Moradores de Pedregulho relembram Orestes Quércia


| Tempo de leitura: 3 min

Um menino pobre, que alcançou seus sonhos longe da terra natal, mas nunca esqueceu sua origem. É desta forma que os moradores de Pedregulho relembram Orestes Quércia (PMDB), ex-governador de São Paulo. O político morreu na sexta-feira, dia 24, no Hospital Sírio-Libanês, vítima de câncer na próstata. Seu corpo foi enterrado no sábado de manhã, no cemitério do Morumbi, em São Paulo. Pela região, ele deixou amigos e admiradores. As recordações vão desde o tempo de infância, quando ele brincava nas ruas de chão batido de Pedregulho até as visitas que fazia à cidade depois de ter se mudado para Campinas (SP). A importância que a cidade deu a ele e sua família pode ser medida pelo hospital, por ruas e praças que levam o seu nome, do seu pai, Octávio e de sua mãe, Isaura.

Nos nove primeiros anos de vida, Quércia morou em Igaçaba, distrito de Pedregulho, onde seus pais tinham um pequeno armazém. Lá ele cursou o hoje chamado ensino básico - até 4ª série - e ajudava o pai no negócio. A casa da família ainda permanece com as características originais. Chão de cimento vermelho, portas e janelas de madeira, sem lajota e com apenas cinco cômodos (dois quartos, sala, cozinha e banheiro). Atualmente, a pequena casa é cuidada por uma senhora de 75 anos, que brincou com o ex-governador nas ruas de lama do pequeno vilarejo.

Aos dez anos, ele se mudou para Pedregulho e, além de estudar, também ajudava o pai em uma selaria fazendo estribos e arreios. Não demorou muito para montar seu primeiro negócio: o de consertar e revender bicicletas. Nesse período, ainda garoto, ele reservava os finais de tarde para brincar com os amigos na rua de casa, no centro da cidade. “Ele e o irmão viviam rodeados de meninas durante as brincadeiras. Lembro bem que eles usavam calças curtas e gostavam de jogar queimada”, disse a dona de casa Carmem Lúcia, 67.

Foi em Pedregulho que Orestes Quércia viveu parte da sua juventude. Aos 17 anos, quando já havia terminado o colegial - hoje ensino médio - mudou-se para Campinas para continuar os estudos. “Ele foi morar com as irmãs da mãe dele. Convivemos pouco, mas é o orgulho da família”, disse a prima Isaura Castalgini Alves.

É a partir do momento em que deixa sua terra natal que ele passa a ser um dos homens mais conhecidos na cidade. Quércia se tornou um político respeitado e empresário de sucesso. As visitas aos amigos passaram a ser regadas à música italiana. O músico era o próprio político que tocava violão e cantava. “Sempre que ele vinha, jogávamos futebol na associação e, depois, tinha a desculpa de beber e bater-papo. Nesses momentos ele fazia as serenatas junto com os primos que moravam aqui”, disse o professor Gilberto Viana Paranhus. As partidas de futebol se tornaram ainda mais constantes quando Quércia era prefeito de Campinas (1968 a 1972). “Certa vez ele trouxe de lá um time completo de futebol”, completou Gilberto.

Pelo menos uma vez ao mês, o ex-governador visitava Pedregulho. O destino principal eram suas propriedades de plantação de café e criação de gado. Nessas passagens, ele aproveitava para rever velhos conhecidos. Um deles é Fernando Moreno Berbel, o Coroa. O senhor, de 84 anos, ex-lavrador, almoçou no Palácio dos Bandeirantes, quando Quércia era governador. “Ele era meu amigo” (leia mais no portal).

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários