Em meio a dias tão corridos em que travamos uma eterna briga com o relógio para conseguir tempo para reuniões, trabalho, academia, família, cursos e outros compromissos que parecem não caber em 24 horas, fica difícil parar. Simplesmente parar. E nesse estresse do dia a dia costuma fazer bem sentir o cheiro de mato, caminhar em meio a árvores, ouvir o canto dos pássaros e o barulho do vento. Na nossa região, existe um lugar que permite essa pausa. É pertinho. Quase ninguém conhece. E é muito bonito.
Ele fica a apenas 40 minutos de Franca. O Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus, em Pedregulho, é um dos 32 parques estaduais de São Paulo e o único da nossa região. Como em 5 de junho, próxima quarta-feira, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Comércio elegeu o parque como representante da data na região e visitou o local para saber o que está “escondido” na extensa área que ocupa. E descobriu curiosidades e cenas belas de se ver e de se sentir.
A área total do parque supera os dois mil hectares. Para se ter ideia, o perímetro é de 35 quilômetros e, medido de ponta a ponta, atinge dez quilômetros. Abriga centenas de espécies animais e vegetais. E o bom: é aberto à visitação, que é gratuita. No parque existem trilhas para caminhadas, feitas sempre acompanhadas por monitores.
A equipe do Comércio conheceu a Trilha do Mirante, com 1,3 quilômetro. Por esse trajeto há cascatas e poços, pássaros, borboletas - a de asas azuis costuma aparecer para os visitantes - e várias espécies de plantas. Entre elas os cipós que formam esculturas no meio da mata verde; a pita com folhas em formato de espada que são usadas para fabricar rolhas e gaiolas; além da árvore orelha de macaco, que tem os frutos negros e com formato que lembra mesmo a orelha dos animais. A lobeira ganha esse nome porque o fruto é alimento para os lobos-guarás que vivem no parque e serve como vermífugo para eles.
No local foram catalogados até o momento 947 tipos de plantas. E foi numa dessas árvores que o tamanduá-mirim “posou” para a sessão de fotos. Típico do habitat do parque, é uma das 316 espécies cadastradas no local, mas raramente visto. Acostumados a circular pelas trilhas, os funcionários ficaram surpresos ao encontrá-lo no caminho comendo formigas. O gestor do parque, Carlos Scandiuzzi, o agente de apoio à pesquisa Eurípedes Macedo e as monitoras ambientais Gabriela Branquinho e Sílvia Araújo comemoraram o encontro.
O nome da trilha é porque há um mirante no meio do percurso. Feito de madeira, tem três metros e meio de altura e permite aos visitantes, no alto, sentir o vento - frio - e avistar as furnas com as encostas forradas pelas árvores. Os também chamados canions chegam a ter 300 metros de declividade. A vista é impressionante.
No trecho final da trilha, é possível conhecer animais típicos do parque embalsamados, como onça parda, tamanduá bandeira e quati. Eles foram atropelados ou encontrados mortos no recinto, embalsamados e ficam em exposição no Centro de Convivência Ambiental. Essa área foi feita dentro de um curral antigo de um sítio. Antes de ser criado, em 1989, sitiantes viviam na área do parque. As propriedades foram desapropriadas e o Parque das Furnas do Bom Jesus iniciou as atividades em 1991. O local está sob gestão da Fundação Florestal.
No passeio é fácil se deparar com gaviões, tucanos, joão de barro e outros pássaros que fazem parte da lista de 233 aves catalogadas na área. Se tiver com sorte, o visitante ainda pode cruzar com o belo pica-pau da cabeça vermelha. Certeza de se ver são as belas araras canindé. A Polícia Ambiental retirou três casais de um zoológico e soltou no parque de Pedregulho. Elas fixaram moradia em árvores perto da sede e seus gritos são sempre ouvidos e denunciam onde estão.
CASCATA GRANDE
O Parque das Furnas do Bom Jesus abriga uma gigante cachoeira. Com 130 metros de queda, é a segunda maior do Estado, de acordo com funcionários do parque. Mas os visitantes raramente vão até ela porque o acesso é difícil e demorado. São 4 horas de caminhada só de ida.
As águas que banham o parque alimentam o Rio Grande. O Ribeirão Bom Jesus corta a área no vale das furnas, por isso o nome Parque Estadual das Furnas do Bom Jesus.
O local também é berço para pesquisas científicas. Atualmente sete estão em andamento, para catalogar espécies, por exemplo. São pesquisadores de instituições renomadas, como USP, Unicamp e Ufscar.
MELHORIAS
O Parque espera fechar 2013 com saldo de sete mil visitantes. O gestor Carlos ressalta o potencial do local, mas reconhece que é preciso investir em infraestrutura para incentivar as visitações. “Hoje conseguimos receber as pessoas, mas é possível fazer algumas mudanças para recebê-las ainda melhor.”
Carlos assumiu o cargo em setembro de 2012 e percebeu algumas necessidades, como a de instalação de sanitários e até de uma lanchonete para atender o público. Mas isso ainda está no plano das ideias. De concreto há pelo menos dois projetos que esperam licitação para contratação de empresas para executá-los. Recursos vindos de compensações ambientais que empresas terão de fazer permitirão reformar a Trilha do Mirante e a construção de um novo mirante. A proposta é que ele avance cerca de 30 metros sobre os canions e permita aos visitantes “sobrevoarem” as furnas.
VISITAS
As visitas para turmas de escola e público em geral são gratuitas e podem ser feitas todos os dias da semana, mas é preciso agendá-las. Se a visita for sábado, domingo ou feriado é preciso comunicar com uma semana de antecedência e, se for durante a semana, três dias antes. O Parque possui 16 funcionários. Todas as visitas são monitoradas e é preciso prazo para organizarem as escalas de trabalho dos funcionários. O funcionamento é das 8 às 11 horas e das 13 às 17 horas durante a semana. Aos fins de semana e feriados, o horário é das 8h30 às 16 horas. O telefone é (16) 3171-1118.
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