Não é possível lembrar do cantor Michael Jackson sem falar da doença que o deixou “branco”. O nome é estranho - vitiligo - e suas causas e ocorrências pouco conhecidas. Ao entrevistar especialistas com mais de dez anos de atuação na área de dermatologia, o Se Liga descobriu que a doença não é tão rara como muita gente imagina. Estima-se que 1% da população a tenha desenvolvido. Se a projeção fosse feita aqui, a cidade teria 3.200 francanos com a doença que provoca manchas brancas pelo corpo. Mas o que é o vitiligo?
A melanina é responsável pela coloração da pele. As pessoas com esta doença sofrem despigmentação da pele, que fica cheia de manchas esbranquiçadas, cor de giz. Isso ocorre quando as células chamadas melanócitos, responsáveis pela produção da melanina, são destruídas pelo próprio organismo. “É uma doença auto-imune. Há uma autodestruição dos melanócitos, que dão cor à pele. Sem essas células, a pele fica totalmente branca, como nos albinos”, disse o médico dermatologista Aldo Fantini Neto. Atualmente o especialista monitora 60 vítimas de vitiligo.
As causas que levam o organismo a não reconhecer algumas células do corpo e passar a produzir anticorpos para atacá-las ainda são misteriosas. Estudos associam a doença a vários fatores. Normalmente as lesões surgem quando o paciente passa por momentos de grande estresse. O fator genético também deve ser considerado.
A cada grupo de dez portadores, três têm histórico na família. “Não necessariamente filhos de pacientes de vitiligo vão ter, mas existe uma predisposição genética importante”, disse a dermatologista Andrezza Barcelos, que acompanha 20 pacientes com despigmentação.
A doença acomete homens e mulheres na mesma proporção. A ocorrência dela é mais comum entre os 10 e 30 anos, mas bebês e pessoas mais velhas podem ser vítimas. As manchas aparecem em todas as regiões do corpo, inclusive nas partes genitais, mas são mais comuns no rosto, mãos e joelhos. “Não são apenas os negros que têm vitiligo. A diferença é que no caso deles as manchas são mais visíveis”, disse a médica. O único sintoma da enfermidade são as manchas. Micoses são comumente confundidas com a “doença de Michael Jackson”. A diferença é que, ao contrário delas, o vitiligo é caracterizado por manchas muito brancas, por não descamar, nem ter as lesões em tom avermelhado.
Os tratamentos são feitos a base de pomadas, remédios, laser e fototerapia. Mas não são todos que conseguem se livrar das manchas na pele. “A resposta ao tratamento é muito variável, em alguns curam e em outros consegue-se bloquear o vitiligo. A resposta depende da idade, do tipo lesão e outros fatores”, disse Andrezza.
O dermatologista Aldo Fantini Neto acredita que no caso de Michael Jackson, que era negro, a doença tomou uma extensão muito grande da pele. Nestas situações, opta-se por despigmentar toda pele, deixando-a toda branca. O vitiligo não é contagioso. Mas os pacientes sempre enfrentam preconceito. Normalmente o tratamento é associado a acompanhamento psicológico.
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