Luiza Márcia Aleixo Barcelos, 42, ou, simplesmente, Luiza Barcelos, batiza uma das mais cobiçadas grifes de bolsas e calçados femininos do Brasil. É ela a responsável pela criação de sete coleções lançadas anualmente, três no verão e quatro no inverno. Luiza cuida ainda do departamento de marketing da grife nascida há 25 anos, em Belo Horizonte, pelas mãos da mãe dela, a Dona Dorinha (Maria Auxiliadora Barcelos).
Luiza não é a única da família a trabalhar na empresa. Ao seu lado, estão os três irmãos, Rosa, Lúcia e Luiz Raul. A grife se prepara agora para receber a terceira geração Barcelos. Isabela, neta de Dorinha, se formou em moda e assume em breve o e-commerce da marca, que produz cerca de 3,8 mil pares de sapatos por dia em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, empregando 400 funcionários. Na Francal há mais de 10 anos, a estilista Luiza Barcelos lança cerca de 119 modelos neste ano e aproveita para estreitar relação com o cliente. “Nosso segredo é levar para nosso consumidor o ‘jeitinho mineiro’. Fazemos sapatos porque conhecemos nossos clientes e atendemos, literalmente, o gosto e as necessidades de cada um”, afirma.
A Luiza Barcelos existe há 25 anos e se consolidou como uma das mais importantes grifes no Brasil. Alcançou o que a maioria busca, valor agregado, com calçados que são considerados artigos de luxo. Como foi o início? A empresa surgiu de um ímpeto da minha mãe, a Dona Dorinha. Os quatro filhos estavam criados e ela queria mais responsabilidade. Um belo dia ligou para o papai, um empresário do ramo de distribuição de peças, e disse: “Deposite dinheiro na minha conta pois estou comprando uma fábrica de calçados”. No começo, ele resistiu e sugeriu que ela procurasse uma turma de terço para rezar, mas depois pensou melhor. Ela tinha muito bom gosto e nós éramos em três mulheres em casa. A fábrica de calçado seria o futuro das filhas e meu irmão ficaria com a empresa de peças do papai. Hoje trabalhamos todos juntos.
Você tem mais três irmãos. Por que batizou o seu nome foi escolhido para a marca?Eu era a única menor de idade e, para ser sócia da empresa, teria que me emancipar, o que levaria muito tempo. Papai então teve a ideia: minhas irmãs seriam sócias e eu batizaria. Quando fiz 21 anos passei a ser sócia também.
Você assina as coleções. Como o estilismo surgiu para você? Tinha 18 anos, minha mãe tinha uma estilista e um belo dia me disse: “A partir de hoje é você quem desenha a coleção”. Eu fazia design, desenhava móveis e relutei para fazer sapato. Relutei, mas não fugi. Em um tempo em que eram comuns coleções de sapatos fechados, apostei em sandálias. A primeira era um modelo vazado, ainda cortado à faca, pois não tinha laser. Sem querer, acabamos fazendo disso uma das nossas principais características. Até hoje a maioria da coleção é de sandálias.
A marca nasceu familiar e continua assim. Ao que consta, sem pretensão de abrir capital. Qual o segredo do sucesso?Sem pretensão nenhuma de abrir capital. Nós nos profissionalizamos, mas mantivemos o controle na família. Sempre buscamos ajuda e sabemos que é preciso melhorar sempre. Temos consultorias, buscamos auxílio de profissionais de fora da família Barcelos, mas o controle é nosso. Mamãe fundou a marca, os filhos trabalham nela até hoje e minha sobrinha se prepara para entrar na empresa cuidando do e-commerce. O segredo, eu acho, é respeitar o outro, tomar as decisões juntos e, mais do que isso, manter as raízes.
Minas Gerais continua sendo a ‘casa’ da Luiza Barcelos, mas hoje a marca produz também no Sul do País. Como funciona isso? Minas sempre foi referência de moda, principalmente com roupas. A produção de calçados era menor no Estado do que é hoje. Atualmente a Luiza Barcelos é a maior empresa de moda de calçados em Minas e nós temos muito orgulho disso. Mesmo assim, porém, tivemos que ir para o Sul para manter o crescimento. A parte técnica e de modelagem é feita na unidade do Sul. Minas Gerais ficou com o desenvolvimento e parte da produção.
Em que você se baseou para fazer a coleção lançada na Francal? Trouxemos 119 modelos, mas não há uma aposta. Não acredito em tendência única. As pessoas têm sua personalidade, seus diferenciais, e não é possível fazer um sapato ou sandália únicos. Nosso diferencial é o contato direto com o consumidor. Nas redes sociais, por email ou pessoalmente eles são sempre ouvidos. Com certeza, a Francal nos ajuda a estreitar esse canal de comunicação. Mais do que a venda, o que me interessa é estar com o cliente e saber o que ele quer de nós.
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