Miudezas do momento presente

1- Castelinho e a tortura musical

07/09/2014 | Tempo de leitura: 4 min

“Nada está tão ruim que não possa piorar”.

Ditado popular
 
 
1- Castelinho e a tortura musical
 
Uma comissão formada por moradores do Parque Castelo e da Vila Santa Rita já elaboraram vários boletins policiais de ocorrência contra o insuportável volume de músicas que o Castelinho promove ao ar livre, em seus quiosques à beira da piscina. De nada adiantou. Abaixo-assinado com centenas de assinaturas rogando providências à diretoria daquele clube: resultou em nada. Enfim uma visita pessoal entre representantes desses moradores e a presidência do clube: muito foi prometido, nada foi cumprido. O que resta? Ter que suportar as músicas em altíssimo volume nas quintas, sextas e sábados à noite, e domingos à tarde, estendendo-se até quase 20 horas.
 
O volume é de tal ordem que, dentro de suas próprias moradias, essa parcela da população francana não pode ouvir e ver televisão, não pode conversar, não pode telefonar, não pode dormir. Resta-lhes o alvitre de pegar o carro e tomar um rumo quilômetros de distância, se quiser um pouco de silêncio para descansar da semana laboriosa.
 
Nada, absolutamente nada e nem uma autoridade é capaz, em Franca, de fazer a diretoria do Castelinho se sensibilizar e entender que enquanto satisfaz seus poucos associados frequentadores com a música ao ar livre nos quiosques, perturba miseravelmente a vida e o descanso de milhares de moradores no Parque Castelo e da Vila Santa Rita. Verdadeira tortura (as músicas são de péssimo gosto) a que se é submetido, sem que nenhuma voz se faça ouvir em favor desses torturados.
 
O pior de todos os males é que o valor dos imóveis desses bairros desvalorizou-se notavelmente na hora de venda (e há como provar) por conta da música do Castelinho ao ar livre. Por que não o fazem em som ambiente? Por que não o fazem dentro de seu salão principal? A que autoridade recorrer?
 
Conversando com um cidadão a respeito, ele me respondeu com a clássica frase: “Os incomodados que se retirem!” Ora, como se retirar de um imóvel desvalorizado, sendo que ninguém queira vir morar perto do Castelinho, por conta de sua música em altíssimo volume nos finais de semana?
 
 
2 - Uma pergunta à Prefeitura de Franca
 
Como tocamos no assunto dos moradores da Vila Santa Rita, outra questão se torna premente: que autoridade municipal poderia responder e proceder ativamente em relação à entrega das escrituras dos imóveis deste bairro? Faz mais de 20 (vinte) anos que dizem que a escritura vai sair, mas nada acontece além das promessas. Este é outro fator que contribui para a desvalorização dos imóveis aí situados. É muita perda, não é mesmo? E é muita falta de vontade política para fazerem as coisas acontecerem em benefício do cidadão. 
 
 
3 - O banquinho de três pernas
 
O recém-falecido arquiteto Sérgio Rodrigues, inventor de uma caríssima poltrona mole que faz sucesso universal, também ganhou um bom dinheirinho vendendo no mundo todo um simples banquinho de três pernas, segundo ele baseado naqueles usados por retireiros de leite ao pé da vaca.
 
Monteiro Lobato, na descrição física e moral do Jeca Tatu, explica de outro modo o sucesso do cômodo móvel: homem afeito ao mínimo esforço, nosso caboclo percebeu, há séculos, que se fizer um banquinho de quatro pernas, precisará nivelar o piso de terra de sua tapera. Com três, o banquinho se ajeita aos altos e baixos de qualquer lugar e não derruba o ocupante. Coisa de legítimo brasileiro, não? Para que se esforçar em prol do bem-estar do cidadão comum se tudo pode continuar como está?
 
 
4 - Outro banquinho de três pernas
 
A surpreendente Marina Silva teve que dar uma de caboclo lobatiano para explicar por que deixou mexerem em itens polêmicos de seu programa de governo: favorável ao casamento gay, à criminalização da homofobia e endosso a novas formas de família. Retirou tudo isso do texto e atribuiu a indevida inclusão a uma “falha processual”. Pegou mal. Disseram que com isso ela ficou mais errática do que sonhática. 
 
 
5 - No segundo turno, escolha indigesta
 
Um bom amigo tucano me telefona feliz da vida. Segundo ele, podia-se comemorar uma vitória histórica - impedir a continuidade petista no governo brasileiro. Seu raciocínio é linear: com a ascensão de Marina, garante-se o segundo turno. Somando-se então os aecistas que aderirão, os indecisos que se definirão e o eleitorado certo de Marina, Dilma será derrotada com facilidade. Ver para crer, penso eu. Há até quem imagina um recurso extremo: se preciso for, até 15 de setembro o PT pode descartar Dilma e colocar em seu lugar nada menos do que o próprio Lula!
 
Everton de Paula, acadêmico e editor 
email - evertondepaula33@yahoo.com.br

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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