Calçados Samello completa um ano sem produzir


| Tempo de leitura: 2 min
Fábrica da Samello, parada há mais de um ano: prazo para retomada da produção foi adiado para janeiro de 2008
Fábrica da Samello, parada há mais de um ano: prazo para retomada da produção foi adiado para janeiro de 2008
A Samello completou, no último dia 16, um ano sem produzir um par de sapatos sequer. Neste período, teve seu processo de recuperação judicial aprovado, chegou a vender propriedades, pagar parte de sua dívida (que ultrapassa os R$ 90 milhões) e negociar algumas outras. Só não conseguiu retomar a produção. A paralisação das atividades ocorreu definitivamente em 16 de outubro de 2006 por falta de recursos para pagar os salários dos 400 funcionários. Na época, havia três folhas de pagamento em aberto. No dia 31 daquele mês, 117 foram dispensados. Poucos dias depois, os outros 283 tiveram o mesmo destino. As rescisões contratuais entraram no bolo da dívida e a maioria até hoje não foi paga. Esse, porém, foi apenas o desfecho da história. O declínio da Samello começou há mais de uma década, após o afastamento de Wilson e Oswaldo Sábio de Mello, respectivamente, em 1992 e 96. Ambos eram filhos do fundador, Miguel Sábio de Mello. Assim, o comando da empresa se pulverizou e passou às mãos da terceira geração da família. Problemas de relacionamento entre os herdeiros passaram a atrapalhar a condução da Samello. Ao ver que a crise se intensificava, em 2004, nova tentativa de reerguer a empresa foi feita, com a contratação do executivo paulistano Renato Furtado. Ele promoveu um enxugamento e conseguiu sensíveis avanços gerenciais, mas os problemas financeiros continuavam a avançar. Após 18 meses, Furtado foi demitido e o comando voltou para a família em janeiro de 2005. De lá para cá, porém, a crise se intensificou. Miguel Sábio de Mello Neto assumiu dizendo que não deixaria a Samello acabar. Passou a ter mais contato com os funcionários, fez novas demissões, mas não teve forças para evitar que a produção parasse em definitivo, fato inédito nos 80 anos de história da empresa. Mello Neto conseguiu, também, algumas vitórias. Aprovou, na Justiça, o plano de recuperação judicial, evitando a falência, e pagou, em setembro último, parte dos salários atrasados dos funcionários. Mas depende, ainda, da venda de imóveis do grupo para viabilizar o objetivo maior, a retomada da produção. “O que está em nossas mãos estamos fazendo. Minha família e eu não queremos o fim da Samello e vamos batalhar para voltar ao mercado. Aos poucos, mas vamos voltar”, disse. SÓ EM 2008 A previsão apresentada pela Samello em seu plano de recuperação judicial era de retomar a produção no segundo semestre deste ano. A expectativa era modesta em comparação a 2004, por exemplo, quando produziu 1,3 milhão de pares. A empresa produziria 181 mil pares, sendo 79 mil para exportação. Não deu. Segundo Mello Neto, houve a decisão, dele e da diretoria, de adiar o prazo de retomada (que custaria em torno de R$ 5 milhões) para janeiro de 2008. “Estamos pesando muito as decisões e concluimos que o início de 2008 será o prazo ideal para retomarmos”, disse.

Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.

Comentários

Comentários