimentos, o dinheiro aplicado na área não reflete na qualidade do atendimento. “Saúde está um caos. O governo aplica muito, mas a gente não vê resultado. Não tenho plano, uso o SUS (Sistema Único de Saúde) quando preciso e já enfrentei problemas”, disse Bruno, que é morador do City Petrópolis.
Mesmo estando em busca de trabalho, a eleitora Ana Paula Calimerio, 22, não elegeu o desemprego como o principal problema enfrentado pela população. “Sempre que preciso de atendimento em um pronto-socorro ou UBS (Unidade Básica de Saúde), é um carma. A gente tem que enfrentar fila grande, falta de médicos e atendimento ruim. Não tenho plano de saúde e enfrento demais esse tipo de problema”, disse Ana Paula, que mora no Jardim Paraty.
Educação e transporte
A educação pública foi citada por 15 jovens eleitores entrevistados pelo Comércio como sendo o serviço público que possui mais problemas. A área foi a vice-campeã em reclamações, segundo pesquisa informal, seguida por transporte público - área citada por nove entrevistados.
“Educação também está precária. É aluno agredindo professor, o que faz eles irem trabalhar coagidos. A classe dos professores também ganha absurdamente mal”, disse Isabela.
“Um problema crucial de Franca hoje é o transporte. Uso o transporte público e enfrento problemas, a começar pelo valor da passagem, que é o principal. O tempo que a gente fica esperando no ponto também é muito grande, e acontece muito de o motorista não parar no ponto. Também, não tem concorrência”, disse o estudante universitário Jean Carlos Pimenta, de 20 anos, morador do bairro Jardim Califórnia.
Os jovens citaram ainda trânsito, administração pública, segurança, desigualdade, cultura e corrupção. “O trânsito em Franca está muito complicado. E o transporte público, que poderia ser uma alternativa, aqui é péssimo”, disse a atendente Nayelli Pereira Silva, 19, moradora do Jardim Luiza II, que disse que os principais problemas dos francanos hoje são com a mobilidade urbana.
Pesquisa
A reportagem do Comércio perguntou ainda ao eleitorado jovem sua opinião sobre temas polêmicos, como descriminalização de drogas, redução da maioridade penal e cotas raciais, por exemplo. O resultado da enquete é mostrado em quadro nesta página e pode ajudar os candidatos pela cidade a conquistar essa faixa do eleitorado. A poucos dias da eleição, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na semana passada, apenas 20% dos jovens eleitores brasileiros sabiam em quem votar para deputado federal e 27% para estadual.
“Franca tem muito roubo, consumo de drogas e prostituição. Você não tem liberdade de andar pela rua mais, e é difícil ver a polícia circulando”, disse a estudante Bruna Letícia Souza Alves, 17, moradora do Boa Esperança, que elegeu a segurança como a área que apresenta o maior número de problemas.
Bruna Letícia Souza Alves, 17
Para o estudante Homero Taylon, a falta de segurança é o principal problema de Franca. “Falta polícia na rua. Aqui perto da Unifran tem muito roubo.” Mas, o morador do Jovita de Melo disse não ter esperança de que os políticos irão mudar esse cenário. “Não espero mais nada, estou totalmente descrente”.
Homero TayloN, 19
“Em Batatais, sempre que procuro atendimento na rede pública, eles dizem que estou com virose. Dor no braço é virose, dor de cabeça é virose, tudo é virose. Lá, eles até investem bastante, mas o investimento não resulta em melhorias. A UPA (Unidade de Pronto Atendimento), por exemplo, tem uma estrutura enorme, com um monte de serviços, mas é muito difícil conseguir atendimento”, disse a estudante de odontologia Ana Laura Garcia Assis, 19, moradora de Batatais, que elegeu a saúde pública como a área mais problemática.
Ana Laura Garcia Assis,19
Para o cabeleireiro Maicon Peixoto, 18, que mora na cidade de Restinga, a educação pública é a área que apresenta mais problemas. “A educação está péssima. Eu acho que deveriam dar mais oportunidade de estudar para quem tem pouco dinheiro. Tem que ter incentivo para estudar. Para quem não tem dinheiro, é muito difícil, porque faculdade é muito cara”, disse.
Maicon Peixoto, 18
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