Mulher aborta e esconde feto de 7 meses no guarda-roupa


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Uma ocorrência grave, cercada de divergências e ainda sem respostas para as principais indagações foi registrada pela Polícia Civil na madrugada de ontem. Uma mulher, grávida de sete meses, está sendo acusada por ter provocado aborto e por esconder o feto dentro do guarda-roupa. Para a Polícia, ela alegou ter usado um remédio para dores na coluna e que desconhecia sua gravidez. Um inquérito deverá ser instaurado na DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) para apurar a história. Na tarde de domingo, a vendedora GFT, 27, moradora no Centro, disse ter sofrido mais uma de suas crises de dores na coluna e tomou uma dose do medicamento Methergin, que, segundo ela, seria para o tratamento do seu problema de saúde. Na segunda-feira, logo pela manhã, ela teria passado mal e ido para o banheiro, onde constatou que estava com uma forte hemorragia vaginal. GFT contou que chegou a desmaiar e, quando acordou, percebeu que havia sofrido um aborto, mas disse que sequer sabia que estava grávida. Segundo as declarações da vendedora à Polícia, o feto estava no chão do banheiro e ela o pegou e o colocou dentro de uma sacola plástica. Em seguida, guardou-o dentro de uma gaveta no guarda-roupa de sua casa. Na terça-feira, ela ligou para uma amiga contando que estava com hemorragia e foi levada à Santa Casa. Diante da situação de um possível aborto provocado, o médico que atendeu a mulher acionou a Polícia. Em declarações aos policiais que compareceram ao hospital, a vendedora disse que havia perdido a criança e não sabia da gravidez. “Ela contou que estava com problemas na coluna e não tinha conhecimento de que esperava um filho. Ao ver que tinha perdido o bebê, colocou o feto numa sacola e depois o trancou no guarda-roupa. Fomos na casa da mulher na madrugada de quarta-feira e encontramos o feto do sexo feminino. Ele estava começando a se decompor”, disse o delegado Mário Murari. A reportagem do Comércio tentou insistentemente falar com os médicos plantonistas da Santa Casa que atenderam GFT, mas foi informada pela assessora de imprensa Lila Crespo que os profissionais falariam sobre o caso apenas nesta quinta-feira. Sendo assim, o Comércio consultou o médico ginecologista José Bernardes de Pádua, que atua na área há mais de 40 anos e é funcionário do Hospital Unimed, sobre a possibilidade de uma mulher ficar sete meses gerando um feto sem saber da gravidez. [FOTO2] Ele foi categórico quanto à impossibilidade de tal situação. “Não é possível de espécie alguma uma pessoa ficar tanto tempo sem notar uma gravidez. Existe a questão da menstruação e o crescimento da barriga, mesmo que pequena”, disse o profissional. Em fase de separação do marido, que está viajando, a vendedora teria escondido a gravidez de seus familiares. Segundo a mãe da acusada, a filha sofre de depressão e não contou para ninguém sobre tal situação. “Minha filha não está bem. Se ela errou, vai pagar pelo erro dela. Para mim, isso foi a maior surpresa do mundo. Nunca esperava isso. Ela vai pagar pelo erro dela sim e ninguém tem o direito de julgar”, disse ontem IDT, em entrevista à TV Record. O Comércio esteve duas vezes na casa de IDT na tarde de ontem, mas ninguém estava no local. A delegada Graciela de Lourdes Davi Ambrósio, titular da DDM, disse que vai instaurar inquérito para apurar as causas do aborto. Ela adiantou que o medicamento usado pela mulher não é indicado no tratamento de coluna. “Conversei com o médico legista. Esse medicamento é de uso exclusivo em ginecologia. Ele tanto pode provocar o aborto como ser utilizado na eliminação de resíduos no útero. O médico que fez a necropsia me disse que o feto nasceu com sinais de respiração. Ele afirma que a criança nasceu viva”, disse a delegada. Em caso de se confirmar um aborto provocado, a vendedora pode ser condenada a detenção de 1 a 3 anos; se ficar constatado um infanticídio, quando a mãe, sob o estado puerperal mata o próprio filho, a pena pode chegar a 6 anos. A delegada aguarda o restabelecimento da mulher, que está internada na Santa Casa, para obter mais informações sobre o caso.

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