Transas sem compromisso?


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Está-se fazendo sexo como nunca em Franca e no resto do País. E idade não é problema. Conversei com ginecologistas esta semana e eles me contaram que cresce o número de jovens do sexo feminino, entre 12 (!!!) e 18 anos que procuram os consultórios – normalmente acompanhadas pela mãe – com o objetivo de se preparar para a vida sexual. Segundo José Bernardes de Pádua, profissional dedicado à ginecologia e obstetrícia desde o final da década de 70, “a visita ao ginecologista está acontecendo cada vez mais cedo, muito próximo da menarca, a primeira menstruação. As mães querem prevenir a possibilidade de gravidez e, indiretamente, autorizam a filha a transar”. Ele afirma que nos últimos cinco anos, cresceu 25% o número de garotas de pouca idade que estão transando por transar, protegidas da gravidez mas não de doenças sexualmente transmissíveis “porque 30% dos meninos – ou homens feitos, que também fazem sexo com menores – não usam a camisinha de forma adequada, isso para não falar de todos os outros, que não usam nada e não estão nem aí para o resultado de suas transas” Urologistas que consultei disseram que a estatística de jovens do sexo masculino que procuram informação em consultório “beira a zero porque não há tradição neste sentido”. Os meninos simplesmente se lançam à prática sexual porque os amigos cobram, as meninas cobram, os costumes cobram. O médico infectologista e clínico geral, responsável pelo Ambulatório de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS de Franca, Antônio Jorge Salomão, confirma as informações. Analisei com ele estatísticas da incidência de aids e hepatites em jovens que têm entre 12 e 25 anos. Os resultados são alarmantes: há 77 casos constatados em Franca e nas cidades da região, 45 do sexo feminino e 32 do sexo masculino! Pela primeira vez na história da cidade, a relação entre incidência em homens e mulheres se inverte: há 1,4 mulheres infectadas contra 1 homem soropositivo, nesta faixa etária! E o que os dados mostram não pára por aí: dentre as mulheres, 24 são solteiras e 3 têm estado civil não declarado. Dentre os homens, 20 são solteiros e 5 não declararam seu estado civil. Portanto, são 27 mulheres e 25 homens em pleno vigor hormonal que, apesar de fazerem parte dos programas de aconselhamento do Ambulatório e ingerirem remédios específicos contra a aids, estão transando normalmente, na cidade e região. Podem estar preocupados em bloquear as possibilidades de contaminação usando camisinha ou estimular a que o parceiro use, mas será que contam que são soropositivos? Antônio Jorge diz que “camisinha bem colocada protege 100% o usuário” mas não contraria Pádua: “duas camisinhas uma sobre a outra ou má colocação produz desgaste da borracha ou facilidade de saída do pênis, com possibilidade de gravidez ou troca de vírus”. É isso. Os jovens entre 12 e 25 anos, principais freqüentadores das festas, raves e baladas que pululam em Franca, “protegidos” por pílulas ou injeções anticoncepcionais, mas não por camisinhas, estão se relacionando como nunca fizeram. Fazer sexo está mais do que na moda para quem acha que o prazer “não tem preço”. Os conscientes e bem orientados – e são poucos – sabem que o preço é alto sim. ALERTÍSSIMO! Soube de três jovens, uma mulher e dois rapazes, de idades que variam entre 24 e 27 anos, portadores há anos do vírus da aids, que não desenvolveram os sintomas da doença e não tomam remédios. São gente bonita, trabalham, aparentam ser absolutamente saudáveis e vivem vida normal freqüentando festas e se relacionamento sexualmente. VOCÊ SABE? Você sabe se é soropositivo? Ou se tem hepatite? A “C”, por exemplo, fica “incubada” por vários anos e não produz sintomas no organismo. Quando se manifesta o portador só se salva com transplante de fígado. Não havendo a possibilidade ou doador compatível, normalmente advém o óbito. O Ambulatório de DST/AIDS de Franca realiza exames gratuitos em pessoas a partir de... 12 anos! EDUCAR? O Dr. José Bernardes de Pádua me confidenciou que “os programas de educação sexual que as escolas realizam não ensinam adequadamente os meninos a colocarem camisinha no pênis”. Segundo ele, apesar do treinamento dos professores, há constrangimento em colocar o preservativo em bananas ou legumes ou mesmo em bonecos, na sala de aula. Ele disse que “apenas se houver uma parceria que leve médicos à sala de aula, o constrangimento desaparecerá”. E que o projeto poderia começar em Franca, pela aproximação da Secretaria da Educação, hospitais ou cooperativas de médicos. FRASE De um jovem freqüentador de raves, baladas e festas, em Franca: “Transar é muito bom, mas tem que ter responsabilidade”.

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