Demissão de 150 funcionários da Mariner Calçados assombra Franca


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MOMENTO DE TENSÃO - Funcionários trabalham no setor de produção da Calçados Mariner: a partir de hoje empresa revela quem será demitido
MOMENTO DE TENSÃO - Funcionários trabalham no setor de produção da Calçados Mariner: a partir de hoje empresa revela quem será demitido
Pelo menos 150 funcionários da Calçados Mariner serão demitidos a partir de hoje. A empresa anunciou ontem que as demissões seguem até terça-feira da próxima semana. Os funcionários cumprirão aviso prévio até 19 de dezembro. Com a redução no número de empregados, a empresa passará a produzir 5 mil pares por dia, ante os 8 mil produzidos atualmente. As empresas terceirizadas que fabricam a marca Mariner e juntas empregam mais de 400 funcionários também devem parar a produção a partir de dezembro. A informação é do diretor da Mariner, Paulo Roberto Nunes Coelho. Justamente no momento em que as indústrias estariam produzindo a todo vapor, os desligamentos preocupam sapateiros que temem que a crise financeira mundial, deflagrada em setembro nos Estados Unidos e que colocou o mundo em alerta, tenha chegado a Franca. Com a bolsa de valores fechando em queda pelo terceiro dia consecutivo (perda acumulada de 5,27%); e uma intensa onda de boatos a respeito de mais demissões e até fechamentos de fábricas de calçados na cidade, ficam mais fortes os contornos do fantasma do desemprego em massa que assombra os trabalhadores às vesperas do Natal. É difícil dissociar os cortes da Mariner do contexto da crise mundial que também se abate sobre Franca. “Essa crise já está aqui, firmemente instalada”, disse ontem o consultor calçadista Zdenek Pracuch (leia mais nos outros links). Os funcionários da Calçados Mariner, pelo menos, suspeitam que o número de demitidos seja maior que o anunciado oficialmente pela empresa e ultrapasse os 50% dos quase 600 empregados. Os trabalhadores foram convocados na manhã de segunda-feira pelos gerentes de setores e avisados sobre as dispensas. Os nomes de quem deixará a Mariner só serão revelados a partir de hoje. “A informação que tive é de que irão demitir, no mínimo, 300 funcionários”, disse Ricardo Antônio Duarte, diretor do Sindicato dos Sapateiros e funcionário da Mariner há quatro anos. Ainda segundo Ricardo, a produção seria reduzida de 8 mil para 2,5 mil pares dia, metade da prevista oficialmente. O número de demissões causa estranheza entre os empregados antigos da empresa. O Comércio ouviu ontem dez trabalhadores do setor de produção que garantiram nunca ter presenciado tamanho corte. “É a primeira vez que acontece isso em seis anos que trabalho aqui”, disse um funcionário que preferiu anonimato. SEM CRISE Em que pese a crise econômica mundial, Paulo Nunes garante que esse não é o motivo das demissões. “As demissões não associam à crise atual. Ela (a crise) ainda não refletiu aqui (...). Na verdade é uma estratégia de trabalho. O intuito nosso não era mandar ninguém embora, mas a gente tem que ter a responsabilidade, não adianta deixá-los aqui e depois não ter como pagá-los parados”, disse ele, referindo-se à queda na produção de calçados para o mercado interno comum no fim de ano. De acordo com Paulo Nunes, a empresa demitirá de 150 a 200 funcionários, dos atuais 580 que compõem o quadro, reduzindo a produção de 8 mil para 5 mil pares/dia. “Não vou demitir todos. Tenho que dar aviso porque eles têm data para assinarem. Vamos começar pelo corte que é o primeiro setor que pára. Depois, em fevereiro, voltaremos a contratar”. Segundo Nunes, apenas uma, das cinco empresas terceirizadas, continuará fabricando os calçados até que a produção volte ao normal, em fevereiro. SAZONALIDADE O presidente do Sindicato dos Sapateiros, Paulo Afonso Ribeiro, tentou tranqüilizar os trabalhadores e avaliou a situação como natural para o período. “Todo final de ano temos milhares de pessoas que são demitidas. No ano passado, só em dezembro, fizemos 3,7 mil rescisões no sindicato, fora aquelas que não são homologadas no sindicato porque o empregado teria menos de oito meses de serviços na empresa”, explica. Para o sindicalista, não é possível, neste momento, avaliar as dispensas nas indústrias como um reflexo da crise norte-americana. No entanto, ele fala com cautela à respeito do momento vivenciado pela Mariner. “Temos que levar em consideração que a Mariner pode estar agindo preventivamente, por não saber o que vai acontecer no próximo período”. Empresários francanos ouvidos pelo Comércio afirmam que a crise mundial ainda não afetou a indústria calçadista.

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