União marcada por amor, ódio e sangue


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CONDENADA - Edna Milani chega ao fórum de Batatais, há dois anos; participação na chacina custou 130 anos de cadeia
CONDENADA - Edna Milani chega ao fórum de Batatais, há dois anos; participação na chacina custou 130 anos de cadeia
Carlos Fabiano Faccion, o Fabinho, não tinha emprego fixo. Pintor de paredes de profissão, trabalhava também como servente de pedreiro. Tinha perto de 20 anos quando foi morar com Daniela (nome fictício), uma moça quase da mesma idade. Tiveram uma filha (hoje com 11 anos) e viviam, segundo parentes de Fabinho, uma vida "pobre, mas normal". Cerca de três anos depois, o pintor conheceu Edna Emília Milani, quatro anos mais nova que ele, com quem começou a manter uma relação extraconjugal. Egressa de uma casa-abrigo, já que não tinha os pais, a moça, apesar da pouca idade, era mãe de três filhos, um deles recém-nascido à época. Os outros dois já não viviam com ela. Segundo a polícia, Edna contava com passagens criminais por tráfico de drogas. No início, os encontros entre Fabinho e Edna eram mantidos em segredo, mas ela não estava satisfeita. Queria morar com o rapaz e, conforme relato de familiares dele, não mediu esforços para que isso acontecesse. "Ela ficava telefonando para a casa do Fabinho e contando o que eles faziam para a mulher dele. Foi assim até que a Edna separou o casal", disse uma familiar do pintor. O rapaz, a partir de então, passou a visitar esporadicamente a filha. Apesar de se dizerem apaixonados um pelo outro, Fabinho e Edna tiveram uma vida comum tumultuada. Viveram juntos por quase um ano, mas a família Faccion não aprovava a relação. A desaprovação motivava brigas entre o casal, que acabou se separando, mas continuou a se encontrar com frequência. O rompimento ocorreu pouco tempo antes da chacina dos Faccion. Com a separação, Edna foi passar uns tempos em Ribeirão Preto. Em seu depoimento à polícia, contou que, quando retornou a Batatais, foi informada que Maria Aparecida Faccion, mãe de Fabinho, teria retirado alguns móveis de sua casa para quitar uma suposta dívida de Edna com ela. Este teria sido, de acordo com parentes próximos, um dos fatores motivadores para os assassinatos, reforçado pela vontade do casal de pôr fim à suposta interferência dos pais de Fabinho no relacionamento deles. "Era um problema comum de família. Ninguém achou que chegaria a esse ponto", afirmou uma tia do pintor. O último contato entre os dois foi na delegacia, no dia em que confessaram e foram presos pela morte dos pais, três irmãos e um sobrinho de Fabinho. "Ninguém vai saber ao certo o que passou na cabeça deles", disse outro familiar. <b>NA PRISÃO</b> Carlos Fabiano Faccion vive hoje, aos 31 anos, na penitenciária de Balbinos, na região de Bauru. Condenado, cumpre pena de 140 anos. Antes de chegar à cidade, ficou preso nas cadeias de Franca - onde foi vaiado pelos detentos quando chegou - e Itirapuã e no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão Preto. Hostilizado, teve de ficar isolado dos demais prisioneiros para não ser morto. A exatos 400 quilômetros de Balbinos, em São Paulo, está presa Edna Emília Milani. Hoje com 27 anos, foi condenada a 130 anos de prisão. Instalada inicialmente em Altinópolis, teve a cela onde estava arrombada e invadida por cerca de 80 detentas. Foi espancada - ironicamente - com barras de ferro e pedaços de pau. Teve traumatismo craniano e ficou à beira da morte. Mais de 150 pontos cirúrgicos foram necessários para tratar os ferimentos. Passou, depois, por São Simão e, após sua condenação, foi para a Penitenciária Feminina de Tremembé (SP), onde estão detidas mulheres como Anna Carolina Jatobá, madrasta de Isabella Nardoni, e Suzane von Richthofen, condenada pela morte dos pais. CSRD, 20, o adolescente que participou do crime quando tinha 13 anos, ficou internado na Febem por três anos. Libertado, participou de um assalto a um supermercado e voltou para a unidade de menores. Atualmente, está livre. Ainda mora em Batatais.

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