Um segmento que há dez anos praticamente não aparecia nas estatísticas do setor coureiro-calçadistas de Franca tem, aos poucos, conquistado mercado e hoje emprega cerca de 1,5 mil funcionários. Segundo um estudo do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), a produção de artefatos de couro (bolsas, carteiras e cintos) alcançou, no ano passado, um faturamento de R$ 76 milhões com a comercialização de 5 milhões de peças, um número 17% maior que os R$ 64,7 milhões alcançados em 2007. Para este ano, a expansão deve continuar. É o que afirmam os empresários do setor presentes nesta 44ª Francal.
Com 30 anos de mercado, a J.Gean começou a produzir bolsas e carteiras femininas há dois anos. São três tamanhos confeccionados em couro de cabra e couro ecológico de arraia. “Resolvemos produzir bolsas para atender o anseio das nossas clientes. Percebemos que havia uma demanda por bolsas que seguissem o estilo retrô dos nossos sapatos”, disse o gerente comercial Everton Lourenço.
Inicialmente com uma fabricação artesanal de cinco bolsas por dia, hoje a empresa tem uma produção diária de 20 peças e uma equipe contratada especificamente para esse serviço. Para 2013, a tendência é ampliar ainda mais essa a confecção e também expandir a linha de acessórios. “Começamos fazendo cinco peças, hoje estamos em 20. No próximo ano, nossa meta é chegar a 40.” Segundo Lourenço, as vendas fechadas aqui na feira devem ajudar. “Só nestes dois dias de feira conseguimos vender 150 bolsas e 50 carteiras. Já para o ano que vem, devemos criar uma equipe exclusiva de representantes para atender à linha de acessórios”. As bolsas J. Gean seguem o estilo retrô dos sapatos e para cada tamanho há de 12 a 15 modelos diferentes e uma cartela com 60 cores.
Na Crizzapi Bolsas, a produção também está em ritmo de crescimento. Hoje são 1500 peças produzidas mensalmente, quase o dobro do ano anterior. A previsão é chegar a 1800 peças por mês. A diretora Leonice Peixoto atribui a expansão ao bom momento da economia, que possibilitou à marca abrir duas novas lojas, além da existente em Franca, e planejar a inauguração de uma quarta até o fim do ano. “As vendas estão nos surpreendendo. Fechamos muitos pedidos, inclusive para o exterior”, comemorou,
Mas não são só as mulheres as responsáveis por esse avanço do setor. Os homens também estão mais antenados à moda e querem combinar o sapato com o cinto. E foi de olho neste mercado que a Calvest resolveu trabalhar com cintos. Inicialmente as peças eram adquiridas de fornecedores da própria cidade.
Em busca de mais qualidade e redução de custos, desde janeiro toda a produção passou a ser feita dentro da própria fábrica. “Hoje, se o homem tem um sapato de verniz, ele quer um cinto igual. Caso contrário, ele não compra o sapato”, disse o diretor da empresa José Luís Granero. A Calvest investiu R$ 300 mil na linha de montagem e produz hoje 1,5 mil peças por dia ante as 1,2 mil adquiridas de terceiros até o ano passado. Para o próximo ano, a produção só não continuará em expansão porque a empresa está com sua capacidade no limite. “Temos planos de crescer mais, inclusive estamos desenvolvendo um projeto para produzir carteiras, porém não temos espaço físico.”
Segundo o empresário Dogival Mendonça, da Laroche, o segmento tem se fortalecido porque cada vez mais empresas têm procurado aumentar a venda de sapatos agregando às suas linhas os acessórios. “Essa foi uma mudança imposta pelo mercado. Principalmente em datas comemorativas é grande a procura por kits com sapato, meia, carteira e cinto.”
A Laroche é especializada em calçados masculinos e compra de terceiros - no caso duas fábricas de Franca - as carteiras e cintos que vão compor os dois mil kits vendidos por mês. Para 2013, Dogival preferiu não dar números, mas disse que até o Natal a venda dos kits deve dobrar.
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