A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária lacraram, no início da noite de ontem, a casa de recuperação para dependentes químicos Associação Encontro com a Vida, no município de Cristais Paulista. Segundo as autoridades, entre as irregularidades encontradas no local estavam a falta de alvarás de funcionamento da Vigilância Sanitária, da prefeitura, dos bombeiros e da polícia, além de uma estrutura física precária para atender aos 27 internos. "Quartos com mofo e bolor, um único banheiro para todos e a captação de água que é feita de um córrego próximo a um chiqueiro", enumerou como problemas o delegado de Cristais Leopoldo Gomes Novaes. A polícia chegou ao local através de uma denúncia anônima. Investigadores da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) e da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Franca deram apoio à delegacia local. A Vigilância Sanitária foi chamada para avaliar as condições de funcionamento da casa de recuperação. "Encontramos várias irregularidades no local. A principal delas é a falta de alvará de funcionamento. Elaboramos, então, um parecer técnico a pedido da polícia", disse Leandro Querino de Souza, Fiscal Sanitário de Cristais que esteve no local. Ao final da ação foi registrado um Boletim de Ocorrência de "perigo para a vida ou a saúde de outrem". A entidade funcionava há sete anos em uma pequena chácara na região conhecida como Serra das Goiabas. A reportagem esteve no imóvel. No local, duas "taperas" montadas com bambus abrigam a cozinha e um refeitório, que também serve como sala de pregação. Uma casa de alvenaria se divide em quatro quartos onde 29 camas com colchões foram espalhadas e cujas paredes estão cobertas de mofo. Um cômodo em construção completa o cenário. Em volta da "casa", foram instalados um tanque para criação de peixes, dois chiqueiros e uma horta. O responsável pela casa de recuperação, Selvino Adolfo da Silva, reconhece que a estrutura da entidade está longe de ser a ideal. "A situação da minha cozinha hoje não oferece nada de bom a ninguém e sei que um banheiro só não é suficiente, mas estamos construindo novos quartos e mais um banheiro. E a gente tinha o aval da prefeitura, um documento, para funcionar até o fim de dezembro e terminar a obra", explicou Silva. Com a interdição, os 27 internos que viviam no local tiveram que procurar abrigo na casa de parentes. Apenas cinco deles que não tinham para onde ir devem ser abrigados por membros do Rotary na cidade. O fechamento da casa de recuperação, no entanto, só foi definido pela polícia perto das 18 horas de ontem. Com isso, os internos não tiveram como sair da cidade e acabaram passando a noite na garagem de uma casa em Cristais Paulista. Selvino afirmou que hoje deve procurar orientação sobre o que fazer junto ao Ministério Público em Franca.