“Esse não é o pai que eu tinha.” É assim que Géssyca Cintra Costa Morais, 19, se refere ao pai, Marcelo dos Reis Morais, mais conhecido como Giovani, da dupla Gian e Giovani. Em entrevista ao Comércio, a filha de Giovani, que mora atualmente em São Paulo com a mãe e o irmão, disse que há uma ação judicial para que as pensões alimentícias dela, do irmão e da mãe sejam cobradas. De acordo com a família, Giovani simplesmente parou de pagar pensão à ex-mulher, Laisa Cintra, em janeiro de 2010. Eles dizem que, há sete meses, a pensão dos filhos também está atrasada. “Ele parou de pagar do dia para a noite, como se ele não tivesse mais obrigação nenhuma conosco”, diz a filha.
Separado há três anos e meio, Giovani teria se comprometido a pagar pensão para a ex-mulher e os filhos. Mensalmente, a família teria que receber do cantor R$ 9 mil. Géssyca diz que não procurou o pai para cobrá-lo, porque após a separação ele se distanciou da família. “Acho que ele tinha que ter responsabilidade. Não fui atrás dele para isso, senão eu ia acabar brigando com ele, e como sei que não ia adiantar, não falei nada. Quando ele ligava, ele perguntava se estava tudo bem e não tocava no assunto. Não quero depender dele, mas por enquanto eu preciso disso (da pensão). Minha mãe vive em função de mim e do meu irmão, ela não tem tempo para trabalhar. Meu pai também não a deixava trabalhar, ela sempre foi dona de casa.”
De acordo com Géssyca, a mudança de comportamento do pai vem desde que ele assumiu o relacionamento com a atual mulher. “Ele nem de longe era assim, era um ótimo pai, era maravilhoso, o melhor pai do mundo. Ele manteve esse relacionamento durante dez anos, e foi casado com a minha mãe por 20 anos. Ele é outra pessoa. O comportamento é diferente e os valores também. O maior valor que ele tinha era a humildade. Ele tinha isso para si mesmo, dizia que o que ele mais gostava nele era a humildade. Hoje ele não é mais uma pessoa humilde”, afirma a filha.
Segundo Géssyca, a situação de distanciamento do pai fez com que tivesse até bulimia. “Toda vez que eu ficava muito triste eu sentia uma dor muito forte no estômago. E eu achava que se eu vomitasse a dor iria passar. Nessa época eu tinha 17 anos. Aí eu comecei a tossir sangue e parei com isso. Depois, engordei mais ou menos 35 quilos e comecei a provocar o vômito de propósito. Toda vez que sentia dor, fazia isso. Na verdade eu parei com isso há um mês atrás. Estava com bulimia. Não procurei ajuda médica, porque meu pai cortou o plano de saúde também.”
Estudante do primeiro ano de propaganda e marketing, Géssyca teme não conseguir arcar com os custos da faculdade. Sem a pensão de Giovani, a matrícula, diz a jovem, será bloqueada no próximo semestre. “Por enquanto eu vou levando mesmo sem ter como pagar. A gente depende da ajuda de amigos e familiares.”
Ao receber a intimação judicial do processo, em dezembro, Giovani teria ligado para a filha indignado. “Meu pai ligou no celular do meu irmão e pediu para falar comigo. Achei estranho, porque ele nunca liga. Atendi e ele disse: ‘O que você está fazendo comigo? Chegou uma intimação, você e sua mãe são doidas’. Eu disse a ele que ele sabe que dependemos dele, e que não temos nada para comer. Se ele não faz pelo coração, vai ter que ser pela pressão”. Quando Géssyca disse que tornaria público o caso para resolver a situação, Giovani ainda a teria ameaçado. “Ele disse a mim: ‘vai, vamos ver quem vai ganhar. Todo mundo depende de mim; se eu cair, todo mundo cai’.”
Apesar de toda a mágoa, Géssyca diz que ama o pai. “Eu o amo, sempre vou ter a imagem do pai que ele era. Nunca vou virar as costas para ele, de forma nenhuma, do jeito que ele fez comigo. Sempre vou lutar por ele. Se ele precisar de mim farei o que eu puder e o que eu não puder por ele. Acho lamentável o que ele fez, mas a hora que ele vier eu vou estar de braços abertos para ele.”
Em nota oficial, a assessoria de imprensa de Giovani nega todas as acusações. O texto diz, entre outras coisas, que o cantor “está absolutamente em dia com suas obrigações de pensão alimentícia de seus filhos, não existindo nenhuma inadimplência conforme foi erroneamente divulgado.” Procurado pela reportagem do Comércio, o advogado de Giovani não foi encontrado até o final da tarde de ontem. O processo de execução de alimentos contra o cantor ainda está em andamento e corre em sigilo.
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