Existem algumas verdades incontestáveis na vida de todo ser humano. Mas, nenhuma define tanto uma pessoa quanto a certeza de que tudo um dia irá acabar. Independentemente de preceitos religiosos, quem nunca se pegou pensando na morte? No que existe depois que paramos de respirar? Pois é, são mistérios que só saberemos a resposta quando o final chegar. Porém, apesar de todos os mistérios que cercam o fim da vida, tem um detalhe que, por mais macabro que seja, você já pode deixar organizado e planejado. Como será seu funeral? Você será enterrado em um cemitério para que seus amigos e familiares possam prestar homenagens ou quer ter suas cinzas jogadas no oceano ou outra ideia? Se você simpatizou com a segunda opção, mas não tem ideia de como funciona a cremação, então preste atenção pois este Se Liga irá contar um pouco mais sobre o processo que transforma o corpo humano em cinzas.
Em toda a região de Ribeirão Preto, só existe uma funerária que possui o aparato necessário para realizar o processo de cremação do corpo. A Prever Santa Izabel, de Jaboticabal importou o forno crematório diretamente dos Estados Unidos, em 2010. O equipamento atinge 800ºC, usa GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) como combustível e leva cerca de 2 a 3 horas para completar o processo. Todo o procedimento é informatizado e o forno não libera nenhum tipo de cheiro, fumaça ou resíduo. O corpo é colocado no forno juntamente com o caixão e as roupas com que foi realizado o velório, tirando somente as alças e algumas partes metálicas presentes no ataúde, para que eles não derretam. Depois que o processo acaba, todas as cinzas são recolhidas e peneiradas, separando apenas os minerais dos ossos que posteriormente são triturados e entregues à família. As cinzas pesam cerca de 1,2 kg.
Apesar da tecnologia, é preciso alguns papéis para que o procedimento seja realizado. “Quando a família solicita a cremação do corpo, são necessários os seguintes documentos: certidão de óbito assinado por dois médicos, solicitação de cremação assinada por um familiar mais próximo, juntar documentos do falecido e da pessoa que assinou o pedido. O corpo é velado até a hora aprazada para ser conduzido para o Crematório”, explica Mário Fernando Berlingieri, proprietário da Prever. A cremação não é acompanhada pelos parentes.
Mesmo se tratando de uma tradição com mais de 3 mil anos em certas culturas antigas, principalmente nos povos orientais, Mário Fernando relata que o brasileiro ainda não absorveu totalmente a ideia de queimar o corpo, mas ele acredita que, com a repetitividade, ou seja, um realiza e o outro cria coragem e faz também, isso vai mudar. Quanto ao que fazer com os restos mortais, Mário usa sua própria experiência para dar um exemplo. “Recentemente, exumamos os restos mortais de meus pais e realizamos a cremação dos ossos. Estamos contatando um artista para pintar um quadro misturando as tintas com as cinzas dos falecidos. Alguns lançam as cinzas no mar, num rio, pintam paredes ou, ainda, usam as cinzas para confeccionar uma pedra de diamante, visto ser carbono puro”, disse Mário.
As cinzas nada mais são do que algumas partículas inorgânicas, como os minerais presentes nos ossos, que resistem às altas temperaturas e se acumulam no forno. Um ponto importante a favor da cremação de um corpo é o custo.
“Optar pela cremação diminui gastos com a compra de sepultura e dos eventuais complementos e a manutenção ao longo do tempo”, acrescenta Mário. Na Prever, todo o processo sai por R$ 2.800,00. Para fazer uma comparação, no início do mês anterior, a Prefeitura de Franca leiloou túmulos que estavam abandonadas no Cemitério da Saudade. Os mais “simples”, localizados no interior das quadras, foram vendidos por mais de R$ 9 mil.
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