O empresário José Carlos Brigagão do Couto está em seu terceiro mandato como presidente do SindiFranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca). Neste primeiro dia da feira, comentou as metas do setor para 2012 e as expectativas da entidade para esta edição da Francal.
Preferiu não falar em números, mas comemorou os resultados desta segunda-feira. Para Brigagão, a 44ª Francal será uma prova de fogo para testar os efeitos da redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) anunciada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no final de abril.
Otimista, Brigagão disse que a Francal 2012 deve repetir as vendas do ano passado e manter a tradição de garantir os contratos para o segundo semestre deste ano.
Caderno Francal - Como o se- nhor avalia este primeiro dia da Francal 2012? Já é possível dizer se esta será uma boa feira?
José Carlos Brigagão - Com uma crise acontecendo lá fora que já repercute aqui no Brasil, nós viemos para esta Francal bastante temorosos, mas fomos surpreendidos pela movimentação e pelo volume de negócios que estão sendo fechados neste primeiro dia. Chegar ao Anhembi e ver os estandes de Franca e os corredores da feira lotados foi uma agrável surpresa. Conversei com vários calçadistas e todos estão bem satisfeitos com este primeiro dia. Até no Espaço Moda Franca a visitação foi muito boa, acima do que esperávamos. Passaram mais de 2,5 mil pessoas por lá. Agora ainda é cedo para, dizer com certeza, se a feira será boa. O que posso afirmar é que ela deve, pelo menos, repetir os mesmos números do ano passado, o que já consideraremos um bom resultado. Agora é trabalhar e esperar que as vendas se concretizem.
Caderno Francal - O senhor falou em boas vendas, mas já há algum número sobre isso?
José Carlos - Ainda não temos como falar em números.
Caderno Francal - O setor espe rava que o governador Geraldo Alckmin e o governo federal fizessem anúncios para beneficiar o setor. Mas na abertura desta Francal, os discursos não trouxe- ram nenhuma novidade. Que avaliação o senhor faz disto?
José Carlos - Realmente esperávamos algum incentivo novo. Mas ainda não nos demos por vencidos. O governador não fez nenhum anúncio público, mas nos bastidores conversamos muito e ele prometeu analisar nosso pedido de redução do ICMS para o varejo. Agendamos uma audiência para os próximos dias em que eu, em nome da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e com apoio da Fercomércio (Federação do Comércio de São Paulo) vou apresentar uma proposta viável tecnicamente para essa redução. Ainda não posso dar deta-lhes, mas já estamos elaborando este documento que o governador pro- meteu analisar com carinho.
Caderno Francal - Por falar em redução do ICMS, recentemente, o governador diminiu o imposto para os fabricantes e atacadistas. A medida tem dividido o setor. O senhor acredita que essa redução deve ajudar nas vendas desta Francal?
José Carlos - É na feira que vamos sentir os efeitos desta redução que tem dividido opiniões. A Francal será uma prova de fogo, A redução para a indústria foi apenas o primeiro passo. Temos que estender a desoneração para o varejo, pois, só assim, o consumidor final será beneficiado, que é o foco principal do pleito.
Caderno Francal - A que atribui a menor participação de Franca na feira deste ano, tanto entre os estandes individuais quanto no Espaço Moda Franca?
José Carlos - Essa baixa participação nas feiras é uma demonstração do recuo do setor industrial, deve servir de alerta aos governos federal e estadual. Podemos citar também o surgimento de feiras regionais, pois, um empresário tem que pensar qual o seu mercado, onde ele está e optar pela feira que melhor lhe atrai e que atinja suas metas de vendas. É preciso que os dirigentes das feiras façam reuniões de pré e pós-avaliação das feiras, através de debates e pesquisas nos pólos calçadistas para entender o que agradou ou desagradou os expositores. Afinal, somos nós os clientes.
Caderno Francal - Quais as projeções do setor para este final de ano?
José Carlos - Para o mercado interno, acreditamos que vamos fechar o ano de 2012 um pouco abaixo do que o de 2011, devido ao cenário nacional e internacional que se apresenta este ano já refletindo na economia como um todo. Porém, com relação ao mercado externo, já é mais complicado, a política adotada pelo governo em relação ao dólar não vislumbra, no médio prazo, sua sustentação e confiança, dificultando as negociações. Há ainda outros fatores a serem considerados, como a política adotada pelo governo argentino nas restrições quanto as importações brasileiras, além concorrência asiática no mercado internacional e a crise da Europa. Neste cenário, voltarmos aos números de exportação da década de 90, quando exportávamos 15,5 milhões de pares ao ano, é praticamente impossível.
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