Em alguns casos, a primeira geração de administradores ainda está na retaguarda, mas dá “pitacos” de respeito. Um exemplo é a Sândalo, gerida desde 2010 por um dos herdeiros, o administrador de empresas Téti Brigagão, 38, e por Marco Anareli, diretor comercial. Téti, que assina como diretor de marketing, conta que a primeira geração continua atuando, mas em forma de conselho.

Filho de Carlos Alberto Rosa Brigagão, um dos oito sócios da primeira geração de empresários, ele só entrou de cabeça na gestão da empresa a partir de 2004, após experimentar dez anos do mercado de trabalho da capital na empresa Messe Frankfurt (organizadora de feiras), onde atuava no setor de marketing.

“Minha formação foi essa. Fui para o mercado para o que desse e viesse. Cheguei a um posto de comando (na Sândalo) após ter trabalhado em outras grandes empresas. Nunca rejeitei a idéia (de ser um dos líderes da empresa), mas também não a defendia tanto”, afirmou Téti, que explica seu distanciamento como forma de evitar o que chama de vícios e problemas de gestões de empresas familiares. “Optei por conhecer o externo para depois vir trabalhar. É uma estratégia clássica da carreira empresarial familiar para não errar.”

De volta, o empresário disse ter encarado o processo de sucessão de forma natural e que, com o tempo, pode ratificar o que pressupunha: “Eu já sabia que o trabalho na empresa se dava por mérito, que ninguém crescia por ninguém e que em Franca as empresas desenvolvem um trabalho muito profissional (como na capital)”.

Atualmente despejando 2.600 pares por dia no mercado e empregando 700 profissionais (entre diretos e indiretos), Téti disse que o trabalho é constante e ininterrupto para desenvolver a marca Sândalo. “Queremos continuar prosperando no mercado interno, oferecendo ao homem outros tipos de sapatos, crescer um pouco no esportivo e em outros tipos de produtos. Já que temos uma marca sólida e a confiança do mercado, podemos oferecer outros calçados e começar a trabalhar com o feminino. Pretendemos também crescer no mercado externo, a marca made in Brazil é muito forte no mundo todo e queremos criar uma malha de representantes no mercado externo.”

Para isso, afirmou Téti, a própria história da empresa de mais de meio século é usada como escola. “Temos a vantagem de poder olhar para trás e ver uma história, de ter um livro que a gente pode consultar. Eles tiveram que viver o pioneirismo. Nós temo o manual que mostra onde caminhar e onde não caminhar. É uma grande vantagem caminhar nessa sucessão podendo consultar o passado.”