Sem vagas para dependentes


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TRABALHANDO - Mulheres internas da Amafem trabalham no corte de grama. Entidade atende 30 mulheres e conta com 50 na fila de espera
TRABALHANDO - Mulheres internas da Amafem trabalham no corte de grama. Entidade atende 30 mulheres e conta com 50 na fila de espera
Depois de chegar ao fundo do poço e reconhecer que precisa de ajuda para se livrar da dependência química, em Franca, usuários de drogas e álcool enfrentam um novo desafio: conseguir vaga em uma clínica de recuperação. Em quatro, das cinco entidades que oferecem este tipo de atendimento na cidade, há uma lista de espera de 227 pessoas. Destas, 50 são mulheres. A falta de recursos financeiros para ampliar o número de atendidos é o maior problema enfrentado pelas entidades. Apenas três das cadastradas na Prefeitura recebem subvenções. Em contra partida, elas têm de destinar 30% das vagas para pessoas carentes. É nesta fila que se encontram o maior número de dependentes químicos. A pior situação vive o Proreavi (Projeto de Restauração de Vidas). Sozinho, tem uma lista de espera de 165 homens. O número é alto porque a clínica atende apenas pessoas carentes - entre 12 e 72 anos - sem cobrança de mensalidades ou colaborações. Geralmente os internos passam por um acompanhamento psicológico e depois são transferidos para a fazenda de recuperação, no município de Ibiraci (MG), onde permanecem por um período de nove meses. A entidade quer ampliar o número de vagas de 31 para 46, mas, como não recebe subvenção do município, precisa de ajuda da comunidade na doação de móveis, colchões, contribuição em dinheiro e trabalho voluntário. "Estamos trabalhando muito para ampliar o atendimento, mas precisamos que a comunidade nos ajude", disse Eliana Justino, presidente da entidade. Já quando o assunto é a recuperação de mulheres, as dependentes carentes não têm outra alternativa a não ser buscar apoio na Amafem (Associação Mão Amiga de Amparo Feminino), única na região que atende mulher. A capacidade da entidade é abrigar 30 mulheres. Na fila de espera, estão mais de 50. A associação recebe R$ 36,4 mil por ano da Prefeitura - uma média de R$ 3 mil mensais - mas só as despesas das internas consomem R$ 21 mil por mês, sem contar os gastos com funcionários. Por conta dos custos, a entidade pede que cada interna colabore com, ao menos, um salário-mínimo por mês. A Amafem tem ainda seis vagas para mulheres que não podem contribuir. Nos dois casos, tanto para quem paga como para quem não tem recursos é preciso esperar. É essa espera a agonia de muitas famílias, como a da dona de casa Rosa Maria, 43. Sua filha Bárbara*, de 21 anos, é viciada em drogas, mas, nos momentos de lucidez, chora muito e pede ajuda. "Ela pede pelo amor de Deus para alguém ajudá-la. Fiz tudo que podia, corri atrás de muita gente, mas, sem vagas, fico de mãos atadas", disse Rosa. [FOTO2] PAGANDO, HÁ VAGAS Para quem tem recursos, não é preciso esperar. Na Comunidade Sagrada Família, que atende 24 homens entre 20 e 35 anos em uma chácara de reabilitação próximo ao município de Patrocínio Paulista, sobram vagas para os internos que colaboram com alimentos ou dinheiro. A entidade, assim como a Proreavi, não recebe subvenções do município, mas restringe o número de vagas a carentes. "Nós temos apenas cinco vagas sociais, mas estão todas preenchidas", explica Carlos Alberto, gerente da Sagrada Família. A lista de espera de carentes têm seis pessoas. Na Associação Narev (Núcleo de Apoio e Recuperação da Vida), a situação é idêntica. Sobram vagas em que os internos colaboram e faltam as sociais. A associação atende 62 homens. Destes, 42 colaboram com valores que vão de dois a cinco salários-mínimos por mês. Outros 20 internos ocupam as vagas sociais. Do lado de fora, seis aguardam que alguém tenha alta para iniciar o tratamento. No Hospital Allan Kardec, a clínica particular também tem vaga disponível, mas o custo do tratamento é alto: R$ 115 por dia. Os medicamentos, se necessário, são cobrados à parte. A Prefeitura não tem projetos para ampliar o atendimento social nas clínicas de recuperação, mas abre oportunidade para as que já existem de receberem subsídios. "Desde que apresentem projetos, estejam em dia com o INSS e tenham diretoria constituída, as entidades que não recebem estarão aptas a receber auxílio financeiro", disse Roberto Nunes Rocha, secretário de Ação Social.

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