
O ataque ao Cemitério da Saudade, ocorrido há 13 dias, está esclarecido. Engana-se quem pensa que o autor é um vândalo ou um criminoso disposto a vender objetos de valor. Quem arrombou túmulos e tentou levar um caixão é ligado ao movimento gótico, ou seja, tem atração por coisas mórbidas e adora andar com roupas escuras.
O operador de injetora JPD, 23, sempre quis ter um caixão para descansar e dormir em casa nas horas de lazer. Como adquirir esse “acessório” em uma funerária não seria uma tarefa das mais fáceis, pois teria que apresentar um atestado de óbito, decidiu apelar: se encheu de coragem e foi procurar o objeto de desejo no cemitério.
O dia escolhido foi sábado, 11. Por volta da 1 hora, ele e a namorada escalaram os muros e tiveram acesso aos túmulos. Antes de colocar a idéia mórbida em prática, o casal degustou uma garrafa de vinho. “Não sabemos se usaram uma taça ou um crânio”, disse um policial.
Assim como alguns góticos, o acusado e sua namorada estão acostumados a freqüentar o cemitério. Usando roupas “estranhas”, sempre de preto e em meio às sepulturas, usam as lápides para ouvir músicas, conversar e há quem diga que até fazem sexo no local.
Segundo JPD, após ficar três horas no cemitério, pediu para sua namorada o esperar do lado de fora, pois iria procurar um caixão que estivesse abandonado em uma das caçambas existentes no local. Como não encontrou, arrombou duas sepulturas e em uma delas conseguiu o caixão que aparentava ser ideal ao seu peso e altura.
Depois de jogar a ossada fora, JPD e a namorada tentaram carregar o caixão até a rua Capitão Zeca de Paula, mas viram um carro e se assustaram, fugindo sem levar nada.
Ao amanhecer, funcionários do cemitério e populares se surpreenderam com o caixão em via pública e duas sepulturas danificadas. Além disso, faltava o crânio de um defunto. Um verdadeiro mistério começava a ser investigado pela Polícia Civil de Franca.
Dez dias depois, os agentes Lucas e Sérgio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) conseguiram descobrir os autores da façanha. “Suspeitávamos de góticos ou alguém ligado à magia negra, pois uma testemunha viu um casal usando roupas pretas no local. Intensificando as ações descobrimos o rapaz que confessou o crime. Ele nos disse que pretendia levar o caixão para sua casa onde passaria a dormir dentro dele”, disse o investigador Lucas.
Ainda na delegacia o acusado informou não ter levado nenhum osso que estava no caixão. Ele falou que empurrou a ossada para a sepultura e carregou apenas o caixão. “O rapaz disse que seu sonho de consumo era o caixão. Ele seria o único gótico a ter um, já usado, dentro de casa”.
Após ser ouvido na delegacia, o gótico foi liberado, mas ainda vai responder ao processo de vilipêndio de cadáver, crime que pode dar detenção e multa.
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