Gente como a gente


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O reencontro do elenco do vencedor do Oscar  de melhor filme, Gente Como a  Gente (da esquerda para direita: Timothy Hutton, Elizabeth McGovern, Mary Tyler  Moore, Donald Sutherland, Judd Hirsch e o diretor Robert Redford)
O reencontro do elenco do vencedor do Oscar de melhor filme, Gente Como a Gente (da esquerda para direita: Timothy Hutton, Elizabeth McGovern, Mary Tyler Moore, Donald Sutherland, Judd Hirsch e o diretor Robert Redford)
O Cinema e Psicanálise deste mês trará os comentários do filme Gente como a gente (Ordinary people), produção datada de 1980, ganhador de Oscars nos quesitos de filme, diretor, ator coadjuvante e roteiro adaptado; e quatro Globos de Ouro.
 
Há no título do filme, quer na tradução ou no original, uma ideia que nos remete ao familiar, ao comum, a algum tipo de identificação. Coisa de gente. Encontros e desencontros? Acontecimentos felizes? Tragédias? Aquelas que acontecem lá fora e outras que acontecem dentro da gente, feito tsunamis, sem pedir licença, hora ou lugar? Nós, gente, que sentimos dores e não sabemos o que fazer com isso.
 
Aconteceu com a família de Conrad uma tragédia. O filho mais velho morreu em um acidente. Dor que beira a insuportabilidade. Pais não deveriam sobreviver aos filhos e nem filhos poderiam perder pais em idade que não conseguem cuidar de si. É des-humano, mas acontece.
 
Como um tsunami, tudo o que estava configurado de uma certa forma, se desfaz. Rachaduras profundas que estavam escondidas, que poderiam passar despercebidas por toda uma vida, vão aos poucos aparecendo na penumbra e ficando cada vez mais nítidas. Aparece a mãe metálica, que rejeita o filho que sobreviveu ao acidente. Ela quer viver a vida como se nada tivesse acontecido e acredita ser isso possível. A realidade é uma, mas ela vive outra. Não sabe que, diante da morte de um filho, se congela uma parte da vida afetiva, toda a mente fica congelada. Não nos parece familiar? 
 
Conrad, o filho sobrevivente do acidente no mar, não consegue viver outra tragédia, mais insuportável para ele, que é o fato de ter sido mais forte, lidado melhor com seu medo, percebido o perigo durante o acidente. Paradoxal e humano. Gente como a gente.
 
O pai tenta ajudar o filho, percebe que o filho precisa de cuidados. É um pai amoroso, que não foge do que sente e este contato consigo também o faz perceber um sentimento de estranheza em relação à esposa. Estranho nos remete ao novo que é também familiar. Complexo e ao mesmo tempo profundamente humano.
 
Conrad, com sorte e talento, conta com a ajuda de um terapeuta. Presença viva, capaz de estar por inteiro dentro desta relação humana, ajuda Conrad a passar de um estado de mente inanimado para o animado, da morte para vida. Vínculo propiciando reaproximação e vivência de experiências emocionais. Amor, confiança, criatividade. Coisa de gente. 
 
São as experiências emocionais e o aprender com elas que nos define como humanos. Para que isto aconteça, precisamos estar dentro da experiência e não vivê-las como mero expectador. Esta é a possibilidade que temos de nos conhecer, conhecer o outro: nomear o que se sente e saber o seu significado.
 
Há diferença entre sofrer e sentir, entre falta e ausência. Como no poema de Carlos Drummond de Andrade, Ausência, que diz que ‘não há falta na ausência/ a ausência é um estar em mim’, Conrad soube viver e apreender esses significados.
 
Nós do Cinema e Psicanálise, nos sentimos muito felizes em poder construir um ambiente favorável para que emoções profundas possam ser sentidas e compartilhadas. Para este evento contamos com a colaboração de Josimara Magro F. De Souza, psicanalista, membro associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto e psicóloga que fará os comentários.
 
Sobre o filme ela diz: Gente como a gente marcou a estreia de Robert Redford na direção. De forma simples, delicada e profunda, conta a respeito de uma família despedaçada após a trágica perda de um filho e a luta de seus membros para sobreviver à dificuldade enorme de comunicação entre os pais e o filho mais novo, atormentado pela culpa. Um filme que fala de dramas humanos: a dor do luto, nossa tendência à evasão da verdade, a culpa, dramas de gente como a gente, o que certamente propiciará muita conversa’. Vamos?
 
Onde assistir
Cinema e Psicanálise
Onde: Rod. Franca - Claraval 
Centro médico de Franca  
Quando: 10 de maio de 2014
Horário: 14h30

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