Patranha! Peta! Potoca!


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<B>CUIDADO</B> - Gente boazinha geralmente dá gargalhadas diabólicas quando você não está vendo; tem o dom da ubiquidade;
<B>CUIDADO</B> - Gente boazinha geralmente dá gargalhadas diabólicas quando você não está vendo; tem o dom da ubiquidade;
Sabe gente boazinha? Aquele tipo de pessoa que ri mansamente, passa quase sempre desapercebida, não fala alto, parece discreta, tem olhar errante? Você pede opinião sobre roupa, fato, acontecimento, ela diz (se avermelhando) `não sei...`. Esse tipinho, sabe? Pois fuja dele! Gente boazinha geralmente dá gargalhadas diabólicas quando você não está vendo; tem o dom da ubiquidade; fala baixo para ouvir confidências e sussurros alheios; seu olhar nômade perscruta, sonda, investiga e invade seus territórios mais íntimos sem que você dê conta; fica corada mas é de raiva e a aparente indecisão revela nada mais que dificuldade de reconhecer no outro qualidades que ela talvez não tenha. Vade retro! Exclame isso toda vez que chegarem perto de você... A boa educação fornece parâmetros sociais e morais que, ao invés de ensinar-nos limites, limitaram nossa visão... Induziram-nos em relegar gente ruidosa a plano inferior, em desprezar quem exterioriza e manifesta seus sentimentos, em banir do convívio todo aquele que ri, mas ri mesmo; chora, mas chora mesmo, fica com raiva, mas fica com raiva mesmo. Todo aquele que às escâncaras se manifesta, torna-se indesejável. As mamães nos diziam: `Devemos conter nossos sentimentos`; `Sejamos discretos e silenciosos`; `É preferível engolir sapos que revidar uma provocação`. Quer saber de uma coisa? Mentira! Balela! Patranha! Peta! Lorota! Conversa fiada! Potoca! O silêncio ou o recuo não aliviam em nada nossa dor - física ou moral. Pena. Em vista da supervalorização das aparentemente dóceis personagens e personalidades do convívio, rejeitamos os deslocados do estereótipo bonzinho... e tome decepção! Num repente, olha lá a `amiga quietinha` roubando seu companheiro. Olha aí o `amigo caladinho` sendo indiscreto e deixando você em maus lençóis. Olha o colega de trabalho - tão bonzinho! - surrupiando suas idéias e ganhando, em seu lugar, a promoção que você sonhou. (O cotidiano é fonte de exemplos dessas dolorosas traições.) Os visíveis, os previsíveis, os que explodem facilmente são muito mal interpretados. São irascíveis, dizem. São intempestivos, avaliam. Têm estopim curto, avisam; mas são absolutamente verdadeiros, na maioria das vezes. São eles que dizem sim ou não de forma categórica. Não mentem: pergunte e eles são capazes de responder na chincha, muitas vezes o que você não queria ouvir... E é aí que mora o perigo: a gente pergunta, mas será que quer mesmo ouvir a verdade? Olha só: cabeleireiros, donos de boutique, comerciantes se tornam, geralmente, bons exemplos da arte da dissimulação: quanto mais insuflam ego e vaidade das pessoas, mais têm retorno. Tornam-se: aprendem a ser. Frequentemente, se a freguesa escolhe um modelo inadequado, pede um parecer e escuta que não ficou a cara de Gisele Bündchen... nunca mais volta. Durante a novela de sucesso, a cliente pede o cabelo igual ao da atriz. Se o profissional questiona, ela sai resmungando: não fez porque não sabia. (O cotidiano é fonte de exemplos desses divertidos absurdos.) Tais observações não são axiomas, são apenas frutos de experiências (que doeram no meu couro) e de muita prática... Um belo dia comecei a duvidar de tudo que é colocado no diminutivo. `Qual a distância que ainda devo percorrer para chegar em tal lugar?`. Toda vez que ouvia a resposta: `É pertinho!`, tinha que andar até acabar com a sola do sapato. Várias vezes o dentista disse `Só um pouquinho!`. Nenhuma foi verdade. Aprendi que `bonitinho` não é bonitinho coisa alguma: é o feio arrumadinho. `Uma gracinha!`, `Gostozinho!`, `Vou dar uma olhadinha!` são avaliações que agora me põem de sobreaviso. Acabei concluindo que diminutivos são usados para evitar comprometimento, para desvalorização ou, pior, provocar elogios. Generalizando, passei a duvidar de todo aquele que se apresente `bonzinho` ou `boazinha`. Observe: tanto o meu quanto o seu cotidiano, estão repletos de exemplos como esses. <B>DIFERENÇAS</B> Primavera era a estação que se seguia ao Inverno e precedia o Verão. Apresentava temperatura amena durante quase todo o tempo de sua duração e estava associada ao reflorescimento da fauna e da flora terrestres. Bom, isso antes de inventarem o japonês que fez a flora se comportar de forma diferente - tem caqui, morango e cereja em setembro, e de acabarmos com o planeta provocando esse calor, aqui no Brasil, de arrebentar mamona. Não tem mais Jogos da Primavera nem Baile da Primavera. <B>SEMELHANÇAS</B> Ridícula a negação de Maria Rita sobre a influência de Elis, visível em seu jeito de cantar e se comportar no palco. Embirrada, nunca lhe comprei um disco... Vinguei-me. Veio parar nas minhas mãos, digo, nos meus ouvidos, a prova dessa imitação. Escute e diga se não há estranha semelhança entre as interpretações de Me deixas louca (Elis) e Dos Gardenias (Maria Rita). <B>TOP OF MIND</B> A festa foi maravilhosa, decoração espetacular, convidados se esmeraram nos detalhes e, com essa atitude, demonstraram valorização do prêmio a ser recebido. A equipe organizadora merece todos os aplausos, por todo o cuidado com toda a produção. Infelizmente um esbarrão: a impontualidade do francano. Solicitada e sugerida chegada no Castelinho entre 20 e 20h30, a maioria só foi bem depois desse horário. Francano, com raras exceções, demonstra não saber olhar relógio. <B>SOLUÇÃO</B> Jornais noticiaram que não há papel higiênico em Cuba e informaram que a solução tem sido o uso das folhas de livros publicados para exaltação e divulgação dos Castro. Um vídeo de pregador religioso fazendo discurso sobre higiene íntima foi amplamente divulgado aqui no Brasil com o sugestivo título de `Você lava ou limpa?`. (Evidentemente ele se refere ao problema que os cubanos têm tido dificuldade em resolver.) Cuba é ilha, tem água de sobra. Vou encaminhar o e-mail. Talvez para o Fidel, com cópia para o Raúl. <B>Lúcia Helena Maniglia Brigagão</B> <I>Jornalista, publicitária e membro da Academia Francana de Letras</I> luciahelena@comerciodafranca.com.br

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