O ex-governador Orestes Quércia (PMDB), 72, morreu às 7h40 de sexta-feira no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, vítima de um câncer na próstata diagnosticado há dez anos. Por causa da doença, ele renunciou à candidatura ao Senado no começo de setembro. Quércia nasceu em Igaçaba, distrito de Pedregulho, a 45 quilômetros de Franca, em 18 de agosto de 1938. A notícia de sua morte chocou a vizinha cidade, onde residem familiares e amigos. O prefeito Dirceu Polo (PSDB) decretou luto oficial de três dias. Autoridades políticas de Franca e região lamentaram o falecimento e disseram que a morte de Quércia significa uma grande perda para o cenário político nacional (leia mais na página ao lado).
Quércia estava internado desde o dia 18 de novembro. Durante o período eleitoral, passou 36 dias hospitalizado. Teve alta no dia 6 de outubro, um mês após renunciar à candidatura, mas seu quadro se agravou no mês seguinte. A desistência de Quércia teve reflexo direto nas últimas eleições. Com sua saída, o PMDB manifestou apoio a Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), que acabou sendo eleito com 11 milhões de votos. Com o acordo, o francano Aírton Sandoval Santana, tornou-se o primeiro suplente do tucano no Senado.
O ex-governador mantinha relação próxima com Franca e teve participação direta no desenvolvimento da região. Melhoria de rodovias, construção de hospital e geração de empregos são legados por ele deixados. São pelo menos 12 propriedades em Pedregulho, onde cria gado e planta café. “Pedregulho vai sentir demais. Foi uma grande perda”, disse a madrasta, Angelina Baptista Quércia, 72. Pessoas próximas destacam a simplicidade do respeitado político detentor de um patrimônio que seria próximo de R$ 100 milhões. “O Quércia era uma pessoa simples. Apesar de grande empresário e político, tratava desde o mais simples ao mais rico da mesma forma”, contou o funcionário Romildo Batista de Freitas.
A notícia da morte ocorrida na véspera do Natal chocou antigos aliados e também integrantes de partidos adversários. “Enquanto governador e homem público, Quércia nunca deixou de olhar por Restinga e nos apoiar com verbas e obras importantes. É sem dúvida uma grande perda no cenário político nacional”, comentou o prefeito Donizete Montagnini (PSC). “Perdemos o grande interlocutor da região. O Quércia tinha uma força eleitoral e um prestígio muito grande. Mesmo sem mandato, ajudava muito a região”, disse Marcial Inácio, presidente do diretório municipal do PT.
Foi pelas mãos do então governador Orestes Quércia que o prefeito de Franca, Sidnei Rocha (PSDB), renunciou ao cargo, em 1987, para assumir a presidência da Vasp. “Nossa relação era muito boa. Estou muito triste pela morte do companheiro. Lamento profundamente. Perdemos um grande político, um grande líder.”. Militante do PMDB ao lado de Quércia desde 1973, o ex-deputado Aírton Sandoval lamentou o falecimento do amigo. “Ele deixa uma história, uma saudade muito grande, mas também deixa companheiros que vão continuar sua luta”.
O deputado Gilson de Souza (DEM), quando vereador, concedeu o Título de Cidadão Francano a Orestes Quércia. Ele disse que o ex-governador era sábio e dono de visão diferenciada. “O Quércia era um líder nacional, fruto de Igaçaba. Ele vai fazer muita falta”. O velório está sendo realizado no Palácio dos Bandeirantes e o enterro está previsto para as 9 horas deste sábado no Cemitério do Morumbi em São Paulo.
VEJA O QUE DISSERAM OS POLÍTICOS DO BRASIL E DA REGIÃO
“São Paulo e o Brasil vão se lembrar dele como um expoente da resistência democrática, um governador de muitas realizações. Em todas as circunstâncias, foi um lutador”
Dilma Rousseff, presidente eleita pelo PT
“Tive a honra de conceder o Título de Cidadão Francano para ele. O Quércia é um patrimônio da política nacional”
Gilson de Souza, deputado estadual (DEM)
‘São Paulo e o Brasil vão se lembrar dele como um expoente da resistência democrática, um lutador”
Geraldo Alckmin, governador eleito de SP
“Estou muito sentido com a morte dele. Quércia sempre me apoiou e deixou grandes obras em Pedregulho”
Dirceu Pólo, prefeito de Pedregulho (PSDB)
“O Quércia era a maior liderança política da nossa região no Estado. Líder carismático, sempre presente”
Marco Aurélio Ubiali, deputado federal (PSB)
“Quércia era uma liderança incontestável, respeitada. A morte do Quércia deixou órfã a nossa política”
Milton Baldochi, vice-presidente do diretório municipal do PMDB
“O Quércia foi um batalhador nas marchas das Diretas-já. Como governador, ajudou muito nossa região”
João Marcos Rodrigues, presidente do diretório municipal do PP
“Está sendo muito doloroso, ficou um vazio muito grande. Perdi um grande amigo, um grande companheiro”
Airton Sandoval, secretário-geral do PMDB no Estado de São Paulo
"A política regional e nacional sente a perda de Orestes Quércia. Ele sempre foi um político nato. O PMDB, principalmente na região, fica um pouco órfão a partir de agora. Quércia ajudou a região a se desenvolver, especialmente com a duplicação da Rodovia Anhanguera. A cidade de Jeriquara está em luto no dia de hoje"
Alexandre Borges (DEM), prefeito de Jeriquara
"Orestes Quércia foi um grande político, que conseguiu através da democracia, alcançar todos os cargos públicos, com exceção ao de Presidente da República. Ele foi extremamente importante para a nossa região e perdemos um notável homem público"
José Mauro Barcelos (PT), prefeito de Patrocínio Paulista
"É a perda de um dos maiores líderes e uma das pessoas que mais fez por toda a região da Alta Mogiana. Quércia esteve na política durante décadas e sua importância não pode ser questionada. As novas articulações políticas precisam ser acompanhadas de agora em diante. A última vez que esteve em Orlândia foi em 2006, durante a campanha para governador"
Rodolfo Tardelli Meirelles (PTB), prefeito de Orlândia
"O ex-governador sempre olhou para a cidade de Restinga a partir do lado social. Temos um conjunto habitacional que foi construído na sua gestão no governo do Estado. Desejo, em nome de todos os habitantes de Restinga, os nossos sentimentos para a família de Quércia neste momento tão difícil"
Ivanildo Donizete Montagnini (PSC), prefeito de Restinga
"Quércia foi o político mais influente que tivemos na região. Foi uma pessoa que lutou muito e conseguiu vencer na vida pessoal e profissional. É um exemplo a ser seguido por todos nós. Deixa uma lacuna muito grande para a região, para o estado e para o Brasil inteiro, pois exerceu os mais importantes cargos dentro da carreira política e durante seus mandatos se empenhou com uma visão voltada para o interior. Como homem era atencioso com os amigos, independente da cor partidária. É uma grande perda para o País."
José Luiz Romagnoli (PTB), prefeito de Batatais
"Estive com ele há poucos meses. Somos do mesmo partido e dividíamos um respeito muito grande. Quércia ajudou nossa região durante todos esses anos a conquistar o progresso. Perdemos a maior representatividade que tínhamos. Em Cristais ele foi muito importante e nos ajudou a conseguir o ginásio de esportes Antônio Nunes Branquinho, além de verbas importantes de infraestrutura. Vai fazer muita falta como pessoa e como político".
Hélio Kondo (PMDB), prefeito de Cristais Paulista
“"Quércia foi um modelo não apenas pela sua trajetória política. Estamos perdendo uma das grandes autoridades do cenário nacional. Defendeu durante toda sua vida nossa região e o Estado de São Paulo. Representava seu partido, o PMDB com devoção, mas ele não é o único que perde, mas todo o País. Era um político que tinha firmeza de posicionamento e trouxe muitos avanços e progresso para as pequenas cidades. Era, além de tudo, um grande empresário e ajudou fortalecer mais ainda o nome e a cultura do café na região. Nos últimos dias, como candidato a senador, possivelmente eleito, foi nobre no sentido de se afastar e dar a oportunidade de outra pessoa concorrer ao cargo no Senado. Quércia merece todo reconhecimento”"
Marcos Henrique Alves (PSDB), prefeito de Itirapuã
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