Em um dos últimos fins de semana tive a felicidade de enriquecer conhecimentos em projetos agropecuários de alta produtividade e respeito ao social, cuja estrutura desenvolvida mostra a face de um país em busca de absoluta sanidade futura.
Em uma região integralmente tomada pelos canaviais percorremos carreadores diversos a fim de chegar à ilha onde a persistência, o afinco, o denodo e árduo trabalho conseguiram impedir a invasão canavieira. Na vasta região das tradicionais propriedades Corredeira e Sucuri, triângulo entre os municípios de Patrocínio Paulista, Batatais e Altinópolis, várias usinas estão instaladas lidando com sua principal matéria prima: a cana.
Teimoso e idealista, Antônio Salgueiro resistiu aos insistentes acenos de vantagens para acompanhar os demais vizinhos, alienando seu rico pedaço de terra – 300 hectares – havido de tradicionais lembranças históricas familiares. Ele entendeu não haver qualidade e mérito em abdicar da luta produtiva; gerar emprego com bem estar de pessoas na preservação da terra e produzir grãos que agigantem ainda mais vocação do Brasil em produzir comida para o mundo cuja necessidade é o consumo dos bens que podemos acumular na mesa das populações.
Enquanto grassa no mundo a guerra, o Toninho trabalha. Enquanto se arquiteta no poder uma política de engodo e malversação, ele labuta calejando as mãos, queimando a pele fustigada no sol inclemente com o suor molhando o corpo e a chuva banhando as vestes. Enquanto os poderosos não atinam para a necessidade de uma justa política agrícola, ele constrói casas com um mínimo de dignidade para trabalhadores rurais, banho quente, vasos sanitários que possibilitam saneamento e conforto minimamente humanos. Enquanto prevalece a esmola e vergonha eleitoreira oficializada, cognominada bolsa disto ou daquilo, essa gente trabalha para custeá-la com recursos duramente amealhados para recolher tributos injustos. Enquanto devastam a Amazônia em agressão inconsciente ao meio ambiente, os construtores anônimos da pátria se ocupam em plantar arvores formando bosques, pulmões da natureza, mantenedores da vida.
Gratifica a qualquer brasileiro constatar a evolução da agricultura nacional, especialmente da estrutura tradicionalmente familiar, trilhando modernos caminhos com projetos adequados em orientações técnicas avalizando os maiores índices de produção e qualidade. Um revezamento de culturas inteligentemente orientado tem garantido retorno satisfatório sem exaurir-se a terra em tudo que dela se espera. A rotação de culturas recebe no inverno o nabo forrageio que revigora a terra. Suas flores servem de pouso às abelhas na produção do mel.
Ainda restam esperanças quando podemos constatar o empenho de pequenos e médios produtores, afeiçoados às terras onde nasceram, ocupados em zelar que seus parceiros de produção tenham melhor qualidade de vida. Gratifica enxergar o retorno financeiro investido em maquinários adequados e a fixação do ser humano no campo vivendo com dignidade. Altruísmo permanece vivo em uns poucos labutadores ainda preocupados com a correta divisão dos benefícios auferidos.
Neste fim de semana, navegando pelo mar de cana, portei-me no oásis onde descansei bebendo sedento por justiça ao pequeno ruralista e seu trabalhador que também é gente.
Garcia Netto
Jornalista
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