Alexandre Ferreira foi dormir na madrugada de sábado para domingo como um servidor público que disputava a primeira eleição de sua vida. De cara, tentava logo a Prefeitura. Na tarde de ontem, foi consagrado pelas urnas como o próximo prefeito de Franca. O dia do candidato foi intenso, como ocorreu ao longo de toda a campanha.

Acordou cedo e, logo após tomar café, começou a trabalhar naquele que entraria para a história como o dia mais importante de sua breve carreira política. Se juntou aos apoiadores e foi acompanhar a votação. Não parou um instante para descansar. No fim da tarde, lá estava ele no comitê da Vila Raycos. A casa, onde foram feitas as reuniões e definidas a estratégia de campanha, foi o local escolhido para seguir a apuração. “Aqui, tudo começou. Aqui, vamos encerrar esta caminhada vitoriosa.”

A garagem estava lotada de assessores, vereadores, amigos e familiares dos candidatos. Em uma mesa ao fundo, havia computadores e rádios. Na medida em que os votos eram anunciados pelos locutores, a plateia vibrava como se fosse um gol em decisão de campeonato. Alexandre pouco ouviu os resultados divulgados pelas emissoras.

Inquieto, ele andava de um lado para outro. “Não tenho paciência para ficar parado. Procuro alguma coisa para fazer.” As comemorações dos apoiadores indicavam que a vitória era questão de minutos. Às 17h22, quando poucas urnas haviam sido apuradas. Ele falou ao vivo na rádio Difusora. Cauteloso, começou dizendo que era preciso aguardar o resultado final. Tentou manter o controle emocional, como fez ao longo da campanha. Desta vez, não conseguiu. A emoção foi mais forte e o homem de gelo desabou.

Durante a entrevista, o vice, Fernando Baldochi entrou na sala e chorou abraçado com Marcelo Facuri, coordenador de campanha do PSDB. Ao ver a cena, Alexandre também começou a chorar e se emocionou ao vivo. “É complicado... A gente sofreu muito, especialmente, no fim com panfletos anônimos e um monte de mentiras. Realmente, agora é hora de extravasar.”

Não demorou para que o comitê ficasse lotado. A rua ao lado foi tomada. Alexandre voltaria a chorar diversas outras vezes. Os rádios deixaram de transmitir a apuração para tocar o jingle de campanha e a música que embalava as vitórias de Ayrton Senna. Fogos e chuvas de papel saudaram o vencedor das eleições. Alexandre foi carregado pelos apoiadores e concedeu entrevistas. Cumprimentou vizinhos e ganhou um selinho da mulher, Cynthia. Em um momento de privacidade, se reuniu com a equipe de campanha em uma sala fechada para confraternizar. “É um grupo muito forte, unido. Ganhando ou perdendo, a gente estaria junto.” O primeiro compromisso como prefeito eleito foi ir à casa de Sidnei Rocha para agradecê-lo. A festa de comemoração estava marcada para a chácara do pai.