
A arquibancada estava lotada. Na tenda da organização, Eunice Monteiro, 70, mãe do saudoso maestro Milton Ferreira Fontelas (falecido em 2009), e sua família, aguardavam ansiosos a entrada da Fanomas (Fanfarra da Escola Otávio Martins). A homenagem dos instrumentistas francanos, na tarde de domingo, contagiou o público que assistiu ao 18º Campeonato Nacional de Bandas e Fanfarras no Parque “Fernando Costa”. Não teve quem não ficasse arrepiado de emoção. Até a forte chuva que caiu durante a apresentação não tirou o brilho dos jovens músicos. “É uma bênção do nosso maestro, que foi amigo, irmão, pai e sempre ajudou as pessoas”, disse o maestro Cristian Clayton Borges, pupilo de Fontelas, aplaudido pelo público, formado por ex-integrantes da fanfarra.
Esse clima emotivo e nostálgico, embalado pelo ecletismo musical de quatro mil instrumentistas de sete Estados do País, marcou a final de bandas marciais e de percussão do Campeonato - nos dias 4 e 5 de dezembro, a CNBF (Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras) ainda promove a final das fanfarras, em Suzano (SP).
O francano George Oliveira recordou dos tempos áureos da Fanomas, na década de 1990, que “ganhava todos os campeonatos, na raça, com instrumentos sem muita tecnologia como hoje”. “Nós éramos os favoritos”, lembrou.
O CAMPEONATO
Em dois dias, 45 bandas marciais e de percussão, divididas em quatro categorias (infantil, infanto-juvenil, juvenil e sênior), se apresentaram na passarela montada no Parque “Fernando Costa”. Segundo estimativa da assessoria de imprensa da prefeitura, o evento reuniu mais de 10 mil pessoas.
As corporações vieram de cidades de Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e até de Sergipe. Cada banda apresentou uma peça internacional e outra nacional. No repertório eclético e moderno, músicas de Roberto Carlos a Mamonas Assassinas, de obras eruditas a Beatles. Vários critérios rigorosos e objetivos foram avaliados por 16 jurados, todos com títulos na área musical, professores de universidades e músicos das principais orquestras do País. “Afinação, equilíbrio, dinâmica, expressividade, maestro, interpretação, percussão, instrumentos, uniformes, desempenho da banda, nada passa despercebido”, conta o jurado Bohumil Med, de Brasília. Há também julgamento específico e premiação para as balizas, com regras baseadas na ginástica rítmica.
Em razão disso, o Parque respirava música por todos os cantos. Os 50 membros da banda de percussão de Mogi Guaçú não perderam tempo e, mesmo depois de 4 horas de viagem, começaram o ensaio no estacionamento em frente ao “Fernando Costa”.
O segredo para encantar os jurados e o público, Jéssica Lorrana, 15, a simpática baliza da Banda Marcial Ecovam, de Aparecida de Goiânia, sabia de cor. “Beleza e graciosidade”, disse.
Agarrado à sua timba, Gabriel Henrique da Silva, 9, da Banda de Percussão E. M. Maria Domingas, de Sorocaba (SP), era paparicado pela mãe após sua apresentação. “É muito lindo, sempre. A gente tem que incentivar”, disse Solange Maria de Morais.
A CNBF tem 18 Estados filiados e é presidida pelo maestro francano Ronaldo Faleiros. Ele afirma que existem mais de 11 mil corporações por todo o País, de escolas da rede pública e particular e de entidades. “O interessante é que há uns 15 anos a faixa etária predominante entre os membros das bandas era de 17 a 50 anos. Hoje, a idade de mais de 85% dos instrumentistas é de 12 a 22 anos. Essa atividade, além de ter uma conotação social muito forte, ensina técnica musical gratuita, sem elitismo e sem o apoio do Governo Federal”, ressalta Faleiros.
No site da Confederação (www.cnbf.org.br), estão disponíveis todas as notas e o mapa de resultados de todas as categorias e bandas.
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