Há exatos 66 anos foi deflagrado um levante que repousa na História como ‘Intentona Comunista de 1935’. A insurreição começou em Natal, Rio Grande do Norte, com participação de graduados, soldados e mais 300 homens da guarda civil. A cidade de Natal ficou durante quatro dias sob o ataque dos insurretos, o que compreendia, além de outros atos de violência, saques a estabelecimentos bancários e comerciais. As tropas de Alagoas e da Paraíba os contiveram e restabeleceram a ordem pública.
Em Pernambuco não foi diferente. Durante dois dias, combates violentos foram travados em muitos pontos do Estado. Todavia, os rebelados não lograram êxito em entrar na capital – Recife –, sendo contidos pelo Exército e pela polícia. No Rio de Janeiro, em 27 de novembro daquele ano, o movimento teve proporções mais amplas e cruéis. Simultaneamente, os amotinados do 3º Regimento de Infantaria da Praia Vermelha, do 2´ Regimento de Infantaria, do Batalhão de Comunicações, na Vila Militar e da Escola de Aviação no Campo dos Afonsos feriram e mataram dezenas de pessoas, muitas delas enquanto dormiam, sob o pretexto de implantar o comunismo leninista-marxista no País.
Bom mencionar que a insurreição de 1935, liderada por Júlio Prestes, recebeu autorização expressa do Komintern, de acordo com Willian Waack, um dos raros jornalistas que teve acesso em Moscou, a uma parte dos documentos relacionados aos movimentos comunistas no Brasil. No livro/reportagem, ‘Camaradas’, publicado pela Companhia das Letras o jornalista menciona, inclusive, o ‘Fundo Prestes’, verba doada a Júlio Prestes por Getúlio Vargas no começo de 1930 para que o tenente contribuísse com a revolução que liquidaria com a Velha República. Dos 80 mil dólares doados por Vargas, 20 mil foram usados para abrir as portas do Komintern aqui no Brasil.
A História é fascinante e sinaliza para que erros cometidos no passado não venham a se repetir. Entretanto, fica a preocupação com a atuação das lideranças que insistem em manter a sociedade alienada.
Um povo sem História é um povo sem referências. Não é uma nação, mas um amontoado de gente, exposto a todo tipo de manipulação, sem qualquer imunidade ao ‘imbecil coletivo’, expressão utilizada pelo filósofo Olavo de Carvalho para designar o estado de apatia e ignorância da coletividade nacional.
É admissível que ‘não há nenhuma aspiração da TV em transmitir verdades’. Dessa forma, seria o caso de uma avaliação mais crítica por parte da sociedade em face da atuação decisiva dos meios de comunicação televisivos acerca da maneira de transmitir informação, a qual se dá sem proporcionar ao indivíduo nenhuma brecha para a crítica. Ciro Marcondes Filho, escreveu: “Os grandes assuntos são tratados como se pudessem ser reduzidos a questões subjetivas de caráter pessoal. A economia não é tratada do ponto de vista de sua relação com o Estado, com a sociedade maior, da perspectiva das tendências e rumos, enquanto organicidade do sistema. No momento, acredita-se que o homem público esteja em franco declínio — em que a figura respeitável do velho político ou do estadista sejam fatos que já não acontecem — e torna-se cada vez mais um indivíduo cuja intenção é falar bem a linguagem dos meios de comunicação, vestir-se conforme o estilo ditado pelos homens do marketing político e cada vez menos mostrar qualquer tipo de coerência com antigos atos”.
A memória de uma nação é um bem precioso que não pode ser ignorado e que não deveria se tornar objeto de transação comercial.
Nadir Ap. Cabral Bernardino
Advogada formada pela FDF, pós-graduada em Política e Estratégia e Direito Ambiental
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