Por Ana Catarina Prebill e Bruno Piola
Passava das 16 horas quando Sabrina Almeida, de 28 anos, conhecida no universo das subcelebridades como Sabrina Boing Boing, recebeu o Comércio da Franca no quarto 1 do motel Oásis, em Franca, no dia 17 de maio. A cara de sono, o rosto sem maquiagem e o cabelo preso de forma desarrumada denunciavam que a noite tinha acabado há pouco tempo para ela. Sabrina, que além de modelo é DJ, havia tocado durante a madrugada numa boate, na zona norte de Franca. Pediu à reportagem 15 minutos e voltou renovada com maquiagem, batom vermelho, um microshort e uma camiseta sem sutiã.
Boing Boing virou o sobrenome artístico graças à avantajada comissão de frente, fruto de seis intervenções cirúrgicas para colocar silicone. Hoje com 2,5 litros em cada mama, o boing boing é, segundo ela mesma, o som que os seios fazem ao se movimentarem com ela.
Toda a fartura que Sabrina carrega no corpo tem seu preço, e ele não é apenas financeiro. Ela admite que sente dores frequentes na coluna e que é quase involuntário curvar os ombros para frente para tentar aliviar o peso de cinco quilos que carrega nos peitos. Sabrina Boing Boing, porém, parece não ligar para isso, pois se prepara para entrar novamente na sala de cirurgia para trocar as próteses de 2,5 litros por outras com 3 litros. Só não fez isso ainda porque as fábricas de silicone não produzem, por motivos óbvios, em larga escala, esse tamanho de prótese.
No corpo da modelo-dj, o silicone não é, porém, a única coisa que chama a atenção. Ela perdeu as contas de quantas tatuagens tem - os desenhos vão de estrelas no rosto a caveiras e corações espalhados pelo corpo -, mas enumera na ponta da língua o local dos seus cinco piercings: boca, nos dois lados da bochecha, nariz e, o primeiro a ser colocado, na vagina.
Ela é presença constante nos sites de fofocas de subcelebridades, na maioria das vezes com fotos bizarras, como a em que aparece “amamentando” um bezerro. Só que Sabrina jura de pés juntos que não procura a mídia e que gostaria mesmo é de aparecer na imprensa pelo seu trabalho como DJ. “As pessoas me julgaram pela foto com o bezerro. Era só uma foto bonitinha... Postei sem intenção de ‘causar’.”
Comércio da Franca - Você diz que gostaria de aparecer pelo seu trabalho como DJ, mas não dá para negar que, principalmente, os seios tamanho GG chamam a atenção. Quais suas medidas?
Sabrina Boing Boing - Tenho 1,72 metro e peso hoje, depois de uma lipoaspiração nas costas e abdome, 67 quilos. Gosto do meu corpo, mas se pudesse escolher preferiria aparecer pelo meu trabalho, não pelo meu corpo. Gostaria de mostrar quem sou de verdade. É por isso que sendo DJ me realizo, porque sei o quanto é difícil o que estou fazendo. Quando vejo a galera delirando na pista com o meu som, tenho prova de que não sou só peito, sou cérebro também.
Comércio - Mas você começou como modelo?
Sabrina - Sim. Sou de uma família bem humilde de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e comecei a trabalhar cedo, com 13 anos. Tinha o sonho de ser modelo, fiz um curso em uma agência da cidade e os primeiros trabalhos incluíam panfletagem com as meninas mais ‘ajeitadinhas’. Depois comecei a trabalhar numa balada chamada Ibiza como bartender. O dono abriu uma filial em São Paulo e em 2003 chamou umas 15 pessoas que trabalhavam no Sul para se mudar para a capital paulista.
Comércio - Modelo-panfleteira, bartender e DJ. A televisão surgiu como no meio de tudo isso?
Sabrina - Nessa época ainda não era DJ, nem sonhava com isso. Trabalhava no bar da balada em São Paulo, mas estava cansada, ganhava pouco e resolvi dançar na boate. Tinha acabado de colocar 900 ml de silicone [antes tinha prótese de 300 ml, depois 450 ml] e um produtor da MTV me viu dançando e me convidou para um teste. Meu papel era um cover da Pamela Anderson, que sempre admirei pelos peitões. Comecei a gravar no final de 2005 e e foi lá que surgiu a Boing Boing. Usava aquele maiô vermelho de salva-vidas e entrava correndo. O peito era grande e pulava, o Marcos Mion falava: ‘Lá vem ela, a Pamelinha Boing Boing!’. Era o barulho que os seios faziam, uma onomatopéia.
Comércio - Qual seu diferencial como DJ?
Sabrina - O físico ajuda, me diferencia bastante, até porque não tem muitas mulheres no ramo e as que têm não são muito para o lado sensual, da coisa mais sexy. São coisas mais deslocadas, um negócio mais underdround. Sem dúvida, o estilo de música que toco é uma música pesada para mulher. Mulher geralmente toca house, uma coisa mais “de boa”. Toco eletro, som pesado que muitos homens não tocam, é bem difícil.
Comércio - Mesmo focada na música, você trabalha com o corpo. Já recebeu propostas indecentes?
Sabrina - Sempre recebo, desde antes da fama, mas toda mulher que se expõe tem esse assédio. Lido de maneira natural quase sempre, às vezes simplesmente me nego, mas se estou de TPM sou mais ríspida, respondo: ‘Quanto é? Pergunta para sua mãe’.
Comércio - Como foi sua passagem pelo grupo Sexy Dolls e essa fase de ‘girlband’?
Sabrina - Começamos em 2009 e terminamos no mesmo ano. Durou nove, dez meses no máximo. Era eu, a Júlia Paes e a Carol Miranda. O assessor de nós três era o mesmo e na época estava muito em alta o clipe Single Ladies, da Beyoncé. Ele sugeriu gravar igual elas. Cantávamos um pouco de funk e pop. Por acaso já tinha uma letra de música pronta, só precisava gravar a voz. Era a Teu Beijo, que foi a primeira música que a gente gravou. Eu era super fã das Pussycat Dolls, achava elas super sexies e pensei que podíamos nos inspirar nas meninas, até no figurino.
Comércio - E por que acabou?
Sabrina - A gente fez muito sucesso, trabalhávamos muito, mas a Júlia começou a namorar e estava meio distante. Ela engravidou e disse que ia sair do grupo. Até tentamos encontrar uma outra menina para colocar no lugar, mas acabou que não achamos. No fim, foi bom para mim como profissional o fim do grupo, porque foi depois disso que iniciei as aulas de DJ.
Comércio - A Júlia e a Carol, ambas do grupo Sexy Dolls, fizeram filme pornô. Você já foi convidada?
Sabrina - Sim, mas não é para mim. Não tenho preconceito, mas as pessoas têm. Acho o brasileiro hipócrita porque assiste filmes pornôs e depois reclama e julga quem faz. É o falso moralismo que vem da própria televisão. [Os programas de TV] usam e abusam do físico das mulheres peladas e depois reclamam que está tudo muito vulgar.
Comércio - Você defende a ideia de que a Sabrina Boing Boing é um personagem, diferente da Sabrina Almeida. O que a ‘Almeida’ faz que as pessoas nem imaginam?
Sabrina - Tem muitas coisas. Ninguém sabe, por exemplo, que sou católica. Não das mais praticantes, mas, na Sexta-Feira Santa, estava na igreja com meu namorado. Quem me conhece sabe que posso ser siliconada e tatuada, mas que tenho os pés bem no chão e tenho minhas crenças.
Comércio - Você segue uma rotina? Como é sua agenda?
Sabrina - Não muito. Quando estou em São Paulo, geralmente acordo tarde, trabalhando muito no computador à noite, por causa das músicas. Aí levanto mais ou menos às 11, tomo café, cuido da minha casa e dos meus bichos. Tenho rato, cobra e gato em casa.
Comércio - Você mora em uma chácara em São Paulo para criar esses animais?
Sabrina - Moro em apartamento e meus vizinhos nem sabem deles [risos]. Tenho quatro gatos, um rato e um casal de cobras corn snake. O rato é o ‘Cheiradinho’, porque ele vive cheirando as coisas. Ele ia ser alimento para as cobras, mas me apeguei e deixei separado do casal de cobras. Ele é tão lindo, branco com bege. Solto e o bichinho corre e vem no meu ombro. Ele é rato de esgoto, mas é lindo. Esse tipo de rato é o mais esperto, eles viram um cachorro. Se eu o deixasse livre pela casa, ele andaria atrás de mim, mas ele fica preso por causa das cobras.
Comércio - Você deve gostar mesmo de animais. Divulgou algumas fotos em que aparece praticamente amamentando um bezerro. Foi uma jogada de marketing?
Sabrina - Não. Não tenho esse negócio de querer estar na mídia. Não procuro. São eles que me querem, porque eu dou bons números. Sobre as fotos, sou assim, espontânea, e postei as imagens para mim, na minha conta do Instagram, não era para cair na mídia. A foto do bezerro foi tirada no interior do Rio Grande do Sul, em uma viagem. Não tinha nada para fazer e eu e minha amiga que viajou comigo saímos para dar uma volta no campo. Tinham dois bezerros, na minha cabeça veio assim: ‘Pô, já vi tanta gente mamando na vaca, será que o bezerro mama em pessoa?’ Levantei a blusa e minha amiga clicou, mas eu não botei o peito, até porque o bezerro tem dente. Ele ia mamar se deixasse, mas eu tirei. Achei a foto engraçada na minha cabeça. Não vejo a maldade que muita gente vê. Aí o povo já achou que era zoofilia, mas era só uma foto bonitinha de uma coisa maternal. Postei sem intenção de causar (confira as fotos no portal GCN).
Comércio - Mas mesmo depois de toda repercussão da foto com o bezerro, você postou uma sua com um avestruz, no mesmo estilo. Você não estava querendo aparecer?
Sabrina - O avestruz foi quase a mesma coisa. Estava indo tocar no interior do Espírito Santo com meu produtor. Paramos para comer na estrada e tinha dois avestruzes no restaurante. Comecei a interagir com eles, dei comida na boca. Estava com um acessório de Carnaval colado no peito por causa de um documentário que tinha gravado. Pensei ‘nossa, tudo que avestruz vê ele quer comer, será que esse treco brilhando vai chamar a atenção?’. Levantei a blusa e eles vieram, meu assessor tirou foto e postei. Pronto, bastou. Não fiz uma foto sensualizando, até porque acho isso nojento e um desrespeito com o animal.
Comércio - O que sua família acha quando vê essas notícias na mídia?
Sabrina - Não tenho contato com eles. Minha mãe faleceu há dois anos e ela era o meu elo com os irmãos. Meu pai é evangélico e não aceita meu trabalho. Ele é do tipo radical que não tem nem televisão em casa. Meus irmãos estão dispersos, pelo mundo. Hoje em dia minha família é meu namorado, que conseguiu ver a diferença da Sabrina Boing Boing personagem e da Sabrina Almeida.
Comércio - A atriz Angelina Jolie retirou os seios porque descobriu que poderia desenvolver câncer de mama. Você faria o mesmo?
Sabrina - Ela já não tinha peitão, não vai fazer muita diferença, mas acho que a saúde deve estar em primeiro lugar. Se tivesse risco, não pensaria duas vezes e também tiraria. A vida é mais que um par de peitos.
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