Policiais militares de Igarapava prenderam na manhã de ontem o vereador e presidente da Câmara local, Alan Kardec de Mendonça (PSDB), quinto integrante do grupo de parlamentares preso anteontem por promotores de Justiça do Gaerco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Franca naquela cidade. Mendonça, que chegou a ser procurado em Minas Gerais, foi encontrado dentro da prefeitura, no interior de um armário, coberto por papelão, onde, acredita-se, tenha passado toda a noite.
Com a prisão de Mendonça e Roberto Silveira, ambos do PSDB, Sérgio Augusto de Freitas (PP), José Laudemiro Alves (DEM) e José Eurípedes de Souza (PT), os promotores dão por encerrada parte da investigação que começou com uma denúncia anônima no dia 5 de março sobre a extorsão que os vereadores estariam praticando contra o prefeito tucano Francisco Tadeu Molina. Os cinco permanecem presos na cadeia de Pedregulho.
Ontem, em entrevista coletiva, os promotores do Gaerco informaram detalhes da operação que culminou com a prisão em flagrante dos quatro primeiros vereadores.
As investigações mostraram que José Laudemiro, José Eurípedes, Sérgio Augusto e Alan Kardec foram os primeiros a pressionarem o prefeito, que cumpre seu segundo mandato, exigindo que ele desse R$ 16 mil ao grupo para suas contas relativas ao ano de 2006 fossem aprovadas na Câmara. O valor seria dividido entre os quatro, mas valeria apenas para os meses de fevereiro e março. A partir de abril, seriam exigidos R$ 20 mil. Mais tarde, o quinto vereador, Roberto Silveira, apareceu nas gravações. Com autorização judicial, todos tiveram seus telefones monitorados.
Prefeito e vereadores chegaram a se encontrar no aeroporto de Uberaba na segunda-feira passada à tarde para tratar dos repasses, como e quando seriam feitos. Mas a reunião no gabinete do prefeito na quarta-feira de manhã foi o momento que o Gaerco esperava para poder autuar a todos em flagrante.
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<i>Acima, policiais militares colocam na viatura computador e outros objetos apreendidos durante operação de quarta-feira; durante as buscas foram encontrados mais de R$ 800 mil, um revólver calibre 22 e munições.</i>
De acordo com o promotor José Lourenço Alves, as investigações não deixavam claro se os vereadores já haviam recebido qualquer quantia dentro do esquema de extorsão. Com a apuração e os depoimentos na delegacia durante toda a tarde e noite de quarta-feira, ficou constatado que nada foi pago ao grupo, o que não descaracteriza a concussão (ato de exigir vantagens em função do cargo público ocupado) e a formação de quadrilha, crimes dos quais os vereadores são acusados.
O prefeito Molina também está no foco das investigações. “Percebemos que o prefeito negociava, encurralado pela força de cinco vereadores, que eram maioria na Câmara”, disse o promotor José Lourenço. “Entendemos que ele está na condição de testemunha, o que não quer dizer que uma eventual improbidade administrativa deixe de ser apreciada, porque vamos remeter todos os autos à Procuradoria-Geral de Justiça”. Molina pode ser acusado de prevaricação por não ter denunciado os parlamentares. O prefeito não foi encontrado na tarde de ontem pela reportagem em casa e em seu gabinete para falar sobre o assunto.
<a target="_blank" href="http://seligafranca.wordpress.com/files/2009/03/prisao-de-vereadores-por-extorsao-e-formacao-de-quadrilha-em-igarapava-19-03-09-01.jpg"><img src="http://seligafranca.wordpress.com/files/2009/03/prisao-de-vereadores-por-extorsao-e-formacao-de-quadrilha-em-igarapava-19-03-09-01.jpg" alt="Tiago Brandão/ Comércio da Franca" title="Tiago Brandão/ Comércio da Franca" width="250" height="167" class="alignnone size-full wp-image-642" /></a>
<i>Na noite de quarta-feira, populares sorriem e aplaudem ação dos policiais militares e dos promotores do Gaerco, próximo à delegacia de Igarapava, que resultou na prisão de cinco vereadores da cidade.</i>
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