‘Tivemos um milagre de Deus’, diz Valéria Freitas


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EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO - A cabeleireira Valéria Gomes e a filha  Júlia Massucato sorriem ao comentar a paixão da garota pelo cantor Fiuk. Dois anos após a Chacina da Ouvidor Freire, mãe e filha reaprendem a viver
EXEMPLOS DE SUPERAÇÃO - A cabeleireira Valéria Gomes e a filha Júlia Massucato sorriem ao comentar a paixão da garota pelo cantor Fiuk. Dois anos após a Chacina da Ouvidor Freire, mãe e filha reaprendem a viver

A cabeleireira Valéria Gomes Freitas não usa mais a faixa na testa que adotou por muito tempo para esconder a marca do tiro no lado esquerdo da cabeça. No olho que perdeu a visão, nesse mesmo lado do rosto, colocou uma prótese. Ela demonstra a firmeza e otimismo de sempre ao comentar o crime e a reviravolta na sua vida e na de Júlia. Neste dia 24, pretende rezar para Deus abençoar os familiares que perdeu e pela recuperação de Júlia.

O sonho de ver a filha andar novamente, certamente, estará nas orações. A cabeleireira disse que perdoou o marido pelos assassinatos. Sobre sua sobrevivência e a da filha, acredita que são um milagre de Deus.

Comércio da Franca- Como está sua filha?
Valéria Massucato -
Graças a Deus, está com a autoestima bem legal e feliz, mesmo com tudo que passamos. Ela tem tido muitas vitórias. Nem conseguia abrir a boca e agora a gente vê a evolução. Tivemos um milagre.

Comércio - Você sonha em vê-la andar novamente?
Valéria -
Acredito nisso. A gente coloca ela em pé, e ela dá uns passinhos, mas tem um pouco de insegurança. Dizem que tudo está no cérebro. A gente tem de ter pensamento positivo para mandar energia boa para o corpo. Esse trabalho eu faço com ela, mas temos que ter um pouquinho de paciência. Fazer a parte da gente que Deus faz a dele.

Comércio - Como é olhar para a Júlia e não ter seus outros dois filhos?
Valéria -
Fiquei abalada porque você tem sonhos de ver os filhos crescerem, estudarem, conviver com eles, dar uma boa formação e, de repente, você vê que nada disso foi possível. A gente ouve muito que temos que viver o hoje, mas, às vezes, não coloca em prática. Tive essa maturidade em relação a meus meninos. Trabalhava muito, mas a gente sempre estava junto. Acho que, talvez, era o tempo deles. Tudo é traçado por Deus. Quero acreditar e passar para a Júlia que foi uma fatalidade, para que não fiquemos presas a momentos tristes. Saudade, a gente sente.

Comércio - Você acha que algum dia conseguirá esquecer essa tragédia?
Valéria -
Não. Só se a pessoa for muito fria para se esquecer. Não tem jeito. Só quero ter lembranças boas das pessoas que perdi.

Comércio - E sua vida amorosa?
Valéria -
Ainda não dei espaço para isso... Não tenho vida noturna, vivo mais para o trabalho e, principalmente, para cuidar da minha filha. Acho que isso depende do que Deus preparar para a gente.

Comércio - Passados dois anos, você já conseguiu encontrar explicação para o que o seu marido fez?
Valéria -
Meu marido poderia ter feito um tratamento médico, mas ele não quis. Ele tinha depressão e, quando começou a beber, complicou mais. Tudo tem causa e efeito. Uma coisa pequena, se você não cuida, talvez, lá na frente, se torne um problemão. Vejo que poderia ser diferente na visão da gente, mas e na Deus? Se Deus permitiu que tudo isso acontecesse, deve ter um motivo.

Comércio - Há especulações de que você teria um amante e o Hélder cometeu o crime ao descobrir. O que diz sobre isso?
Valéria -
Se fosse para ter outra pessoa, preferiria estar sozinha primeiro porque seria mais vantajoso. Não dependia dele financeiramente. Sempre trabalhei. Eu era o ‘homem’ da casa. Então acho que é muito pequeno isso.

Comércio - Você o perdoou?
Valéria -
Perdoei porque é diferente de um assaltante, de uma pessoa com quem não convivi. Quando você tem convivência com a pessoa, conhece o lado humano, de proteção, de amigo, de carinho, é uma visão diferenciada. 

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