Nove lendas do Folclore brasileiro


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Histórias folclóricas brasileiras têm origem na mitologia de portugueses, índios e africanos
Histórias folclóricas brasileiras têm origem na mitologia de portugueses, índios e africanos
Estamos em agosto, mês em que, no Brasil, o folclore desperta comentários. Temos até um dia, 22, estabelecido por lei, para lembrar o tema. Pois então, amanhã, sexta-feira, comemoraremos esta data.  
 
O folclore inclui muitas manifestações, de danças a comidas, de crendices à literatura oral, que também chamamos de lendas ou mitos. Essas histórias surgem diante da falta de elementos racionais que expliquem um ser, um fato, um acontecimento.  O ser humano, sempre criativo e com necessidade de ter explicações para tudo o que o cerca, quando não encontra o caminho da lógica, entra pelo caminho do sonho. E cria seres que coloca num cenário específico. As histórias do folclore brasileiro possuem origem na mitologia dos índios, dos portugueses, dos africanos. A mescla de diferentes culturas permitiu a produção de  alguns mitos únicos, como o Saci-Pererê. Mas também é possível observar diversos elementos parecidos com mitos de outros povos. Vamos ver quais são os principais mitos do folclore brasieliro?
 
 
Boitatá
 
Os índios  da  região amazônica descreviam o Boitatá como uma cobra  que tinha olhos enormes dos quais saíam chispas de fogo.  Os tupis chamavam a este ser de “Mbae-Tatá”.       
 
Moradora dos fundos dos rios, escapou do dilúvio e ficou dentro de um buraco escuro até que parasse de chover. Para se alimentar, comeu os olhos de todos os animais que encontrou e com isso seu corpo se transformou em ajuntadas pupilas rutilantes. 
 
Quando alguém tenta cortar uma árvore, é alcançado  pela cobra, que pune  com fogo quem desrespeita a natureza.
 
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Curupira
 
Ser também conhecido como Caipora, Caiçara, Caapora, Anhangá ou Pai-do-mato. Tem a estatura de um anão, exibe cabelos vermelhos e compridos, tem pés virados para trás, o que faz se perderem aqueles que o perseguem pelos rastros. Para se locomover, monta um porco do mato e castiga todos que desrespeitam a natureza. Os índios, para agradá-lo, deixam oferendas nas clareiras, como penas, esteiras e sementes. Também se diz que uma pessoa deve levar um rolo de fumo se for entrar na mata, para lhe oferecer caso o encontre. 
 
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Boiúna
 
Esta é outra serpente lendária da Região Norte. Mora entre as rochas dos rios e lagoas, de onde sai para afundar barcos. Quando ela sai das rochas, troveja, lança raios e faz chover. Também pode imitar as formas das embarcações, atraindo náufragos para o fundo do rio. Se a chuva é muito forte, ela toma a forma de arco-íris e serena as águas. Ainda segundo a lenda, a lua é a cabeça da serpente, as estrelas são seus  olhos e o arco-íris é o sangue. Ela também recebe o nome de Cobra-Grande.
 
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Mapinguari
 
Este não é cobra nem anão, mas também atemoriza os moradores da floresta na região amazônica. Segundo as descrições, o  Mapinguari é uma criatura parecida com um macaco, mais alto que um homem, de pelo escuro, grande focinho que lembra o de um cachorro, garras pontiagudas,  único  olho no meio da testa. Exala um forte mau cheiro, que lembra o do gambá. Os índios dizem que ele só pode ser morto com uma pancada na cabeça. Mas há grande risco, pois a criatura tem o poder de fazer a vítima ficar tonta e cair no chão.
 
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Iara
 
Relatada no Brasil desde o século XVI, a lenda da Iara é parte da  mitologia universal, ou seja, está presente em quase todo o mundo, sendo uma variante da figura da sereia. E as sereias habitavam histórias já na Grécia antiga, muito antes de Cristo. Para os índios, a Iara se chamava Ipupiara e seu corpo era metade peixe, metade humano. Depois se tornou a sedutora Uiara ou Iara, que enfeitiça os pescadores com sua beleza e canto e os leva para o fundo das águas. Por vezes ela assume a forma humana completa e sai em busca de suas vítimas pelas ruas das cidades
 
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Lobisomem
 
A lenda do lobisomem aparece em vários países do mundo. Na Europa e na Ásia foi muito comum e povoou histórias orais durante séculos. A história  foi trazida ao Brasil pelos portugueses, que a contavam aos índios e africanos. Sua história fala da  desgraça de um homem que tem sua natureza humana fundida com a de um lobo, sob influência da  lua cheia. Nesta condição se transforma em criatura feroz que ataca pessoas e é muito raivosa.  Dizem que nasce na condição de sétimo filho de um casal.
 
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Boto
 
Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito, loiro e que encanta mulheres em bailes e festas. É charmoso, fala coisas bonitas. Usa um chapeuzinho claro para disfarçar o buraco que tem no meio da cabeça. Assim engana completamente as moças nos bailes, aonde vai para dançar, pois gosta muito de música.   
 
Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, mergulha nas águas e desaparece. 
 
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Saci Pererê
 
O Saci é um menino negro de uma perna só. Em algumas regiões é tido como um ser maligno; em outras, como  benfazejo ou simplesmente brincalhão. Está sempre com seu cachimbo, e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas. A lenda, que veio de Portugal, ganhou no Brasil traços especiais, pois os índios tinham história parecida. Se alguém tomar a carapuça ao Saci, tem um desejo atendido. 
 
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Negrinho do Pastoreio
 
A lenda  vem do Sul e conta a história de  um   menino escravo que é espancado pelo dono e largado nu, sangrando, em um formigueiro, por ter perdido um cavalo baio. No dia seguinte, quando vai ver o estado de sua vítima, o estancieiro toma um susto. O menino está lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas, nem fora comido pelas formigas. Ao lado dele,  Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se joga  no chão pedindo perdão, mas o Negrinho do Pastoreio nada responde. Apenas beija a mão da Santa, monta no baio e parte com os cavalos. 

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