E o dr. Janjão?


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Penalizaram-no. Condenaram seu nome, de patrono do pronto-socorro referencial da cidade, ao limbo

Pronto Socorro referencial da cidade, reerguido em outro local, devia levar o nome de seu patrono. Era o mínimo que se podia fazer em respeito à sua obra em vida, sua família e à memória da cidade. Verdade que o prédio antigo, que agora deve se transformar em extensão – ou sede – do Pronto Socorro Infantil ‘Dr. Magid Bachur Filho’, não agasalhou só histórias que pudessem orgulhar o patrono. Ignorar seu nome não vai apagar situações que políticos querem esquecer, ou homenagear companheiros apunhalando a história. Janjão não está ai para se defender. Estivesse, certamente diria, com sua voz de barítono e jeito bravo de ser: ‘por que tenho que pagar por erros que não cometi?’

Insisto. A questão não é só semântica. Não foi o prédio do ‘velho’ PS que recebeu o nome de Janjão em abril de 1992, gestão do prefeito Maurício Sandoval Ribeiro. Pretendeu Maurício, ao encaminhar o projeto de lei de nomeação à Câmara, mais do que nomear paredes. Quis dar o nome de João Ribeiro Conrado, dr. Janjão, ao Pronto Socorro referencial para homenagear, perenemente, um experiente médico, ex-prefeito, como espelho para o dever municipal de garantir – como Janjão fazia – a saúde do povo, a causa da vida. Não dá então, para, simplesmente, ‘aposentar’, ou ‘despejar’ o patrono. Por tudo isso, seu nome deveria continuar. Certamente se tornaria revigorado no novo prédio.

Querem apostar que o povo, quando precisar, continuará dizendo que vai ao Janjão? Edson Arantes, colunista político deste Comércio, conversando comigo sobre a questão, lembrou-se de ríspido debate ocorrido na Câmara, em novembro de 2010, quando o prefeito Sidnei Rocha propôs o nome de Álvaro Azzuz ao então futuro prédio do PS. Você pode ler a matéria que Edson produziu na ocasião, em http://www.gcn.net.br/jornal/index.php?codigo=111839. Entristeço-me por Álvaro Jorge Azzuz, médico com quem privei amizade e rádio, bom comentarista esportivo que era, elevado à condição de patrono do ‘novo’ PS pela Câmara. À sua memória também dedico o mesmo respeito e reconhecimento que direciono a Janjão, de quem me lembro ainda de meus tempos de ‘Torquato Caleiro’, exames físicos iniciais de cada ano escolar.

A verdade verdadeira (e reforçar é importante) é que o Pronto Socorro foi apenas transferido de lugar, ganhou casa nova, maior, melhor aparelhada, para atender à demanda da Franca atual. Minha mulher, Lourdinha, antenada, pontuou-me: Janjão se tornou marca bordão, sinônima, e até substantiva para designar Pronto Socorro referencial de Franca’. Ela está certa. É algo como “por um Band-Aid”, “tomar uma Brahma”, “tirar um Xerox”, “fazer a barba com Gillette”.

Pena. Os francanos serão atendidos no Janjão ‘Álvaro Azzuz’, ou no Janjão de perto da Sabesp, ou no Janjão do Leporace, ou seja lá como for, mas será sempre Janjão. Álvaro Azzuz não merecia que não tivessem pensado nisso para valer. E Janjão não poderia ter sido condenado ao limbo, como se fez.

Há uma corrente de pensamento que diz que o nome Janjão continuará, sim, no prédio velho – rumo da ampliação do PS Infantil. Também discordo. Respeitem Magid Filho, patrono do PS Infantil, por favor. Não estendam o desacerto a ele.

A solução mais honesta, certa, capaz de devolver dignidade e respeito às famílias e à história, é manter o nome de Janjão no prédio novo do PS, na Vila Imperador. E este é o momento certo para debater isso.

O nome de Álvaro Azzuz, meritório, deve ser guardado para nomear o projetado PS da Região Sul (Aeroporto). (As obras só foram iniciadas há poucos dias, mas, em 29 de novembro de 2010, o vereador Paulo Zamikhowsky formulou projeto de lei dando àquele PS o nome do médico Newton Novato, outra referência da medicina francana. Não foi a plenário porque a Prefeitura ainda não respondeu inquirição da Câmara se o nome de Novato está em algum outro próprio municipal). Ainda bem...

Houvesse forma de consultar Álvaro Azzuz, certamente ele diria, com sua fala mansa e pausada, que ‘não se pode atropelar a história’. E Novato aplaudiria, à espera de sua vez, que pode tardar mas não vai faltar.

EM CASCATA II
Denílson Carvalho, especialista em Direito do Consumidor, sinalizou: agora, bancos podem cobrar juros sobre juros, os tais juros em cascata. Atenção! Atenção em dobro!

EM CASCATA II
Sérgio Buranelli, do Trânsito Municipal, vai impedir, a pedido do TJ, estacionamento nas ruas laterais do Fórum, para aumentar a segurança da instalação. Não fossem as obras do viaduto, tudo bem. Em dobro, tudo mal. O cidadão que se exploda.

INTERFERÊNCIA
Crescem os espaços dentre gôndolas em hipermercado instalado em Franca. Vi isso acontecer no Carrefour alguns meses antes de fechar.

VOTO BOM É VOTO CONSCIENTE
Cidadão atropela cobra na estrada, põe na caçamba. Leva. É pego depois de algumas horas. É preso. Motorista atropela no trânsito. Mata. Desaparece por algumas horas. Se apresenta. É solto. É dificil aturar maus legisladores, aqueles mal votados.

Luiz Neto
Jornalista, editor de Opinião do Comércio - luizneto@comerciodafranca.com.br

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