Confiante em uma recuperação expressiva no segundo semestre, o setor calçadista projeta abrir cerca de 40 mil novos postos de trabalho até o fim do ano. A previsão otimista foi feita ontem por Milton Cardoso, presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das Indústrias de Calçados).

Segundo ele, a projeção de aquecimento dos negócios fechados pelas empresas calçadistas se apoia em um conjunto de fatores. Segundo estatísticas da Abicalçados, 60% dos negócios se concretizam no segundo semestre. Esta constatação, aliada à recuperação da taxa de cambio e a uma eventual decisão favorável em processo que apura a prática de elisão - triangulação para escapar da tarifa antidumping - sinaliza um cenário com mais vendas e empregos.

Cardoso afirmou que os dois primeiros dias de Francal confirmaram as previsões. “Os lojistas com quem conversamos estão se preparando para um crescimento forte das vendas. A gente percebe nos negócios efetuados nos estandes que há um crescimento em relação ao ano passado”. Os números finais só serão apurados após o encerramento da feira. A estimativa é de que o desempenho seja 5% melhor que no ano passado. “A feira lança a coleção mais importante do Brasil, que é a de primavera/verão. O clima é positivo. As medidas que o governo vem tomando também têm ajudado a incentivar o crescimento”.

Nesta quarta-feira, o governo federal lançou um pacote de estímulos à indústria nacional no valor de R$ 8,4 bilhões e anunciou um corte nos juros de longo prazo para baratear investimentos e incentivar a economia. Embora as medidas não tenham sido direcionadas à indústria de calçados, o presidente da Abicalçados acredita que o setor poderá se beneficiar dos reflexos. “Não tenho dúvidas disto. O consumo no mercado interno vai se fortalecer, pois é a maneira do Brasil continuar a ter um desenvolvimento sustentável em meio a esta turbulência econômica que o mundo desenvolvido está enfrentando”.

Dados da Abicalçados revelam que a indústria calçadista emprega 337 mil trabalhadores no País. A meta é chegar a 370 mil até o fim do ano, número verificado no ano passado. Cardoso afirmou que não é exagero projetar a abertura de 40 mil novas vagas no setor durante o segundo semestre. “O ambiente é favorável, a indústria tem capacidade instalada e já mostrou que responde rápido às medidas institucionais. Se o câmbio continuar a se recuperar, se o julgamento do processo de triangulação for positivo e a possibilidade do governo trazer novas desonerações na folha de pagamento se confirmar, teremos um crescimento expressivo no segundo semestre”. Neste contexto, o direigente acredita que apostar na geração de 40 mil novos postos de trabalho nada tem de irreal.