Engana-se quem pensa que apenas gente idosa fica banguela. Pelo menos no Brasil, a imagem daquele velhinho desdentado pode ser substituída pela de um jovem de apenas 18 anos. Um levantamento realizado pelo Ministério da Saúde mostrou que quase 40% dos adolescentes brasileiros entre 15 e 19 anos já perderam ao menos um dente. Em 93% dos casos, a perda foi provocada por uma cárie.
Nos municípios com fluoretação da água, como Franca, a perda dentária nesta faixa etária cai para 30%. Isso quer dizer que três em cada dez jovens francanos já têm um "centroavante" faltando na boca. Que horror!
Além de feio, o resultado preocupa por estar bem abaixo do mínimo aceitável de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de apenas 15%.
O curioso é que a distribuição das perdas dentárias é assimétrica, poucos indivíduos concentram grandes perdas de elementos dentários. Enquanto 61% da amostra não apresentaram perdas, o restante teve até quatro dentes perdidos por pessoa.
Em Franca, um estudo realizado junto aos jovens da cidade pela dentista Patrícia Roselino, professora da Unifran especialista em Saúde Bucal Coletiva, atestou o problema apontado pelo Ministério da Saúde. Durante a pesquisa, a professora examinou mais de 360 jovens francanos de 18 anos de diversas escolas públicas e particulares.
"Todo mundo sabe disso há mais de cinco anos, mas a porcentagem ainda continua alta, mostrando que são necessárias outras iniciativas. As ações educativas, que acabam se limitando somente as crianças, deveriam também atingir os adolescentes", afirmou a dentista.
Para a professora, o problema é agravado pelo fato das pessoas não terem o hábito de ir regularmente ao dentista. Segundo ela, muita gente só procura o profissional quando sente dor. Aí... Já era! "É preciso conscientizar a população de que manter uma boca e uma dieta saudáveis e visitar periodicamente o dentista é muito mais vantajoso!", disse Patrícia.
A explicação é simples: a cárie é a destruição do dente pela ação de bactérias acumuladas em placas, formadas depois de uma escovação ruim e pela ingestão de açúcar. Quando você vai ao dentista, ele ajuda a evitar que as cáries evoluam, seja através da limpeza ou da restauração.
O dente só dói quando a cárie chega até a polpa dos dentes (região dos nervos e vasos sanguíneos) e nesse momento, uma simples obturação geralmente não resolve. É preciso fazer um tratamento de canal.
<b>O PRIMEIRO A CAIR</b>
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, os dentes perdidos com maior frequência pelos adolescentes são os primeiros molares - o quatro partindo do meio para qualquer lado, em cima ou embaixo.
Para a professora a explicação é simples: "Eles são os primeiros dentes permanentes que nascem e, por isso, ficam mais expostos e suscetíveis às cáries. Além disso os pais não o identificam como dente permanente e acabam não cuidando dele de maneira correta", explicou Patrícia.
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