Promotor vai investigar suposta compra de votos em Capetinga


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O ex-candidato a prefeito José Donizete Faleiros (DEM) aparece em vídeo em que deputado ensina a comprar votos
O ex-candidato a prefeito José Donizete Faleiros (DEM) aparece em vídeo em que deputado ensina a comprar votos

A suposta compra de votos por candidatos de Capetinga (MG), nas eleições municipais de 2012, pode parar na Justiça. O promotor eleitoral da Comarca de Cássia (MG), Gilson Walmir Falcucci, pediu ontem a instauração de um inquérito para apurar a suspeita de corrupção eleitoral que surgiu com uma matéria exibida pelo Fantástico, da Rede Globo, no domingo.

Em um vídeo gravado em setembro do ano passado, o deputado federal Aelton Freitas (PR/MG) aparece em uma reunião ensinando políticos da cidade a comprar votos e denegrir a imagem de adversários. Na gravação aparecem o então candidato a prefeito de Capetinga, José Donizete Faleiros (DEM), seu vice Adriano José Teodoro de Souza (PMDB), o ex-prefeito Carlos Roberto Custódio (PTB), além de um assessor do deputado.

Os moradores de Capetinga afirmaram na reportagem da Rede Globo que a compra de votos é comum na cidade. “Eu requisitei instauração de inquérito para apurar qual seria o envolvimento, não só das pessoas da reunião, mas de quaisquer outras pessoas na compra de voto em Capetinga”, disse o promotor eleitoral ao Comércio.

Os ex-candidatos Donizete e Adriano são suspeitos, de acordo com a reportagem do Fantástico, de oferecer dinheiro, serviços e bebidas em troca de votos. Donizete diz que não era necessário comprar votos, porque liderava as pesquisas. Mas afirma que a prática não funciona. “Se a pessoa for um pouco inteligente, vê que a estratégia [de compra de votos] é falha. Como que a pessoa vai assinar um documento pra entregar pra um eleitor que você não sabe se esse eleitor é seu?”

Ele afirma que a denúncia é uma “jogada política” do atual prefeito, Daniel Bertholdi (PSDB), que teria comprado o vídeo de um ex-colaborador da campanha de Donizete. O prefeito desmente. “O que sempre interessou pra mim foi ganhar as eleições de maneira correta, com honra, dignidade e sem compra de votos.”

Os moradores da pequena cidade mineira reclamam da falta de médicos, ambulância e remédios. “Eles dão dinheiro, material de construção e bebida na época da eleição, mas depois não colocam nem remédio no postinho”, afirmou a dona de casa Maria Aparecida Souza, 43.

INCITAÇÃO AO CRIME
No vídeo gravado em setembro do ano, o deputado Aelton Freitas (PR/MG) aparece ensinando políticos a comprar votos e inventar calúnias de adversários durante a campanha. O ex-candidato a vice-prefeito Adriano José Teodoro de Souza (PMDB) afirma que o parlamentar estava “brincando” e “dando exemplo de outras cidades”, mas admite que foi infeliz nos comentários. “Ele, como ex-senador e deputado, não deu um bom exemplo.”

De acordo com o promotor, o vídeo foi encaminhado à Procuradoria Geral da República, em Brasília, no início deste mês. “O que há ali, a meu ver, é a prática de um crime chamado incitação ao crime, que vem previsto no artigo 286 do Código Penal, por parte do deputado federal.”

O ex-prefeito de Capetinga, conhecido como Carlito, conta que o vídeo foi oferecido ao deputado em troca de R$ 20 mil. “Uma moça chantageou o deputado. Ela pediu dinheiro para ele. Como ele não cedeu às pressões, ela levou ao prefeito.”

O deputado Aelton Freitas não foi encontrado para falar sobre o assunto.

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