Reconduzido ao cargo por uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no último sábado, o prefeito de Miguelópolis, Cristiano Barbosa Moura (PSDB), despachou, ontem pela manhã, da calçada da Prefeitura. Cristiano foi afastado na sexta-feira por ser acusado de desviar dinheiro público e comandar um esquema de fraudes nas licitações. Ele se recusou a entrar no Paço Municipal antes que uma perícia fosse realizada no prédio, o que ocorreu apenas no início da tarde.
O político acusa seu vice, Márcio Valério Junqueira (PR), de ter promovido o que qualificou de “baderna” na Prefeitura durante o período em que esteve no comando do Executivo Municipal. “Eles roubaram diversos documentos, como licitações, notas fiscais, contratos. Está uma bagunça (a prefeitura). Ainda não deu para tomar pé da situação, mas eu já mandei fazer um levantamento em todas as secretarias para saber o que aconteceu aqui durante a permanência dele (Márcio Junqueira) na prefeitura”, disse Cristiano.
Márcio Valério se defende. Diz que quem promoveu a baderna foi o próprio Cristiano, ao tentar retomar o comando da prefeitura ainda no sábado.
A troca de acusações envolvendo prefeito e vice começou na semana passada, quando, no dia 30 de abril, a Justiça de Miguelópolis acatou ação proposta por promotores do Gaerco (Grupo de Ação e Repressão Contra o Crime Organizado) interposta no dia 17 do mesmo mês. No documento, os promotores pediam o afastamento de Cristiano Moura do cargo após investigação sobre sua conduta no comando da prefeitura desde 2005.
O prefeito é alvo de um inquérito aberto pelo Ministério Público de Miguelópolis no qual responde a acusações de enriquecimento ilícito, prejuízo aos cofres públicos e atentado contra os princípios da administração pública.
Cristiano foi afastado no dia 30, mas seu vice, Márcio Junqueira, só tomou posse na sexta-feira, dia 2 de maio, ao meio-dia, por meio de um mandado de segurança, uma vez que o presidente da Câmara, Rodolfo Bueno Jorge (PSDB), teria se recusado a empossá-lo.
No sábado, às 14 horas, um dia após assumir a prefeitura, Márcio teve que deixar o cargo. Uma liminar devolveu o comando a Cristiano, que acusou o vice de sumir com documentos e bagunçar a prefeitura. Márcio rebate: “Os partidários (de Cristiano) invadiram a prefeitura e tentaram nos tirar à força. Para não ter um confronto direto, a gente saiu. Eles entraram e fizeram a maior arruaça e, agora, estão falando que fomos nós que fizemos isso”.
Sobre o sumiço dos documentos, o vice-prefeito disse que não retirou nada da prefeitura e que o que houve foi uma “apuração interna”. “Não sabia quanto tempo eu ficaria mas precisava me inteirar de como estava a situação da prefeitura se minha permanência fosse longa. Não retirei nada de lá”, disse.
Mesmo autorizado pela Justiça a retomar seu gabinete no sábado, Cristiano decidiu que só o faria depois que uma perícia fosse realizada pela Polícia Civil no local. No domingo, não trabalhou e ontem pela manhã despachou da calçada. Só entrou no Paço Municipal depois que a polícia deixou o prédio na tarde de ontem.
Cristiano Moura disse que permanecerá no cargo até que seu caso seja julgado. “Tem que ter uma ação pública. Ninguém é afastado do cargo sem poder se defender”, disse.
O promotor responsável pelas investigações do Gaerco não foi encontrado para comentar a liminar concedida pela Justiça.
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