O co-piloto do Airbus que colidiu com o prédio da TAM Express no último dia 17, em Congonhas, Henrique Stephanini di Sacco, sobrevoou e utilizou o aeroporto de Franca por pelo menos quatro meses.
Henrique era piloto de uma das aeronaves da Passaredo, única companhia aérea que atende Franca. A empresa tem apenas dois aviões. Um deles era comandado por Henrique até seu desligamento da empresa, em janeiro deste ano, quando foi contratado pela TAM. A assessoria de imprensa da Passaredo não informa o número de vôos que o piloto fez para a cidade, nem o número de tripulantes que tem em seu quadro de funcionários.
No período em que Henrique estava na empresa, ocorreu o maior incidente do aeroporto “Tenente Lund Presetto”, em 26 de agosto de 2006. Na época, o dia foi marcado por problemas. Por volta de 12h20, um dos pneus do avião modelo Brasília, da Embraer, que vinha de Brasília para Franca, estourou durante a aterrissagem.
O piloto conseguiu pousar sem grandes problemas. Mais tarde, em Franca, oito passageiros da Passaredo tomaram outro grande susto quando a aeronave que os levaria ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, sofreu uma pane técnica segundos antes de decolar. Técnicos avaliaram a aeronave, fizeram reparos e logo ela seguiu viagem. Para completar, no meio do caminho, o avião teve novos problemas, pousou em São José do Rio Preto e teve que voltar a Franca.
A reportagem do Comércio tentou descobrir quem eram os pilotos da aeronave que teve o problema, mas a Passaredo se recusou a passar a informação. A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária) disse não ter os dados e o Daesp (Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo) disse que precisaria de um tempo maior para checar em seus arquivos.
UMA PESSOA CONHECIDA
Funcionários do aeroporto e pilotos da cidade, que não quiseram se identificar, contam que o contato com o piloto era muito rápido, já que os vôos da Passaredo que passam por Franca são às 6h10 e 22h30.
Apesar de rápidos encontros, eles confirmam que Henrique era uma pessoa bastante extrovertida, simpática e sempre prestativo. “Eu lembro. A base dele era em Ribeirão, ele só passava por aqui. Ele era muito gente fina, gente boa, tomava café no aeroporto”, conta um funcionário.
“O período de maior contato foi quando os vôos de Ribeirão foram transferidos para cá, mas foi rápido, durou três meses, só lembramos que ele era muito gente boa”, disse um piloto.
A capacidade profissional também foi citada pelos colegas de trabalho francanos. Um deles considera muito difícil que o acidente tenha ocorrido por uma falha de Henrique. “Os dois pilotos eram muito competentes.” Uma outra funcionária lembra de uma certa ocasião em que o piloto teria levado pães de queijo para ela de presente.
Henrique, que tinha 53 anos, começou sua carreira na aviação civil no início dos anos 80, na extinta Transbrasil e permaneceu na empresa até 2001, quando a companhia aérea suspendeu as operações em todo o País.
Após a saída da Transbrasil, o piloto abriu uma distribuidora de água em Ribeirão Preto. O retorno à carreira de piloto se deu em 2006, quando se tornou funcionário da Passaredo e ficou lá até janeiro deste ano. Humberto teria mais de 14.700 horas de vôo e passou por uma checagem regulatória no dia 5 de junho passado.
Fale com o GCN/Sampi!
Tem alguma sugestão de pauta ou quer apontar uma correção?
Clique aqui e fale com nossos repórteres.