O telefone público, apelidado pelos brasileiros de orelhão, virou item raro nas ruas e na rotina dos francanos. Em 2010 havia 2.435 aparelhos na cidade. Atualmente o número é de 1.605 orelhões, o que representa uma redução de 34%. O principal culpado pelo sumiço dos orelhões são os celulares que hoje existem em maior número do que habitantes no país. Até março deste ano existiam 273,58 milhões de linhas ativas na telefonia móvel no Brasil, enquanto a população brasileira é aproximadamente de 200 milhões de habitantes. Somente na área com DDD 16, a quantidade de celulares em março somava quatro milhões.
“Com a democratização do serviço o telefone celular acabou substituindo os orelhões. Fazemos a manutenção nos aparelhos a cada 90 dias e não é raro as vezes que os registros mostram que aquele aparelho não foi usado nenhuma vez no período”, disse o coordenador regional da Algar Telecon de Franca, Erly Henrique Silva.
A cabeleireira Melissa Cristina Antoniete, 32, possui celular, mas para economizar preferiu usar um orelhão na Praça Nossa Senhora da Conceição para solucionar um problema de seu salão. “Precisava ligar para um telefone fixo de outra cidade e se fizesse isso pelo celular ficaria muito caro. Compensou usar o orelhão, pois paguei R$ 3,50 em um cartão de 30 unidades e ainda sobraram 12. No celular iria sair muito caro.”
A falta de créditos no aparelho celular fez a coladeira de peças Pâmela de Oliveira, 23, optar por utilizar um orelhão no Centro. “Compensa usar porque estou ligando para fixo. Mas o orelhão me ajuda também quando acaba a bateria do celular, ou quando eu esqueço o aparelho em casa.”
Empresas que oferecem o SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) por uma linha 0800 não costumam aceitar chamadas de telefones celulares. Foi por isso que a doméstica Sônia Castilho recorreu ao telefone público para chamar um mototaxista já que a empresa não recebe ligações de celulares em sua linha 0800. “Está ficando difícil encontrar orelhões e, quando tem, nem sempre funcionam. Numa hora dessas a gente sente falta.”
Extinção
A sensação de queda no número de telefones púbicos sentida por Sônia e confirmada pelos números também é percebida quando nos deparamos nos bairros com pequenos pilares azuis vazios, mas que já sustentaram um orelhão tempos atrás.
A média de aparelhos existentes hoje na cidade é de cerca de cinco orelhões para cada mil habitantes, número maior do que o exigido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que é de quatro telefones públicos por mil habitantes.
“O serviço tem pouca relevância hoje para a população perto de outros como o celular. Para nós, como empresa, ele não tem nenhum atrativo. Mantemos os aparelhos mais para cumprir uma exigência que a Anatel faz para as concessionárias de telefonia”, disse Silva.
A dona de casa Ionice Barbosa Santana, 64, mora há 12 anos na rua Diogo Feijó. Na porta da casa de Ionice um postinho azul mostra que um dia ali já existiu um orelhão. “Já faz uns seis meses que tiraram o orelhão daqui, mas não me faz falta. Eu mesma usei uma vez só desde que moro aqui.”
As duas linhas de celular que a manicure Ana Lúcia Andrade, 34, possui fazem com que ela não sinta falta do telefone público. “Nem me lembro a última vez que usei um orelhão.”
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