Yakisoba


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O segredo de um bom yakisoba está no ritual com que os orientais o preparam e nós ocidentais podemos imitar: cada ingrediente em sua ordem e tempo
O segredo de um bom yakisoba está no ritual com que os orientais o preparam e nós ocidentais podemos imitar: cada ingrediente em sua ordem e tempo

“Itadakimasu (Obrigado pela comida que vou comer) e gochisou sama (Obrigado pela comida que acabei de comer)”
são duas expressões usuais entre os japoneses.


Ikebana, origami, hai kai, arigatou, kabuki, noh, raku-go, yosakoi, bunraku, sankioku, joruri, taiko, onsen, sento, mangá, anime, tonkatsu, saquê, yakisoba são palavras que já vão se incorporando ao vocabulário de brasileiros que convivem com japoneses e descendentes aqui chegados depois da Segunda Guerra. Elas traduzem manifestações culturais de um povo que se manteve fechado por séculos até a entrada na Era Meiji, mas depois se abriu a diferentes influências. Os termos que iniciam este parágrafo remetem à arte milenar de arranjos de flores, dobraduras no papel, poemas inspirados nas estações do ano, cumprimento, teatro culto, danças, cerimônias religiosas, histórias em quadrinhos, desenhos animados, arte popular, tempero, bebida. Cada palavra equivale a uma frase completa. E a última, yakisoba, pertence ao léxico gastronômico.

Com único esse ou dois esses, yakisoba /yakissoba, é nome de um dos pratos mais conhecidos da culinária nipônica e dos mais consumidos pelas classes populares no Japão. No último século chegou com os imigrantes a vários lugares do mundo. No Brasil, onde há japoneses tem yakisoba. Curiosamente, é comida de origem chinesa, portanto milenar. Sua tradução seria em português algo como “macarrão de sobá frito”.

Fácil de preparar, substancioso, nutritivo, leve e prático para comer, é vendido nas ruas das grandes e pequenas cidades japonesas, e é imprescindível nas festas populares, as “matsuris”. Em algumas regiões brasileiras tem presença forte: nos redutos orientais paulistanos como o bairro da Liberdade; no litoral paulista desde que as feiras de pratos típicos começaram a proliferar; também no Mato Grosso, onde a colônia é expressiva. Muitas vezes o yakisoba é vendido e consumido nas ruas, em cones descartáveis. Refeição completa, costuma levar três carnes (vaca, frango e camarão), vários tipos de legumes (cenoura, pimentão, brócolis, couve-flor), dois temperos básicos (cebola e cebolinha), alguma espécie de cogumelo, o imprescindível molho shoyu e, claro, o macarrão sobá, feito de trigo sarraceno e moldado como fios fininhos. Ele deve ser cozido e frito antes de incorporar-se aos outros ingredientes. Em país tropical, vale a substituição por espaguete ou linguine, embora já tenha se tornado habitual encontrar o “macarrão para yakisoba” nas mais conhecidas redes de supermercados. Vale também usar um único tipo de carne. Foi o que fizemos na receita que ilustra a página.

O segredo de um bom yakisoba reside no ritual com que os orientais o preparam e nós ocidentais podemos imitar. Nada de pressa, uma boa panela wok e ordem na colocação dos ingredientes garantem uma refeição única e deliciosa.

Comece cozinhado no vapor a cenoura cortada em tiras e os buquês de couve-flor e de brócolis. Eles devem ficar al dente. Também o macarrão necessita ser interrompido neste ponto: cozinhe em água e sal, escorra sem lavar, reserve. Prepare o molho com água, shoyu, saquê, maisena previamente dissolvida, uma pitadinha de sal. Leve ao fogo até engrossar, prove e reserve. Tempere as tirinhas de carne apenas com sal e refogue-as no óleo de gergelim quente. Quando dourar, acrescente as cebolas e mexa. Em seguida junte pimentões e cogumelos. Revolva por três minutos e agregue as tiras de cenoura, os buquês de brócolis e os de couve-flor. Vá juntando então o molho e mexendo. É importante que o molho “sobre” na wok, mostre-se suficiente para cobrir a massa a ser acrescentada. Frite o macarrão cozido no óleo de gergelim até que fique sequinho. Reúna-o aos outros ingredientes. Deixe ferver rapidamente, desligue e sirva. Se tiver um par de hashis, use-os, lembrando-se de que em mandarim a etimologia dessa palavra equivale a “objetos de bambu para comer rapidamente.” O advérbio de modo pode ser esquecido, claro.

Ingredientes

250 gramas de macarrão para yakisoba
150 gramas de filé em tirinhas
½ couve-flor pequena
½ maço de brócolis
2 cenouras médias cortadas em tirinhas
½ pimentão vermelho
½ pimentão amarelo
1 cebola grande cortada em pétalas
100 gramas de cogumelos cortados em lâminas
2 colheres (sopa) de cebolinha

Para o molho
4 xícaras (chá) de água
2 colheres (sopa) de maisena
1 xícara (chá) de shoyu
sal a gosto

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