A boneca Emília


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“Emília foi feita por tia Nastácia, com olhos de retrós preto e sobrancelhas tão lá em cima que é ver uma bruxa. Apesar disso Narizinho gosta muito dela; não almoça nem janta sem a ter ao lado, nem se deita sem primeiro acomodá-la numa redinha entre dois pés de cadeira.” 
 
É assim que Emília é apresentada  ao leitor no  quarto parágrafo do primeiro capítulo do livro Reinações de Narizinho, escrito por Monteiro Lobato (1882- 1948).
 
Emília era muda até engolir uma pílula falante dada pelo doutor Caramujo. “Emília engoliu a pílula, muito bem engolida, e começou a falar no mesmo instante. A primeira coisa que disse foi: ‘Estou com um horrível gosto de sapo na boca!’ E falou, falou, falou mais de uma hora sem parar. Falou tanto que Narizinho, atordoada, disse ao doutor que era melhor fazê-la vomitar aquela pílula e engolir outra mais fraca. 
 
Esta boneca fez e ainda faz muito sucesso. Do livro ela pulou para os palcos do teatro e, depois, para a televisão na série Sítio do Picapau Amarelo.
 
Inteligente e atenta a tudo, Emília diz coisas interessantes, profundas e engraçadas para os outros personagens do sítio e para leitores e espectadores.  Veja como ela explica a sua evolução de boneca para gente: “ Muito simples. Eu de fato fui boneca de pano. Mas evoluí e virei gente. Eu sou a evolução gental daquela bonequinha pernóstica. Como? Artes do mistério. Fui virando gentinha e gente sou. Belisco-me e sinto a dor da carne. E também como.”  Agora  aprecie a forma como ela vê a vida: “A vida, senhor visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos- e viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. É o dia e a noite. É portanto um pisca-pisca.”
 
Muito inteligente a Emília!

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