A notícia de que a Justiça havia deferido o pedido de liberdade provisória da defesa e mandando soltar o sapateiro Luís Fernando Barbosa Silva, 28, intensificou a dor e a revolta das famílias de Aparecida das Graças Ribeiro, 62, e Roselane Henrique Rafael, 34. Os familiares não se conformam que o motorista indiciado por homicídio doloso pelo acidente que provocou a morte das duas mulheres na avenida São Vicente, no dia 20 de julho, responda ao processo em liberdade. Em meio às dificuldades trazidas pela ausência das duas vítimas, as famílias de ambas lutam por justiça.
Os dias da jovem Pâmela Mendes, 25, filha de Aparecida, têm se resumido em não permitir que o fato ocorrido com sua mãe caia no esquecimento. Como suas idas ao Ministério Público tornaram-se constantes, ela foi uma das primeiras a ser comunicada que o sapateiro seria solto. Rapidamente, iniciou a mobilização para um novo protesto, que será realizado no sábado, 16, a partir das 13 horas. O trajeto terá início na rua Antônio Lobosqui, no Jardim ¶ngela Rosa, e seguirá até o Fórum, com cartazes e faixas.
“Vamos lutar até o fim. Fiquei sabendo, porque todos os dias vou no promotor e ele me disse que o motorista seria solto. É uma sensação de revolta saber que um homem que bebeu a tarde e a noite inteira foi solto depois de matar duas pessoas”, disse a filha de Aparecida.
No dia do acidente, Silva admitiu ter bebido, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. No interior do carro foram localizadas quatro garrafas e uma lata de cerveja, todas vazias. Depoimentos e provas colhidas por policiais do 4º Distrito Policial dão conta de que o sapateiro começou a beber por volta das 16 horas do dia anterior ao acidente. Imagens de câmeras de um posto de gasolina da avenida Major Nicácio mostram Silva e um amigo comprando bebidas alcoólicas na loja de conveniência, na madrugada do dia 20.
Agora, com a liberdade de Silva, a revolta da filha de Aparecida é ainda maior. “Depois de ficar alguns dias preso, ele chegou em casa, encontrou a mãe dele e agora está lá com ela. Já eu, estou na minha casa sem a minha mãe e sem o meu chão, porque ele fez com que minha vida e meus planos mudassem. Ele tem que pagar e ele vai pagar. Se não for na justiça dos homens será na justiça de Deus, porque eu acredito em Deus e sei que ele não vai me desamparar nesta hora.”
Abalados
A família de Roselane também participará do protesto. Ela deixou marido e três filhos, duas meninas e um menino. Até o início da tarde de ontem, seu marido não sabia que Silva estava em liberdade. Segundo a cunhada de Roselane, ¶ngela Aparecida Santana da Silva, seu irmão está calado e abatido.
“Nossa família é muito unida. Sabemos que nada vai substituir a companheira de luta dele, porque a Roselane era tudo para ele. De uma hora para outra, ele está tendo que ser mãe e pai. Ele que cozinha, ele que lava a roupa das crianças... Era a mãe que fazia e agora é tudo ele, porque os filhos são pequenos. Os dois combinavam muito, até que veio este moço e tirou a vida dela.”
Os filhos também estão abalados com a ausência de Roselane. De acordo com ¶ngela, a mais velha tem 14 anos e também está calada como o pai. A menina do meio, de 9 anos, e o caçula, de 2, são os que mais questionam o que aconteceu com a mãe deles. “O pequenino de 2 anos chama ela toda hora. O meu irmão e a mais velha procuram não falar no assunto. A de 9 anos e o pequenino falam muito dela. Eles perderam a mãe quando mais estavam precisando dela.”
Defesa
O Comércio tentou contato com Silva através de seus advogados, mas a defesa alegou que ele está bastante abalado com a situação. “Ele está em Franca e não vai sair da cidade, só não vai ficar na rua. Como se diz, ele ganhou a liberdade provisória, mas continua preso dentro de casa”, disse o advogado Tiago Siqueira.
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